O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quarta-feira (12/11), que o relator do Projeto de Lei (PL) 5.582/2025, conhecido como PL Antifacção, deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), “não é, propriamente, uma pessoa que entenda de inteligência de investigação”.“Nós acabamos de dar uma demonstração de integração para asfixiar financeiramente o crime organizado tem dois, três meses. Você vai colocar isso a perder em função do açodamento de um relator que, com todo respeito, não é, propriamente, uma pessoa que entenda de inteligência de investigação. Não é uma pessoa versada em investigação e inteligência contra o crime organizado”, criticou Haddad.O ministro disse, ainda, que a Polícia Federal (PF) e a Receita Federal não foram ouvidas durante a tramitação do texto. As investigações citadas por Haddad são as que resultaram em operações contra um braço financeiro da facção crimonosa Primeiro Comando da Capital (PCC), no fim de agosto deste ano.Em outro momento da fala, Haddad levantou a hipótese de haver interesses que não resistem à luz do dia na tramitação “açodada” do PL. “Tudo sendo feito de forma atabalhoada. Por trás disso aí, tem algum interesse que não resiste à luz do dia. Por que isso? Esse projeto é bom? Vamos todo mundo celebrar”, pontuou. Leia também Igor Gadelha Governadores pedem a Motta para adiar votação do PL Antifacção Brasil Castro pede a Motta para segurar PL Antifacção por 30 dias Igor Gadelha PL Antifacção: oposição atua para retomar trecho retirado por Derrite Brasil Derrite diz que impasse com PF em PL Antifacção está “superado” Proteção ao crime organizadoNessa terça, Haddad já havia criticado o relatório apresentado por Derrite, dizendo que, da forma que estava, ele protegia o crime organizado. “Agora que nós começamos a combater o andar de cima do crime organizado, você vai fazer uma lei protegendo o andar de cima do crime organizado?”, questionou o ministro.Haddad criticou o texto do parlamentar por entender que ele era um freio à atuação da PF e da Receita no combate ao núcleo financeiro de organizações criminosas.Da forma que estava, o texto estabelecia que a PF só poderia atuar junto às polícias estaduais contra facções criminosas mediante pedido oficial dos governadores.Relator se defendeO relator gravou um vídeo nesta quarta em resposta a esse questionamento. “Meu texto não alterava em nada a lógica, apenas deixava claro que tudo seria mantido como hoje, ou seja, a Polícia Federal ia atuar em conjunto com os estados, de forma integrativa”, afirmou Derrite.Diante do embate entre governo federal e o relator, alguns governadores pediram ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para adiar a votação do PL Antifacção.O apelo foi feito, conforme publicado pelo Metrópoles, na coluna Igor Gadelha, pelos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União); do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).Aliado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Derrite se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo para relatar a proposta no Congresso, com indicação de Hugo Motta (Republicanos).