Atentados do Estado Islâmico em Paris completam 10 anos; relembre

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Esta quinta-feira (13) marca os dez anos dos atentados em Paris que mataram 130 pessoas e feriram 494. Os ataques foram os mais mortais na França desde a Segunda Guerra Mundial e tiveram como alvos a casa de shows Bataclan, bares, restaurantes e o estádio Stade de France.O Estado Islâmico reivindicou a autoria. Anteriormente, o grupo havia incitado seus seguidores a atacar a França devido ao envolvimento do país na luta travada no Iraque e na Síria.Salah Abdeslam é considerado o único sobrevivente do grupo que realizou os ataques. Ele foi preso em 2016 e, em 2022, foi considerado culpado de terrorismo e assassinato por um tribunal criminal e condenado à prisão perpétua.Outros 19 homens foram considerados culpados de fornecer armas e carros ou auxiliar de outras maneiras na organização dos atentados.Nesta quinta, serão realizadas cerimônias de homenagem em todos os locais onde civis foram mortos em 2015. Um jardim memorial também será inaugurado próximo à prefeitura de Paris. Leia Mais: Brasileiro que tentou assassinar Kirchner é condenado a 10 anos de prisão Vídeo: Explosão em atentado suicida deixa dez mortos no Paquistão Atentados de 11 de setembro completam 24 anos; Relembre os ataques Como foram os atentados em Paris em 2015?Na noite de 13 de novembro de 2015, terroristas do Estado Islâmico atacaram seis locais diferentes de Paris armados com fuzis de assalto e explosivos.Naquele momento, ocorria uma partida de futebol entre França e Alemanha no Stade de France, em Saint-Denis, um subúrbio ao norte da cidade, com a presença do então presidente François Hollande. Mais de 80 mil pessoas assistiam ao jogo.Relatos de testemunhas indicam que os terroristas não tinham ingressos, e não ficou claro o porquê de terem chegado atrasados ao jogo.Um segurança do portão R disse à polícia francesa que, a partir das 21h05, no horário local, impediu quatro vezes um homem que se parecia com um dos agressores de entrar no estádio.Uma ocular entrevistada pela polícia disse ter visto três dos integrantes do Estado Islâmico conversando entre si após terem a entrada no estádio negada, incluindo Salah Abdeslam.Às 21h20, a primeira explosão acontece nos arredores do estádio. Um dos homens-bomba detona seus explosivos no portão D, matando uma pessoa.Nos próximos 33 minutos, são registradas outras duas explosões: uma no portão H — no qual apenas o terrorista morreu — e outra em um McDonald’s próximo ao estádio — neste caso, além da morte do suicida, mais de 50 pessoas ficaram feridas, sete delas gravemente.Pessoas se reúnem no gramado do Stade de France após a notícia dos atentados e ataques terroristas em Paris em 13 de novembro de 2015, em Paris, França • Adam Pretty/Bongarts/Getty ImagesEnquanto isso, outro grupo de terroristas se movimentava pela cidade em um carro preto.Às 21h25, homens armados com fuzis de assalto matam 15 pessoas no cruzamento da Rue Alibert com a Rue Bichat. Muitas das vítimas estavam no restaurante Le Petit Cambodge e no bar Le Carillon.Às 21h32, na esquina da Rue de la Fontaine au Roi com a Rue du Faubourg du Temple, cinco pessoas são mortas a tiros em frente ao Café Bonne Bière.Às 21h36, os terroristas chegam ao restaurante La Belle Equipe. Eles disparam contra pessoas sentadas do lado de fora do restaurante. Ali, 19 morreram.Às 21h40, um homem-bomba se explode dentro do restaurante Comptoir Voltaire. Uma pessoa dentro do local fica gravemente ferida e várias outras sofrem ferimentos leves.Ataque ao BataclanTambém às 21h40 teve início o ataque mais mortal daquela noite. Três homens armados com fuzis de assalto chegam à casa de shows Bataclan e abrem fogo enquanto a banda americana Eagles of Death Metal se apresenta.Foram registradas 90 mortes na casa de shows e na rua fora dela.De acordo com a polícia, os terroristas tinham plantas detalhadas do Bataclan, o que auxiliou na hora do atentado. Muitas pessoas tentaram escapar por uma saída de emergência, mas o terceiro terrorista as estava aguardando no local.De acordo com testemunhas citadas nos documentos da polícia francesa, os agressores falavam francês