O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) se consolidou como um dos motores mais estáveis do mercado imobiliário brasileiro — e, cada vez mais, também desperta o interesse dos fundos imobiliários. Impulsionado pela ampliação das faixas de renda, por um orçamento robusto e por uma demanda estável, o segmento é centro das estratégias de algumas gestoras que buscam descorrelação com o cenário de juros. Nos últimos anos, diferentes casas vêm criando veículos que permitem ao investidor participar de forma mais direta do setor habitacional, seja financiando projetos enquadrados no programa, seja atuando como sócios das incorporadoras responsáveis pelos empreendimentos. O programa habitacional, em 2024, entregou 698 mil financiamentos, o maior volume em 11 anos. De recursos foram R$ 13,7 bilhões do governo federal, representando hoje metade de todas as unidades lançadas no mercado imobiliário brasileiro. A lógica de gestores é aproveitar um mercado de forte velocidade de vendas, financiado pela Caixa desde o início e que mantém desempenho resiliente mesmo em períodos de juros elevados.Leia Mais: A vez dos esquecidos? Santander mira FIIs que podem subir em 2ª onda de valorizaçãoEntre as novas iniciativas, está o MCMV11 (BRM Minha Casa Minha Vida III), fundo estruturado pela BRM Asset e coordenado por Itaú BBA e BTG Pactual. A gestora abriu oferta para captar R$ 250 milhões, destinados a um portfólio de mais de 25 projetos em parceria com incorporadoras regionais. A estrutura combina três formatos de investimento — permuta financeira, equity preferencial e equity puro — e prevê impacto direto em mais de seis mil moradias. O fundo é destinado a investidores qualificados e terá prazo de cinco anos, prorrogáveis por mais dois.“Estamos falando de quase 20 mil pessoas impactadas”, afirma Pedro Fernandes, CEO da BRM Asset. “É um segmento com vendas fortes e financiado pela Caixa desde o início, o que reduz riscos e contribui para o desenvolvimento urbano.”Fernandes também argumenta que o segmento econômico tem mostrado desempenho acima da média. “Se você olhar as construtoras listadas na bolsa, as que mais cresceram lucro nos últimos anos são justamente as focadas em habitação popular”, afirma. Ele lembra que ações dessas empresas tiveram alta superior a 80% em 12 meses recentes. “É uma tese descorrelacionada de juros: há subsídios e taxas de financiamento menores, o que mantém a demanda aquecida.”Já a RBR Asset tem presença consolidada sendo parceria de projetos no MCMV. A gestora já participou de mais de 30 projetos como sócia de incorporadoras em fundos de desenvolvimento. “A demanda é muito forte e o modelo funciona bem, mas o mercado ficou mais competitivo com o avanço de grandes players como Cury e Plano & Plano”, afirma Guilherme Antunes, sócio e gestor de crédito imobiliário.Nos fundos de crédito listados, a exposição atual da RBR ao MCMV é pequena, entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões, concentrada em operações específicas de antecipação e garantias complementares. “Incorporadoras que operam bem geram caixa todo mês. Elas precisam pouco de capital externo, então o espaço existe apenas em nichos menores”, completa Antunes.Já a Mérito Investimentos, gestora do MFII11, tem uma atuação mais concentrada. Segundo o CEO Alexandre Despontin, cerca de 60% da carteira de recebíveis do fundo está atrelada a projetos do Minha Casa Minha Vida. “A exposição ao MCMV garante resiliência mesmo em períodos de juros altos, porque o programa conta com subsídios e financiamentos acessíveis. Além disso, a criação da faixa 4, que atende imóveis de até R$ 500 mil, amplia o alcance do programa e deve manter o setor aquecido nos próximos anos”, afirma.Sobre os riscos, Despontin avalia que a atuação no MCMV requer um maior controle nos custos das obras, pois como o preço de venda é limitado. “Um excedente no custo de obras pode acarretar uma perda expressiva na margem líquida do projeto. Em relação às oportunidades, o modelo de repasse na planta, por exemplo, permite a construção de imóveis com menos exposição de caixa”, diz.Leia Mais: A vez dos esquecidos? Santander mira FIIs que podem subir em 2ª onda de valorizaçãoThe post Minha Casa, Minha Vida ganha espaço em FIIs e vira opção de diversificação; compensa? appeared first on InfoMoney.