Vale salta 30% no ano e mercado espera por mais: VALE3 reconquistou os investidores?

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A Vale (VALE3) reconquistou de vez a confiança do mercado? Os últimos passos da mineradora, cujas ações sobem quase 30% em 2025 (mais precisamente, 28,59% até o fechamento de 10 de novembro na B3 e 39% em dólares), indicam que sim. O último balanço , do terceiro trimestre de 2025 (3T25), trouxe boas notícias para os investidores, com resultado operacional sólido, forte contribuição de sua divisão de minério de ferro e refletindo a flexibilidade da empresa. Além disso, trouxe sinalizações de que em breve a Vale pode anunciar dividendos extraordinários.Com base nos resultados, o Bradesco BBI revisou suas estimativas e ressaltou que as ações da mineradora têm mais potencial de crescimento, mantendo assim recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e com preço-alvo de US$ 15 para os ADRs (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) para 2026, ou potencial de alta de 22% em relação ao fechamento da véspera. “Com as ações da Vale subindo 39% no acumulado do ano em dólares — bem acima do ganho médio de 15% entre seus pares internacionais (ou +49% contra +23% em retornos totais) — os investidores agora debatem se é hora de realizar lucros, principalmente porque estamos entrando em um período sazonalmente mais fraco para a demanda de minério de ferro. No entanto, mantemos nossa recomendação, considerando os níveis atuais um ponto de entrada atraente”, apontam os analistas do BBI.Leia também:Confira o calendário de resultados do 3º trimestre de 2025 da Bolsa brasileiraTemporada de balanços do 3T25 ganha destaque: veja ações e setores para ficar de olhoEles acreditam que o forte desempenho reflete a crescente confiança dos investidores na nova equipe de gestão, que vem construindo um sólido histórico de execução e disciplina de capital. Para a equipe de análise do banco, as ações continuam sendo negociadas com um grande desconto em relação aos seus pares (rendimento de FCF, ou fluxo de caixa livre, estimado para 2026 de 10,5% contra 5,2%), enquanto a projeção de Ebitda (ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 2026-2027 aponta para um potencial de alta superior a 5% em relação ao consenso.Remuneração sólida à frenteEmbora ainda vejam alguns investidores questionando a capacidade da Vale de manter uma remuneração sólida para os acionistas no futuro, os analistas do BBI acreditam que isso continuará sendo uma prioridade fundamental para a administração. Durante a teleconferência da Vale sobre os resultados do 3º trimestre de 2025, o diretor financeiro, Marcelo Bacci, observou que, com os preços do minério de ferro acima de US$ 100 a tonelada (t), a dívida líquida expandida deverá convergir para o ponto médio da meta (US$ 15 bilhões) no curto prazo, criando capacidade adicional para aumentar os retornos aos acionistas, mesmo após a recompra de aproximadamente US$ 700 milhões em debêntures participativas. Embora a dívida líquida expandida da Vale deva permanecer ligeiramente acima do limite de US$ 15 bilhões, considerando a estimativa do BBI de US$ 105/t para o minério de ferro no 4º trimestre de 2025, a administração ainda poderá anunciar dividendos extraordinários antes de atingir esse patamar.Leia tambémIbovespa Hoje Ao Vivo: Confira o que movimenta Bolsa, Dólar e Juros nesta terçaÍndices futuros dos EUA operam sem força ” Com base em distribuições anteriores, estimamos que a empresa poderá anunciar entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão no 4º trimestre de 2025 (rendimento de 1% a 2%), mantendo sua dívida líquida expandida abaixo de US$ 17 bilhões. Olhando para 2026, com base em nossa estimativa de Ebitda de US$ 16,9 bilhões, vemos espaço para a empresa pagar US$ 3,5 bilhões em dividendos mínimos, o que implica um rendimento de dividendos de 6,7%”, aponta. Enquanto isso, também esperam que a dívida líquida expandida da empresa atinja US$ 13,2 bilhões no final de 2026 (minério de ferro a US$ 100/t), criando espaço para US$ 1,8 bilhão em retornos extraordinários (rendimento de 