Uma inteligência artificial avançada, criada por civilizações alienígenas altamente desenvolvidas, estaria por trás da dificuldade de encontrar provas concretas da existência de vida extraterrestre. É o que propõe um novo estudo publicado na plataforma arXiv, no final de setembro.Reexaminando reflexões do cientista planetário Carl Sagan feitas na década de 1970, o professor de Técnicas de Rádio em Astronomia da Universidade de Leiden (Holanda), Michael Garrett, afirma que a chance de a humanidade detectar espécies alienígenas é quase nula. Isso se considerarmos que elas também usem algum tipo de inteligência não biológica.Gráfico mostra como a taxa acelerada de avanço tecnológico encurta a janela para detectar civilizações extraterrestres. (Imagem: Universe Today/Reprodução)Teoria da internet morta em escala cósmicaNa busca por vida fora da Terra, Sagan propôs que quanto mais tecnológica fosse uma civilização, mais complicada seria a sua detecção. O cientista acreditava que seres inteligentes gastariam 1.000 anos para alcançarem o progresso máximo, sendo detectáveis apenas dentro desta janela.Mas e se eles experimentassem uma rápida aceleração tecnológica, fruto de uma “IA alienígena”? É a possibilidade que Garrett explorou;Conforme o acadêmico, essa inteligência artificial espacial seria capaz de tornar tais civilizações tão avançadas que encurtaria bastante a janela de detecção;Em vez de milhares de anos, o horizonte de observação cairia para uma década ou duas, no máximo, de acordo com o artigo;Ou seja, a IA estaria tornando esses seres de outros mundos invisíveis a observadores externos, escondendo suas assinaturas biológicas e tecnológicas.Neste cenário, o especialista diz que as capacidades atuais da ciência praticamente não teriam chances de encontrar os rastros dessas civilizações. Isso explicaria os motivos de os cientistas não conseguirem detectar sinais de vida inteligente no espaço mesmo que ela exista em abundância.Como destaca o site Universe Today, a hipótese abordada no trabalho pode ser comparada à Teoria da Internet Morta, que trata a web como um ambiente sintético, no qual grande parte do conteúdo é produzido por IA e bots. Mas no caso, a atuação da inteligência artificial teria uma escala cósmica.O trabalho propõe adicionar novos mecanismos de busca por vida fora da Terra, inclusive aproveitando a IA. (Imagem: bjdlzx/Getty Images)Estamos procurando da maneira errada?Membro do projeto de Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI), Garrett também afirma ser necessário expandir os métodos de procura por rastros de seres de outros mundos, em vez de focar apenas em sinais de comunicação da banda estreita. Os ajustes devem considerar que essas civilizações se tornam silenciosas e invisíveis com o tempo.Concentrar-se em calor residual de megaestruturas, vazamentos eletromagnéticos de banda larga e detecção de anomalias multidimensionais em conjuntos de dados extensos, de diferentes comprimentos de onda e mensageiros, são algumas das mudanças propostas por ele. E a IA também pode ajudar nas buscas.“Aproveitar a IA avançada para descoberta de anomalias não supervisionadas, otimização de algoritmos recursivos e modelagem preditiva será essencial para descobrir os traços sutis e não antropocêntricos de civilizações avançadas cujas assinaturas tecnológicas estão além de nossas estruturas tecnológicas e cognitivas atuais”, afirmou.E você, o que pensa sobre os questionamentos levantados pelo cientista? Comente nas redes sociais do TecMundo.