O Banco Central voltou a destacar sua preocupação com a trajetória da inflação na divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta terça-feira (11).No documento, a autoridade monetária afirmou que o cenário prospectivo da inflação continua desafiador, tanto por fatores externos quanto pela situação da economia doméstica.“As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes seguiram trajetória de declínio, mas permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes”, diz a ata.Segundo o Banco Central, a queda das expectativas ocorre principalmente nos horizontes mais curtos, mas agora também se observa movimento em prazos mais longos, com expectativas desancoradas.Além disso, a inflação de serviços mostrou algum arrefecimento, mas continua resistente, refletindo um mercado de trabalho dinâmico e uma atividade econômica em moderação gradual.O BC reforçou que manterá a política monetária em patamar significativamente contracionista por um período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta. Na semana passada, o Copom manteve a taxa Selic em 15% ao ano pela terceira reunião seguida.SAIBA MAIS: O Money Times reuniu as recomendações de mais de 20 bancos e corretoras em um conteúdo gratuito e completo para você investir melhor.Ata do Copom: Confira o que está mantendo a Selic em 15%Cenário externoO Banco Central destaca que o ambiente externo ainda é incerto devido à conjuntura e à política econômica dos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais.“Os riscos de longo prazo, como a política comercial norte-americana, a precificação apropriada de fundamentos e a elevação de gastos fiscais em vários países, se mantêm presentes”, diz a ata.A autoridade monetária observa que negociações comerciais entre Brasil e EUA e a condução da política monetária americana durante o government shutdown aumentam a dificuldade de avaliar a conjuntura atual.Economia brasileiraNo cenário doméstico, os indicadores mostram, como esperado, moderação no crescimento econômico, mas o mercado de trabalho ainda é dinâmico.O BC afirma que a política fiscal tem efeito de curto prazo, principalmente estimulando a demanda agregada, e efeito estrutural, que pode impactar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e o prêmio a termo da curva de juros.O Comitê reforçou que a redução de reformas estruturais, aumento do crédito direcionado e incertezas sobre a dívida pública podem elevar a taxa de juros neutra da economia, prejudicando a eficácia da política monetária e aumentando o custo da desinflação.O Copom mantém a convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas. “Uma política fiscal que atue de forma contracíclica e contribua para a redução do prêmio de risco favorece a convergência da inflação à meta”, diz.O BC também observa que a valorização do câmbio está relacionada parcialmente ao diferencial de juros e à depreciação do dólar frente a outras moedas.LEIA TAMBÉM: Quer saber onde investir com mais segurança? Confira as recomendações exclusivas do BTG Pactual liberadas como cortesia do Money TimesInflaçãoSegundo o BC, a inflação cheia e suas medidas subjacentes mostraram algum arrefecimento, mas continuam acima da meta. O Comitê concluiu que, em um cenário de expectativas desancoradas, é necessário manter uma política monetária mais restritiva por mais tempo.“A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida.”A leitura recente da inflação indica uma dinâmica mais favorável do que se previa no início do ano. O câmbio mais apreciado e o comportamento mais benigno das commodities reduziram a inflação de bens industrializados e alimentos.A inflação de serviços também apresentou algum arrefecimento, mas continua resistente, acompanhando o mercado de trabalho e a moderação gradual da atividade. Mantém-se a necessidade de política monetária contracionista por período prolongado.No cenário de referência, as projeções de inflação acumulada em quatro trimestres para 2025 e 2026 são, respectivamente, 4,6% e 3,6%. Para o horizonte relevante de política monetária (2º trimestre de 2027), a projeção com base na pesquisa Focus permanece acima da meta, em 3,3%.Quanto aos riscos, o cenário de maior incerteza apresenta mais volatilidade do que o usual, tanto para alta quanto para baixa da inflação.Riscos de alta:Desancoragem das expectativas por período prolongado;Inflação de serviços mais resiliente que o previsto;Conjuntura de políticas econômicas externas e internas com impacto inflacionário maior, como câmbio persistente mais depreciado.Riscos de baixa:Desaceleração econômica doméstica mais forte que o projetado;Desaceleração global devido a choques comerciais e maior incerteza;Redução nos preços das commodities, com efeito desinflacionário.