Especialistas em liberdade de expressão estão acusando o Google de apoiar as ações de deportação em massa do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) ao hospedar um app de reconhecimento facial para a identificação de imigrantes. A big tech se defende e afirma que o app só funciona em contas oficiais do governo.De acordo com matéria divulgada no site 404 Media nesta quinta-feira (13), o software Mobile Identify foi lançado no início de novembro na Play Store e é usado por agências policiais estaduais para verificar a situação de estrangeiros que vivem nos EUA. Após escanear o rosto dessas pessoas, o serviço fornece dados para informar aos agentes do ICE se elas devem ser detidas ou não.Escolhendo ladosO app de reconhecimento facial com IA Mobile Identify está disponível na loja oficial do Android. (Imagem: Google Play Store/Reprodução)Ao mesmo tempo em que disponibiliza o app de reconhecimento facial para operações dos agentes do ICE na loja oficial do Android, a gigante de Mountain View removeu da plataforma softwares que alertavam sobre a presença dos agentes, no mês passado. Um deles foi o Red Dot.Bloqueado também pela Apple na App Store, o aplicativo permitia que usuários compartilhassem dados sobre operações do órgão nas proximidades;Um porta-voz do Red Dot tratou a medida como “inequivocamente moral e eticamente errada”, ao comparar a exclusão do app com a disponibilidade do Mobile Identify;“É um caso claro e inaceitável de aplicação seletiva de suas políticas”, disse ele à reportagem, criticando as possíveis violações às normas da Play Store relacionadas ao reconhecimento facial com IA para a prisão de pessoas;A diretora do Projeto de Liberdade de Expressão do Centro para Democracia e Tecnologia, Kate Ruane, tem opinião semelhante, destacando que os alvos do ICE ficam mais vulneráveis com a medida.“Fornecer serviços de tecnologia para turbinar as operações do ICE enquanto bloqueia ferramentas que apoiam a responsabilidade dos oficiais do ICE é totalmente retrógrado”, comentou a especialista. Para ela, o app removido está protegido pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA e deve ser restaurado imediatamente.Joshua Aaron, criador do ICEBlock, outro app bloqueado pelo Google, acusou a gigante da tecnologia de escolher um lado. Para ele, a empresa continua a “colocar lucro e poder acima das pessoas”, usando o pretexto de manter os cidadãos seguros.Google se defendeEm nota à publicação, a big tech afirmou que o app Mobile Identify só funciona com contas oficiais do governo e não compartilha publicamente qualquer informação ou localização de pessoas. “A Play Store tem políticas robustas e, quando encontramos uma violação, agimos”, destacou a companhia.Anteriormente, a empresa havia declarado que a remoção do Red Dot e outros apps semelhantes foi motivada pela divulgação de localização de um “grupo vulnerável”, se referindo aos agentes do ICE. Ela também descartou qualquer influência de autoridades governamentais na decisão.Curtiu o conteúdo? Continue acompanhando o TecMundo e interaja com a gente nas redes sociais.