Descoberto em julho, o 3I/ATLAS é o mais novo integrante da lista de visitantes interestelares, e como outros objetos, também levantou diversas hipóteses sobre si. Muitos cometas durante a história da humanidade já causaram diferentes catarses, é justamente esse tema, e como as pessoas reagem a ele, que foi debatido por Marcelo Zurita e Rodrigo Fernandes no Olhar Espacial desta sexta-feira (7).Rodrigo é astrônomo amador e fundador do Grupo Tapirapé, que oferece cursos de astronomia no YouTube, Fernandes também trabalha em parceria com instituições como a UNIFEI, o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e o Observatório Nacional (ON). É ainda construtor e restaurador de telescópios refletores, tornando a ciência mais acessível a todos.Cometas apocalípticosMesmo com o avanço da astronomia, esses corpos celestes continuam a alimentar o imaginário popular, ganhando apelidos como “cometas apocalípticos” e sendo vistos, ainda hoje, como possíveis sinais de grandes transformações.Cometa interestelar 3I/ATLAS está prestes a ser atingido pelo vento solar. Crédito: Imagem gerada por IA/GeminiAo longo da história, cometas foram interpretados como presságios de tragédias ou mudanças importantes. O Cometa de Halley, por exemplo, apareceu em 1066 e foi associado à invasão normanda da Inglaterra. Já o Cometa de César, visto após o assassinato de Júlio César, foi interpretado pelos romanos como o surgimento de uma nova era.Com o passar dos séculos, a ciência trouxe explicações para o fenômeno. Segundo Rodrigo, “o cometa é um corpo celeste composto por vários tipos de gelo […] associado também com poeira, rochas e metais. Eles também são muito frios e quando passam perto de algum sol, acontece o processo de sublimação”. Além disso, esses objetos são acompanhados por suas caudas, “uma cauda de poeira e outra cauda iônica, formada por causa dos ventos solares que o empurram para um lado e de outro ficam os materiais expelidos”, explicou o professor.Ainda assim, o caráter misterioso dessas aparições permanece. Em tempos de redes sociais, o 3I/ATLAS rapidamente ganhou teorias apocalípticas — algumas sugerindo até que seria uma nave alienígena. “Não existe nenhuma chance dele causar impacto na terra, podem dormir tranquilos”, afirmou Rodrigo.Leia mais: China divulga imagens inéditas do cometa 3I/ATLAS perto de MartePor que o nome do visitante interestelar é 3I/ATLAS?Cometa interestelar 3I/ATLAS ficará visível no Brasil?Mesmo hoje, com a astronomia entendendo o que são estes objetos, as teorias e até mesmo charlatanismo não cessam. Segundo Rodrigo, as pessoas hoje estão imersas em crises e tragédias, abrindo espaço para o surgimento de discursos que relacionam qualquer evento que não é de entendimento popular com catástrofes.Entre o mito e o fatoO 3I/ATLAS é um objeto interestelar inofensivo, sem qualquer risco para a Terra. Segundo Rodrigo, “o 3I/ATLAS está a 270 milhões de quilômetros da terra. Para ter uma ideia, o sol está a 150 milhões de quilômetros daqui, então a distância do cometa será quase o dobro disso”.Representação artística do cometa 3I/ATLAS se aproximando do Sol. Crédito: Imagem gerada por IA/GeminiSua trajetória, no entanto, oferece aos astrônomos uma oportunidade rara de estudo sobre corpos vindos de fora do Sistema Solar. Essas observações ajudam a compreender melhor como se formam e evoluem os sistemas planetários, inclusive o nosso. “Essa é uma oportunidade única de estudar sistemas solares diferentes do nosso”, disse Rodrigo. O professor ainda explicou que suposições como: o 3I/ATLAS ser uma nave, ou que ele pode colidir com a terra acabam criando uma distração para uma das melhores chances de pesquisa sobre o cosmos.O post O que são os “cometas apocalípticos”, que intrigam a humanidade há séculos apareceu primeiro em Olhar Digital.