3,4%), elevando o rendimento total de dividendos para 10,1%.O banco pondera que há um debate entre otimistas versus pessimistas sobre a Vale. Os otimistas ressaltam que: (i) A demanda chinesa por minério de ferro permanece em níveis sólidos, e qualquer desaceleração adicional provavelmente será compensada pelo crescimento da demanda do Sudeste Asiático; (ii) A trajetória da Vale melhorou nos últimos trimestres, e a empresa parece preparada para entregar uma combinação de crescimento da produção, custos/capex (investimentos em capital) mais baixos e geração sólida de fluxo de caixa livre nos próximos anos; (iii) A Vale mantém uma estrutura de alocação de capital clara e disciplinada, com menores necessidades de capex e fluxo de caixa livre recorrente mais forte em comparação com seus pares internacionais; (iv) A Vale tem apresentado melhorias consistentes em sua divisão de Metais Básicos, mas iniciativas adicionais de autossustentabilidade e as perspectivas de crescimento do cobre ainda não estão precificadas. Já os pessimistas consideram que: (i) a economia chinesa pode ainda não refletir totalmente os efeitos da escalada da guerra comercial. Isso, combinado com o enfraquecimento do setor imobiliário e o esperado aumento da oferta de minério de ferro em 2026 (por exemplo, Simandou), sustenta uma visão pessimista sobre os preços do minério de ferro; (ii) os preços do minério de ferro permanecem bem acima da curva de custo marginal (US$ 90-95/t), e novas medidas econômicas na China provavelmente não alterarão a perspectiva de preços no médio prazo; (iii) a Vale negociando com um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) em torno de 10%, com preços do minério de ferro a US$ 100/t, não oferece um bom perfil de risco-retorno — os rendimentos podem cair para um dígito médio se os preços do minério de ferro subirem. (iv) algumas incertezas, incluindo as reivindicações do Reino Unido e a concessão ferroviária, podem representar riscos de queda no desempenho a curto prazo.Visão construtivaO BBI, por sua vez, tem uma visão construtiva para o minério de ferro. O banco aponta que, mais uma vez, os preços surpreenderam positivamente em 2025. O desempenho superior foi impulsionado principalmente pelos fundamentos sólidos da demanda, com a produção de ferro-gusa na China permanecendo resiliente apesar da queda nos níveis de produção de aço bruto — uma tendência que espera que persista nos próximos trimestres. Do lado da oferta, persistem as preocupações em torno do projeto Simandou, mas continua a prever um aumento gradual da produção, com apenas cerca de 20 milhões de toneladas entrando no mercado em 2026.“Embora reconheçamos que os preços do minério de ferro possam enfrentar pressão adicional no curto prazo, à medida que a China entra em um período de atividade sazonal mais moderada, mantemos nossa visão de que os preços têm pouco espaço para cair abaixo da marca de US$ 100/t. Dito isso, mantemos nossa previsão de preço do minério de ferro em US$ 100/t para 2026 e preços de longo prazo em US$ 95/t (em termos reais)”, reforça. Além disso, a nova equipe de gestão da Vale estabeleceu um sólido histórico operacional nos últimos trimestres, atingindo níveis de produção recordes em vários anos e mantendo-se em um ritmo favorável para alcançar o limite superior de sua projeção de produção para 2025, segundo o BBI. O sólido desempenho da empresa é sustentado por volumes mais fortes do sistema S11D e pelo aumento da contribuição dos sistemas Sul e Sudeste — refletindo a expansão contínua de Vargem Grande e Capanema — parcialmente compensado pelo desempenho mais fraco em Serra Norte. Enquanto isso, em resposta às condições cada vez mais desafiadoras do mercado de pelotas, a Vale redirecionou estrategicamente a produção para finos, realocando-se para a produção de minério de ferro.Por sinal, a nova estratégia comercial já está produzindo resultados importantes. O BBI ressalta que a empresa deixou de se concentrar na produção da mais alta qualidade possível e passou a adotar uma abordagem mais centrada no cliente, adaptando sua produção para atender às necessidades específicas