O contexto da estreia de Toy Story nos anos 90 foi inusitado por si só, a começar pelo público do cinema. Quem lotou as salas fomos nós, “adultos”, que estávamos bem mais ansiosos do que as crianças pelos brinquedos que criavam vida quando ficavam sozinhos.Depois de 30 anos, a história continua presente no imaginário coletivo, e o faturamento da franquia segue crescendo mesmo com o passar das gerações. Agora, com Toy Story 5 previsto para chegar aos cinemas em 2026, a franquia reacende a velha curiosidade: como será que os personagens vão voltar dessa vez? Mas somente números não explicam um sucesso tão duradouro. O mais surpreendente é ver como a saga ainda conversa com públicos de idades diferentes, desde quem cresceu com Woody e Buzz até quem está conhecendo os personagens agora.Existe algo peculiar na forma como Toy Story evolui e se reinventa, incorporando a inteligência artificial e novos desafios e dilemas das relações humanas. E é nesse movimento que começamos a entender por que a história continua tão relevante emocionalmente.Quanto Toy Story rendeu ao longo dos anosQuando o primeiro filme estreou, em 1995, ninguém tinha visto nada parecido. A Pixar definiu um padrão que toda a indústria seguiria depois: o uso integral da computação gráfica, que marcou época pela estética e pela novidade absoluta. Basicamente, esse pioneirismo virou o coração da franquia, que melhorava o padrão técnico a cada novo capítulo. Iluminação mais realista, as roupas e os cabelos da Jessie, os vincos do Woody, os reflexos do Buzz, tudo evoluindo de forma perfeita.A rede de televisão internacional France24 lembrou que a Pixar “modernizou o RenderMan (software de renderização usado na franquia), aproximando ainda mais suas imagens animadas da realidade”. Essa frase resume bem o espírito da série: inovação constante, sempre com um propósito artístico.Aqui, a tecnologia cumpre dois papéis importantes: renova o impacto visual da franquia, melhorando a experiência do público, e mantém a marca atualizada. Quando a Pixar entrega algo tecnicamente impressionante, ela reforça o prestígio da série, e isso impulsiona o faturamento de Toy Story naturalmente.Evolução das cifras: FilmeAnoBilheteria MundialToy Story1995US$ 394,4 milhõesToy Story 21999US$ 497,3 milhõesToy Story 32010US$ 1,066 bilhãoToy Story 42019US$ 1,073 bilhão(Fontes: Box Office Mojo e The Numbers)Personagens que atravessam geraçõesNenhuma história se mantém forte por tanto tempo só com efeitos visuais. No caso de Toy Story, a grande sacada é tocar as pessoas pelos sentimentos reais dos personagens, muitas vezes inseguros, vulneráveis, e sempre humanos.Enquanto Woody tem medo de perder o seu espaço, Buzz enfrenta a frustração de descobrir que não é quem imaginava, e Jessie precisa aprender a lidar com o abandono. E no quarto filme, Forky deixa as coisas ainda mais complexas ao questionar o próprio propósito de existir. Tudo isso pode parecer simples quando falamos de um “filme infantil”, mas na verdade são temas universais, que atingem diferentes idades.Críticos da Vox, New York Times (NYT) e BBC Culture já apontaram que a força da franquia está nessa combinação: emoções profundas dentro de uma história leve. Isso consegue levar para o mesmo plano emocional o universo adulto, que reencontra suas memórias, e o das crianças, que estão começando a criar suas conexões do zero.Do ponto de vista comercial, essa mistura também movimenta o mercado. Isso porque, quando uma marca desperta afeto legítimo, ela cria um ciclo de interesse contínuo, com novos filmes, novos fãs, mais produtos, e assim por diante.A estratégia que mantém Toy Story vivoA estratégia da Pixar ajuda a explicar por que Toy Story continua relevante depois de tantos anos.Ao invés de correr para lançar um filme atrás do outro, o estúdio fez longos intervalos entre as estreias, dando tempo para cada história respirar. O segundo filme chegou quatro anos depois do primeiro (1999); já Toy Story 3 demorou mais de dez anos (2010), e o quarto veio quase nove anos depois (2019). Cada retorno às telas trouxe aquela sensação de reencontro, sem desgaste.Depois da fusão com a Disney, o universo da série ficou ainda maior. Os personagens passaram a ter espaços em parques temáticos, coleções exclusivas, brinquedos, jogos e curtas animados. Tudo isso faz com que a franquia não desapareça, mesmo sem um novo filme.É por isso que Toy Story virou um ativo de longo prazo, pois ela não depende só de cinema. Existe uma cadeia inteira de experiências que continuam chamando atenção e movimentando dinheiro entre um lançamento e outro.Toy Story em números e motivos de sucesso Mais de US$ US$ 3,03 bilhões em bilheteria: os quatro filmes somam uma das maiores arrecadações da história das animações, segundo Box Office Mojo e The Numbers. US$ 2,4 bilhões em produtos só no Toy Story 3: estimativa de varejo registrada pela Reuters, mostrando a força do licenciamento. Presença global constante: parques temáticos, itens de coleção, videogames e relançamentos mantêm a marca viva entre gerações. Evolução tecnológica contínua: a cada lançamento, a Pixar aproximava mais suas imagens animadas da realidade. Personagens que criam vínculo real: Woody, Buzz, Jessie e companhia carregam temas universais (pertencimento, amizade, propósito) que falam com adultos e crianças. Espaçamento estratégico entre os lançamentos: filmes chegam com anos de intervalo, evitando desgaste e criando expectativa. Força do Ecossistema Disney: mesmo sem filme novo, a marca segue viva em parques, atrações, lojas, séries e produtos.O faturamento de Toy Story só confirma algo que muita gente sente: quando uma história conversa de verdade com o público, o tempo vira aliado. Além de ter crescido junto com a gente, a saga nos traz de volta a pureza e o conforto de brincar, pertencer e cuidar. Talvez seja este mesmo o seu maior segredo.The post Faturamento de Toy Story: como a franquia de 30 anos virou um fenômeno bilionário appeared first on InfoMoney.