Em um marco preocupante para a segurança digital, a Anthropic afirmou que seu assistente de inteligência artificial (IA) Claude foi usado por hackers chineses para conduzir uma campanha de ciberespionagem. Segundo o relatório da empresa, esse é o primeiro ataque conhecido “orquestrado por IA”.Claude teria sido usado em campanha de ciberespionagem (Imagem: Azulblue/Shutterstock)Como foi realizada a ciberespionagem com a IA da Anthropic?De acordo com a investigação da Anthropic, por volta de meados de setembro de 2025, um grupo chamado GTG-1002, que a empresa acredita ter ligação com o Estado chinês, começou a usar o Claude para atacar cerca de 30 organizações globais — incluindo empresas de tecnologia, instituições financeiras, indústrias químicas e agências governamentais;O que torna esse ataque especialmente alarmante é o alto grau de automação: a própria IA foi responsável por 80% a 90% das ações;Comandos foram dados para o Claude identificar bancos de dados valiosos, testar vulnerabilidades, gerar código explorável e extrair dados, com intervenção humana apenas em poucos momentos críticos;Os hackers conseguiram contornar os mecanismos de segurança do Claude “quebrando” o pedido malicioso em tarefas menores e aparentemente inocentes, e alegando que eram uma empresa legítima de “segurança defensiva” que só estava realizando testes;Apesar de o Claude ter “salvaguardas” para evitar uso malicioso, os invasores fizeram o jailbreak (uma espécie de “quebra” dessas barreiras) usando essa abordagem enganosa;A Anthropic admitiu ainda que, durante a operação, o Claude chegou a “alucinar” credenciais — por exemplo, afirmou ter extraído segredos que, na verdade, eram informações públicas.Anthropic divulgou informação em relatório (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)Leia mais:Claude.AI: como usar inteligência artificialClaude IA: 4 coisas que o chatbot pode fazer que o ChatGPT não consegueClaude ensina cachorro robô a agir sozinho em novo experimento da AnthropicPreocupaçãoEspecialistas ouvidos pelo The Guardian alertam que ataques como esse são potencialmente um ponto de inflexão no ciberespaço: usar IA para automatizar grande parte do ataque diminui muito a barreira técnica para hackers sofisticados.Em comentário para a Vox, Caleb Withers, autor de um relatório sobre segurança no Centro para uma Nova Segurança Americana (CNAS, na sigla em inglês), afirmou que esse tipo de operação, altamente autônoma por IA, deve se tornar cada vez mais comum conforme os sistemas evoluem.Quanto à atribuição, a Anthropic diz ter “alta confiança” de que o grupo GTG-1002 seja patrocinado pelo Estado chinês. A embaixada da China, porém, negou as acusações.Especialistas avaliam que ação se tornará cada vez mais comum à medida que as IAs evoluem (Imagem: PeopleImages/Shutterstock)O incidente reforça uma tendência crescente de operações cibernéticas chinesas sofisticadas, mencionando campanhas anteriores, como “Volt Typhoon” e “Salt Typhoon”, focadas em infraestrutura dos EUA e espionagem.Para a Anthropic, esse caso mostra que estamos entrando na era dos ataques realizados por agentes de IA — sistemas capazes não apenas de dar conselhos, mas de executar ações de forma quase autônoma.O post Como hackers usam IA em ciberespionagens apareceu primeiro em Olhar Digital.