Todos os anos, o jantar Women in Tech da Web Summit é, para mim, um dos momentos mais inspiradores da conferência. Mais do que uma celebração, é uma homenagem às mulheres que estão a transformar o setor tecnológico em várias partes do mundo. Este ano, tive o privilégio de representar a sheerME duplamente: como mulher fundadora em Portugal e como líder de uma empresa que é também um caso de sucesso no Brasil. Ver a nossa marca presente nestes dois ecossistemas é um sinal do impacto crescente das mulheres na tecnologia.Conhecer outras mulheres que lideram as suas empresas num setor ainda dominado por homens é sempre uma experiência enriquecedora. Estes encontros lembram-nos de que não estamos sozinhas e de que o apoio mútuo faz toda a diferença. É nestas alturas que se constroem redes sólidas, novas sinergias e oportunidades de colaboração, bases cruciais para o crescimento do ecossistema.Como fundadora e profissional numa área tecnológica, reconheço que um dos principais desafios é a escassez de mulheres no ecossistema de investimento. Se houvesse mais mulheres investidoras, haveria mais empatia e compreensão no processo de captação de capital. No campo do desenvolvimento tecnológico, a realidade também mostra um ambiente predominantemente masculino, o que reforça a importância de continuarmos a dar visibilidade e espaço às mulheres que escolhem este caminho.Ainda assim, vejo uma evolução muito positiva. Em Portugal, já somos mais de 22,7% de mulheres a trabalhar em TIC, quando há poucos anos essa percentagem estava abaixo dos 20% (Eurostat). No Brasil, quase metade do empreendedorismo é feminino (Global Entrepreneurship Monitor), o que se refletiu na Web Summit Rio 2024, onde 45% das startups participantes eram fundadas por mulheres, o número mais alto de sempre. Cada conquista é um passo na construção de um setor mais equilibrado e diverso.As empresas, especialmente as startups, têm um papel essencial nesta transformação. Tudo começa no momento da contratação – é preciso testar o potencial, oferecer oportunidades reais e não assumir limitações antes de ver o resultado.Ao longo do meu percurso, percebi que atitudes vistas como firmes e assertivas num homem são consideradas emocionais quando partem de uma mulher. É um estereótipo que precisamos desconstruir. A necessidade de estarmos continuamente a ter de provar o nosso valor é cansativa, mas é através do exemplo e da consistência que se mudam mentalidades.Na sheerME, encontro todos os dias a motivação para continuar. Ver profissionais que antes trabalhavam de forma analógica a gerirem hoje o seu negócio digitalmente, com mais clientes e autonomia, é a prova de que a tecnologia e o impacto humano podem andar de mãos dadas.A diversidade é um dos pilares desse impacto. Quando integramos diferentes perspetivas, ampliamos a forma como entendemos o mundo e criamos soluções mais empáticas e eficazes. Equipas diversas produzem inovação real, porque refletem a complexidade e a pluralidade do público que servem.Ainda há um longo caminho a percorrer. Precisamos de medidas concretas que promovam a inclusão no ecossistema tecnológico: maior acesso à educação, incentivos à contratação de mulheres e programas de apoio a fundadoras que queiram transformar as suas ideias em startups.E é aqui que iniciativas como o programa Women in Tech da Web Summit, que apoia milhares de mulheres em tecnologia e empreendedorismo, têm impacto, criando oportunidades de networking, mentoria e visibilidade, e dando palco a fundadoras, executivas e especialistas que inspiram novas gerações. Participo no programa desde o seu início, há seis anos, e poder testemunhar o seu crescimento é uma honra e uma inspiração.Celebrar mulheres na tecnologia é mais do que um gesto simbólico. É um compromisso com o futuro. Um futuro no qual o talento fala mais alto do que qualquer preconceito e em que a presença feminina deixa de ser exceção para tornar-se a norma.O conteúdo O algoritmo da mudança começa com as mulheres na tecnologia aparece primeiro em Revista Líder.