fluentemente e gritavam aos feridos no chão, dizendo: “Quem se mexer, eu mato”.Outras testemunhas afirmaram ainda que eles perguntaram onde estavam os integrantes da banda, ressaltando que os franceses realizavam bombardeios contra o Estado Islâmico com ajuda dos americanos.Integrantes da banda Eagles of Death Metal visitam um memorial em homenagem às vítimas dos ataques terroristas no Bataclan, em 8 de dezembro de 2015, em Paris, França; o grupo se apresentava no momento do atentado do Estado Islâmico • David Wolff – Patrick/Getty ImagesÀs 22h, dois policiais franceses chegaram ao local do show. Embora armados apenas com pistolas, conseguiram neutralizar um dos terroristas, que detonou o colete com bombas ao ser atingido.Porém, segundo documentos policiais citados pelo Le Monde, os agentes tiveram de recuar após os outros dois agressores abrirem fogo contra eles da parte de cima do Bataclan.Então, os terroristas fizeram alguns reféns.Às 22h45, agentes da unidade de resposta rápida, conhecida como RAID, chegaram à casa de shows. De acordo com documentos da polícia francesa obtidos pela CNN, eles começaram a se comunicar com os sequestradores do lado de fora do corredor onde estavam por celular.Os terroristas ameaçaram executar os prisioneiros, a menos que recebessem um documento assinado prometendo que a França deixaria os territórios muçulmanos.Pouco depois da meia-noite, a RAID invadiu o local onde estavam dentro do Bataclan, resgatando todos os reféns com vida.De acordo com relatos de testemunhas citados pelo Le Monde, os terroristas foram mortos a tiros pela polícia. Ao menos um deles conseguiu detonar seu colete.O Bataclan reabriu em 12 de novembro de 2016, um dia antes do primeiro aniversário dos ataques terroristas de Paris, com um show do Sting.Luto e ofensiva contra o Estado Islâmico após os atentadosUm período de luto nacional se seguiu aos ataques. Cidadãos visitaram locais como o Bataclan e alguns bistrôs e cafés, oferecendo flores, velas e mensagens de condolências.O lema “fluctuat nec mergitur”, que significa “ela é castigada pelas ondas, mas não afunda” e é associado à cidade de Paris, apareceu na Torre Eiffel e em diversos outros locais.Nos dias seguintes aos atentados, aviões de combate franceses bombardearam uma série de alvos do Estado Islâmico em Raqqa, na Síria.Além disso, em 23 de novembro de 2015, o país lançou seus primeiros ataques aéreos a partir de um porta-aviões contra o Estado Islâmico.Investigações e prisõesDurante os atentados, o presidente François Hollande decretou um estado de emergência nacional.Em 16 de novembro de 2015, ele pediu aos parlamentares durante uma sessão conjunta que aprovassem a prorrogação dessa medida, com novas leis que permitiriam às autoridades cassar a cidadania de terroristas nascidos na França e medidas que facilitariam a deportação de suspeitos de terrorismo.No dia 18 daquele mês, autoridades francesas invadiram um prédio de apartamentos no subúrbio de Saint-Denis, ao norte de Paris. O local seria o esconderijo do suposto líder dos ataques.Durante a operação, um dispositivo suicida foi detonado e houve troca de tiros por quase uma hora. Um andar do prédio desabou e três pessoas morreram.Posteriormente, foi confirmado que o corpo de Abdelhamid Abaaoud, o mentor dos ataques de Paris, foi encontrado nos escombros do apartamento. Uma parente dele, Hasna Ait Boulahcen, também foi morta na operação. A terceira pessoa morta, que se acredita ter detonado o dispositivo suicida, não foi identificada.Autoridades disseram à CNN que os terroristas usaram aplicativos criptografados, incluindo Telegram e WhatsApp, para planejar os ataques.Em 18 de março de 2016, Salah Abdeslam, o único sobrevivente do grupo que realizou os ataques em Paris, foi ferido e capturado após um tiroteio com as autoridades na Bélgica. Outras quatro pessoas também são presas na operação antiterrorista.Nos próximos meses e anos, outros suspeitos foram detidos na Bélgica e na Alemanha.As investigações terminaram em 4 de novembro de 2019, mas apenas em 8 de setembro de 2021 o julgamento de 20 pessoas envolvidas nos atentados teve início.Em 29 de junho de 2022, os vereditos foram proferidos.*com informações da Reuters