Baseada no podcast “Praia dos Ossos”, a minissérie “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” estreia no catálogo da HBO Max nesta quinta-feira (13), narrando a vida da socialite brasileira assassinada em 1976 por seu então companheiro, Raul Fernando do Amaral Street, mais conhecido como Doca Street, no Rio de Janeiro.O caso ganhou grande repercussão midiática, se consagrando como um marco no movimento feminista no Brasil, uma vez que colocou em cheque a impunidade de crimes contra mulheres no país e a tese da “legítima defesa da honra”. Leia Mais "Ângela Diniz: Assassinada e Condenada" ganha trailer com Marjorie Estiano 48 anos sem Ângela Diniz: conheça a série que retratará a morte da socialite Minissérie sobre assassinato de Ângela Diniz é anunciada pela HBO Na pele de Gilda, inspirada em figuras como Jacqueline Pitanguy e Celina Albano, nomes importantes no feminismo nacional, que transformaram dor em movimento, está Renata Gaspar, 39. À CNN, a atriz conta que a personagem, além de ser amiga de infância de Ângela, também é uma mulher que simboliza um movimento de mulheres à frente do tempo.“Lésbica, acadêmica e feminista. Ela vai estudar em Londres e acaba se desencontrando com a Ângela. Quando ela descobre a morte, retorna ao Brasil, encabeçando um dos mais expressivos movimentos da época, batizado de ‘Quem Ama Não Mata'”, diz.A conexão entre Renata e GildaGaspar comenta ainda que, assim como Gilda, nunca se calou sobre não se sentir equiparada aos irmãos, uma vez que nasceu em uma família extremamente machista. “Eu apenas não entendia de onde vinham essas diferenças e porque éramos tratados de formas tão distintas. Me respondiam que era porque eu era menina. E eu dizia: ‘mas todo mundo é igual’. Esse era o meu legal”, recorda.“Fora isso, eu sou zero acadêmica. A Gilda é a pessoa do estudo e que sabe que essa vida, ainda mais nos anos 1960 e 1970, era a única forma de combater a desigualdade de gênero ou qualquer tipo de abuso de poder”, acrescenta.A importância da movimentação femininaDiferentemente de suas personagens em tramas como “Um Lugar ao Sol” (2021) e “Terra e Paixão” (2023), ambas da TV Globo, onde vivia mulheres com trajetórias marcadas pela dor e sofrimento, agora Renata assume um papel de resistência.“Eu venho fazendo papéis que sofrem abusos dentro de casa e a verdade é que isso acontece a cada minuto. Como a série mostra, apenas em 2023 foi proibida a tesa de legítima defesa da honra, onde homens tinham aval para matar suas esposas caso fossem traídos”, critica.“Há dois anos os homens ainda saíam impunes do feminicídio. Aliás, há pouquíssimo tempo o termo também foi constitucionalizado. O tema é urgente enquanto mulheres continuarem morrendo dessa forma”, adiciona.Ao longo de seis episódios, a trajetória de uma mulher que, no máximo de sua ousadia, só desejava viver diante dos próprios termos em um Brasil dominado pela Ditadura Militar, em um Brasil de censura, perseguições políticas e restrições às liberdades individuais.“Me aprofundar na vida dessas mulheres que sempre estiveram à frente, organizadas, determinadas e que fizeram história e foi bonito. Seguimos nessa luta e elas me emocionam. Nós não seríamos nada se elas desistissem dos encontros secretos e das manifestações para algo poder mudar. Fico feliz e grata por ter atuado como uma delas”, garante.“Na série, a dramaturgia focou na união das mulheres e simbolizada junto ao movimento, e isso deu mais potência a contemporaneidade para a trama. Afinal, rivalidade feminina também foi construída ao longo de séculos. Nós nos emocionamos muito na cena final, chorávamos feito crianças, sabíamos a importância daquele movimento e o que aconteceu na história para todas as mulheres brasileiras realmente mudou o rumo para todas nós”, conclui.Assista ao trailer de “Assassinada e Condenada”Ângela Diniz: Assassinada e Condenada | Trailer | Nova Série | HBO MaxFeminicídios cresceram 18% nos últimos 5 anos no Brasil, aponta estudo