A arte popular que colore e identifica as embarcações amazônicas ganhou destaque no Espaço Sebrae, na Green Zone da COP30, neste sábado (15). O painel “Fazedores de Cultura, Guardiões da Floresta: mestres e ribeirinhos que mantêm o território vivo” reuniu abridores de letras, artistas que pintam nomes e desenhos em barcos com traços característicos da região. Mais tarde, o mestre Alessandro Abreu conduziu uma oficina de pintura para visitantes, que levaram para casa pequenas obras da arte ribeirinha produzidas ali mesmo.“Nossa luta é para manter viva a cultura ribeirinha, porque esse é o nosso maior desafio”, afirmou Donielson da Silva Leal, o Kekel, que pinta letras desde os 12 anos, quando ainda morava em Muaná, no Marajó. Hoje, com ateliê no distrito de Icoaraci, tem trabalhos espalhados por lojas de Belém e lembra que a paixão pelos rios e pelos barcos nasceu cedo. “Eu ficava admirando as embarcações passarem na minha frente. O meu mestre foi o barco”, disse, emocionado.Foto: Wesley SantosO município de Igarapé-Miri também levou seu mago das letras: José Fernandes, o Biduia, que há 25 anos borda nomes e símbolos nas embarcações que cruzam os rios do Pará. “Mantenho a minha arte no meu território, mas levo também para outros cantos do Brasil. E sempre volto para minha terra”, contou.Para Fernanda Martins, diretora do Instituto Letras que Flutuam, valorizar esses artistas é fortalecer toda a cadeia cultural e ambiental da Amazônia. “Manter esses mestres no território é também defender a natureza, cuidar da biodiversidade e gerar renda local”, destacou. A secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, representando o governo estadual, reforçou a potência simbólica e identitária do trabalho desses artistas. “Esse livro é a explosão estética do que nos identifica. São educadores da cultura e cuidadores da natureza”, afirmou.Foto: Wesley SantosSobre o livroNa próxima terça-feira (18), será lançado o livro “Letras que Flutuam”, na En-Zone, no Porto Futuro II. A publicação, com apoio do Sebrae, do Governo do Estado do Pará e da Caixa Econômica, reúne 240 páginas de fotografias e relatos que revelam o universo dos mestres que dão vida às embarcações amazônicas, uma tradição que começou nos anos 1930, quando a identificação dos barcos se tornou obrigatória e, desde então, transformou-se em linguagem estética, patrimônio cultural e poesia em movimento.O Sebrae na COP30Com estande de 400 m² instalado na Green Zone, o Sebrae transforma sua presença na COP30 em uma experiência imersiva inspirada na Amazônia e na diversidade do país. Além de vitrine viva de inovação e cultura, é um espaço de diálogo e network, com sala de reuniões, auditório e loja colaborativa de produtos da bioeconomia, conectando lideranças, investidores e empreendedores.De 10 a 21 de novembro, das 9h às 20h, a programação combina conteúdo, cultura e sensorialidade, com atrações como webséries e documentários exibidos no “PedaCine do Brasil”, apresentações culturais, degustações e harmonizações com ingredientes regionais. O Sebrae também montou a Zona do Empreendedorismo (En-Zone), no Parque Belém Porto Futuro, e trabalha em ativações urbanas e outros pontos de presença pela capital do Pará. Acompanhe a cobertura completa dos pequenos negócios na COP30 pela Agência Sebrae de Notícias.