de cada cliente. Como resultado, a Vale desenvolveu novos produtos de qualidade média em Carajás, o que se traduziu em benefícios imediatos para a empresa, com os prêmios para esses minérios de qualidade média (incluindo o carro-chefe BRBF, Brazilian Blend, uma mistura que equilibra custo e qualidade) aumentando em cerca de US$ 3/t em relação aos níveis do ano anterior, o que se traduz em ganhos de Ebitda anualizados de aproximadamente US$ 750 milhões. “Olhando para o futuro, embora reconheçamos que os prêmios também dependam em grande parte da evolução das margens das siderúrgicas, esperamos que a Vale continue se beneficiando dessa abordagem mais flexível”, reforça. O JPMorgan, em análise recente, também apontou que a estratégia da Vale, de aprimorar suas misturas, pode ser um ponto forte para a companhia em relação aos seus pares. “Em um mercado que se ajusta a minérios de menor qualidade, a Vale está posicionada para se beneficiar de um mix de produtos relativamente mais forte e de preços realizados melhores”, apontam os analistas.O banco americano mantém recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para a Vale. “A próxima revisão do benchmark, combinada com a gradual queda na qualidade do minério australiano e a redução contínua da sílica pela Vale, aponta para uma perspectiva de melhoria nos preços realizados da Vale”, avalia.Também após os resultados, o Safra introduziu um novo preço-alvo para a Vale, de US$ 11,50 para US$ 13,20 por ADR para 2026, com recomendação de compra para os ativos. O banco também destacou que a ação está atrativa comparada a seus pares australianos, além de ter elevado as suas estimativas para o Ebitda  para refletir uma melhora mais ampla nos preços das commodities.O Safra elevou as projeções do lucro operacional para a Vale para US$ 16,6 bilhões em 2026 (+8%) e US$ 16,7 bilhões em 2027 (+11%), refletindo melhor desempenho de custos e preços de commodities mais fortes em minério de ferro e metais para transição energética.Cabe destacar que, antes mesmo da divulgação do balanço, no fim de outubro, o BTG Pactual elevou a recomendação para as ações de neutra para compra, cerca de oito meses após tê-las rebaixado em março. O preço-alvo para as ADRs da companhia subiu de US$ 11 para US$ 15.O banco destacou que, em março de 2024, quando foi o papel foi rebaixado, apontava conflito no conselho, desempenho operacional fraco, interferência governamental elevada, pendências de Brumadinho e Samarco e dúvidas sobre a trajetória do minério de ferro. De lá para cá, explica, o papel ficou para trás do mercado, mas acumulou recuperação de 22% em reais, com preços do minério bem acima do previsto e por resultados internos melhores que o esperado.Para os analistas, a história microeconômica (da gestão da empresa) surpreendeu positivamente, com disciplina de capital e agenda de eficiência. “Ainda sentimos que esta é uma tese com baixa alocação nas carteiras, embora tenha havido alguma recompra de short sellers (parte do mercado que apostava na queda) e compras tímidas de alguns investidores. Apesar do risco de ser uma revisão tardia, acreditamos que o cenário para os próximos trimestres é favorável”, avaliou na ocasião.O início de produção de Simandou continua sendo o principal risco para a tese, avalia, mas os analistas ganharam confiança de que ele não deve comprometer a estabilidade dos preços na faixa de US$ 95–105/t. Além disso, embora os dividendos extraordinários no curto prazo devam ser modestos (1–2% de yield adicional), devem ganhar tração nos próximos trimestres/anos. De acordo com compilação feita por analistas consultados pela Reuters, a maior parte dos analistas está otimista com os ADRs da Vale, com 9 recomendações de compra, ainda que 6 casas tenham visão neutra para os ativos. Contudo, a visão de dias melhores tem aumentado: em setembro, a visão era dividida: 8 casas recomendavam compra e 8 recomendavam manutenção dos papéis. Enquanto isso, não houve recomendação de venda em nenhum dos períodos. The post Vale salta 30% no ano e mercado espera por mais: VALE3 reconquistou os investidores? appeared first on InfoMoney.