Safra de café trava em portos e causa prejuízos milionários

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Pronta para ser exportada, a nova safra de café tem, literalmente, encalhado nos portos. Levantamento ao qual a coluna teve acesso mostra que, só no mês de setembro, 939 mil sacas não foram embarcadas, o que equivale a 2.848 contêineres. Os prejuízos só com a armazenagem extra por conta do esgotamento da estrutura portuária chega a R$ 9 milhões. Leia também Dinheiro e Negócios Tecon 10: as polêmicas do leilão bilionário do maior terminal de contêiner do país Dinheiro e Negócios LiuGong: condenada por fraudar licitação, chinesa dribla punição e fecha novos contratos De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o não embarque das sacas impediu que o país recebesse US$ 348,29 milhões, o que equivale a cerca de R$ 1,869 bilhão.Ainda em setembro, 57% dos navios destinados ao transporte de café, o que equivale a 202 de um total de 355 embarcações, registraram atrasos ou alterações de escalas nos principais portos do país.A situação é ainda mais crítica no Porto de Santos, responsável por 79,3% dos embarques de café no país, onde o índice de atrasos chegou a 758%, o que envolveu 139 do total de 185 porta-contêineres. O tempo mais longo de espera foi de 35 dias no embarcadouro santista.O complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com 16,9% de participação nos embarques entre janeiro e setembro de 2025, teve índice de atrasos de 44% em setembro. O maior tempo de espera foi de 63 dias. Esse percentual indica que 42 dos 95 navios destinados às remessas do produto sofreram alteração de escalas.Os dados embasaram um comunicado público do Cecafé e da Associação Logística Brasil cobrando agilidade no leilão do Tecon Santos 10, com ampla participação, sem restrições de interessados. Uma das preocupações é a judicialização do processo, o que retardaria ainda mais a realização do certame.PolêmicasComo mostrou a coluna, com o investimento estimado em R$ 6 bilhões, o leilão do maior terminal de contêineres do Brasil, no Porto de Santos, está crivado de polêmicas desde que o governo, por meio da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), anunciou o modelo que seria adotado no certame.Com o argumento de evitar a concentração de mercado, o edital limita a participação das empresas que já atuam no porto. A proposta determina que o leilão seja feito em duas fases, impedindo que os operadores que já estão instalados no porto participem da primeira rodada.A análise do edital está no Tribunal de Contas da União (TCU), sob relatoria do ministro Antonio Anastasia. A expectativa é de que o assunto esteja na pauta na próxima semana, dia 18 de novembro. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), já afirmou que vai respeitar a recomendação da Corte.