Quem nunca se encantou com a facilidade de pedir comida em poucos cliques, resolver uma mudança de casa sem sair do sofá ou assistir a um filme na hora que quiser? A vida digital nos acostumou à ideia de que tudo pode estar ao alcance das nossas mãos. As plataformas digitais transformaram a maneira como vivemos, trabalhamos e consumimos, simplificando processos antes longos e burocráticos, tornando o cotidiano mais eficiente. A tecnologia deixou de ser um luxo e passou a ser infraestrutura do cotidiano: a base invisível que conecta pessoas e serviços, impulsionando a inovação que transforma a forma como vivemos e fazemos negócios.Mas toda transformação traz desconforto. À medida que a tecnologia substitui burocracias e cria novas relações, também desafia regulamentações concebidas para um mundo analógico. E é nesse ponto que nascem as maiores tensões entre inovação e tradição.As plataformas digitais surgiram como o maior símbolo dessa transição. Elas deixaram de atuar em nichos isolados e se tornaram ecossistemas multissetoriais, capazes de conectar, num mesmo espaço, diferentes agentes econômicos e sociais: empresas, profissionais autônomos, prestadores de serviço e consumidores. O que antes era uma relação linear e hierárquica (entre quem oferecia e quem demandava) tornou-se uma rede viva de colaboração, onde múltiplos interesses coexistem e se equilibram.Tais plataformas reduzem fricções, geram confiança e oferecem eficiência a todos os participantes. Nesse tipo de modelo, as taxas cobradas pelos serviços digitais não são “adicionais”: elas sustentam a própria existência da experiência digital, remunerando os investimentos que tornam possível operar em escala, com segurança, transparência e qualidade.Fazer isso custa caro. Por trás de cada experiência simples há uma estrutura complexa de tecnologia, atendimento, segurança da informação e conformidade regulatória.Mas os consumidores já entenderam esse valor. Essa mudança de mentalidade já se reflete na forma como as pessoas consomem. De acordo com a Pesquisa de Assinaturas 2025, realizada pela Opinion Box, em parceria com a Vindi, quase 70% dos brasileiros afirmam estar dispostos a pagar por soluções que tornem o dia a dia mais leve, movidos pela conveniência, eficiência, personalização e previsibilidade.O mesmo raciocínio aparece em estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) , que estimou em 48 dólares o valor médio que um usuário atribui ao uso do Facebook por apenas um mês. Os economistas concluem que o valor real da economia digital está no benefício que ela gera (tempo, simplicidade e confiança), algo que os modelos tradicionais de medição, baseados apenas em preço, não conseguem capturar.Mais além: a intermediação de serviços por meios digitais é amparada por normas claras, que asseguram transparência, responsabilidade e validade aos contratos firmados eletronicamente. Garantir esse equilíbrio é essencial para que a inovação avance com segurança: preservando direitos, mas sem sufocar a liberdade de criar e competir.O debate que precisamos fazer, portanto, não é sobre o “direito de cobrar”, mas sobre o direito de inovar. Sobre o espaço que o Brasil quer dar às empresas que estão repensando setores inteiros — muitas vezes substituindo práticas opacas e ineficientes por modelos mais acessíveis, transparentes e inclusivos.Criar barreiras a essas inovações é, na prática, penalizar quem mais se beneficia delas: os usuários das plataformas digitais, que são hoje parte essencial da infraestrutura econômica e social do país. Elas fomentam empregos, impulsionam a produtividade e ajudam a construir um ambiente de negócios mais dinâmico e conectado. Sustentar esse ecossistema requer segurança jurídica e a compreensão de que a economia digital opera com lógicas diferentes — mas igualmente legítimas — das relações tradicionais.The post O valor de inovar appeared first on InfoMoney.