Mancha solar tem surto de atividade e dispara jato de plasma canibal contra a Terra

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Na manhã desta terça-feira (11), às 7h04 (pelo horário de Brasília), o conjunto de manchas solares AR4274 produziu uma poderosa erupção X5.2 – a terceira explosão de potência máxima registrada desde domingo (9), causando quase instantaneamente um apagão de rádio R3 (forte) sobre o sul da África e lançando uma ejeção de massa coronal (CME) prevista para atingir a Terra nas próximas horas.Segundo a plataforma de monitoramento do clima espacial EarthSky.org, múltiplas CMEs originadas das recentes erupções dessa região estão viajando rumo ao planeta. Modelos indicam que elas podem se combinar em um “jato canibal” – quando uma ejeção mais rápida alcança outra mais lenta e se funde a ela, ampliando o impacto. Caso isso se confirme, a Terra poderá enfrentar uma tempestade geomagnética intensa, capaz de gerar auroras em latitudes mais baixas que o comum no norte do globo.O grupo de manchas solares AR4274 permanece em atividade, com sua terceira erupção do tipo X em três dias. Crédito: NOAA/GOESVamos entender:O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade;Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas na superfície, que representam concentrações de energia;À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em jatos de plasma (também chamados de “ejeção de massa coronal” – CME);As explosões são classificadas em um sistema de letras – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;A classe X denota os clarões de maior intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;Um X2 é duas vezes mais forte que um X1, um X3 é três vezes mais forte, e, assim, sucessivamente;Como o Sol dá uma volta em seu próprio eixo a cada 27 dias, as manchas solares desaparecem de vista por determinado período, voltando em seguida a ser visíveis para a Terra.Sol teve o dobro de explosões de um dia para o outroNas últimas 24 horas, o Sol manteve uma atividade excepcionalmente alta. Além da grande erupção de classe X, foram registradas duas explosões de classe M (moderadas) e 25 de classe C (menores), totalizando 28 eventos – o dobro do dia anterior. Apenas duas delas não tiveram origem no grupo AR4274, uma das regiões mais ativas da superfície solar neste momento.As duas CMEs de classe X lançadas por essa região no fim de semana devem se fundir e atingir a Terra nesta quarta-feira (12), podendo causar uma tempestade geomagnética de nível G3 – considerada forte em uma escala que vai de G1 a G5. Outras CMEs menores também estão a caminho e devem alcançar o planeta no sábado (15).Simulação computacional do Centro de Previsão do Clima Espacial (SWPC) da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA mostra as múltiplas ejeções de massa coronal em direção à Terra, que podem se combinar formando uma CME canibal. Crédito: NOAA/SWPC Tempestades geomagnéticas G3 podem provocar auroras em regiões onde normalmente não são vistas, mas seus efeitos vão além do espetáculo visual. Em sistemas de energia, podem ocorrer variações de tensão que exigem correções e acionam alarmes de proteção. Satélites em órbita baixa podem acumular carga em seus componentes, sofrer aumento do arrasto e precisar de ajustes de orientação para manter o funcionamento correto. Além disso, a navegação por satélite e a radionavegação de baixa frequência podem apresentar falhas intermitentes, enquanto comunicações por rádio HF podem ser interrompidas temporariamente.Especialistas alertam que a atividade solar deve continuar elevada, já que a região AR4274 segue voltada para a Terra e apresenta grande instabilidade magnética. Há 75% de chance de novas erupções de classe M e 40% de uma nova explosão de classe X nos próximos dois dias. A região AR4276 também pode contribuir com erupções menores conforme evolui.Leia mais:Erupções solares podem ser muito mais quentes do que se pensavaImagem de tirar o fôlego mostra estação espacial com erupção solar ao fundoJato de plasma solar canibal atinge a Terra e provoca show de aurorasSonda revela primeira imagem do campo magnético solar em movimentoA sonda Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA), tem viajado ao redor do Sol e, pela primeira vez, conseguiu uma imagem mais precisa da dinâmica nos polos, algo que ainda era limitado.Desde fevereiro de 2020, a espaçonave está viajando em elipses alongadas em torno do Sol. Em março deste ano, ela deixou o plano em que outras sondas orbitam a estrela para se ajustar em uma trajetória inclinada em 17 graus, com uma visão melhor para os polos, o que permitiu a análise de dados de fluxos de plasma e do campo magnético solar. Saiba mais aqui.O post Mancha solar tem surto de atividade e dispara jato de plasma canibal contra a Terra apareceu primeiro em Olhar Digital.