A delegada do Reino Unido na COP30, Rachel Kyte, afirmou em entrevista exclusiva à CNN que as negociações sobre as metas nacionais de redução de emissões (as chamadas NDCs) e sobre o financiamento climático ainda enfrentam impasses, apesar dos avanços registrados em Belém.Segundo Kyte, os compromissos apresentados até agora pelos países representam a terceira geração de NDCs, mas ainda estão aquém do necessário para limitar o aquecimento global.“Alguns países, como Brasil e Reino Unido, têm planos alinhados à meta de neutralidade até o fim do século. Mas muitos outros apresentaram compromissos que não são ambiciosos o suficiente. Quando somamos tudo, ainda não estamos no caminho certo”, afirmou. Leia Mais Grupo BID lança iniciativa para democratizar financiamento sustentável BB quer assinar operação de R$ 700 milhões para macrodrenagem durante COP Na COP30, Tesouro lançará 4º leilão do Eco Invest em evento com ministros A representante britânica explicou que a negociação atual não exige novas metas formais, mas busca que os governos reconheçam a necessidade de ampliar seus esforços. “É como receber o dever de casa com nota B e ouvir: será que dá para tentar chegar ao A?”, comparou.Kyte destacou que várias NDCs entregues nesta conferência são abrangentes e cobrem toda a economia e todos os gases que provocam o aquecimento global, tornando-se, segundo ela, verdadeiros planos de investimento. “Os países devem ser parabenizados pela qualidade desses planos, mas precisamos de mais ambição”, disse.Financiamento ClimáticoA delegada também avaliou o cenário do financiamento climático, que ela considera um dos temas mais promissores da COP30. Kyte descreveu o espaço da conferência como “um corredor de um quilômetro” dividido entre debates modernos sobre economia verde e discussões ainda presas a uma lógica antiga. “Aqui estamos tendo uma conversa realmente positiva sobre a mobilização de financiamento. Mas lá embaixo ainda estamos numa conversa do século 20 sobre o mundo rico e o mundo pobre”, afirmou.Ela ressaltou que parte das transições mais rápidas para economias de baixo carbono ocorre em países emergentes. “Vemos transformações impressionantes na China, na Índia, na África do Sul e no Brasil”, observou.Kyte defendeu ainda mudanças estruturais no sistema financeiro internacional, em linha com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Podemos chegar a 1,3 trilhão de dólares, mas precisamos ser inteligentes e mudar algumas regras financeiras. Muitos países pequenos e em desenvolvimento estão endividados — devem mais ao mundo desenvolvido do que recebem em investimentos — e isso precisa mudar”, afirmou.