PF dividiu esquema do INSS em “núcleos” para fechar cerco contra fraudes

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A PF (Polícia Federal) dividiu em núcleos “político”, “financeiro” e “de comando” o esquema de fraudes bilionárias de descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ligados à Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores).A investigação aponta a entidade como uma organização criminosa com divisão hierárquica e funções definidas, composta pelos três núcleos principais. O núcleo de comando seria liderado pelo presidente da confederação, Carlos Roberto Ferreira Lopes, responsável pela orientação das fraudes e pela articulação política, segundo a PF.O núcleo financeiro apontado pela PF seria coordenado por Cícero Marcelino de Souza Santos, encarregado da lavagem e movimentação dos recursos desviados por meio de empresas de fachada. Leia Mais Perícia da PF aponta desvio de R$ 640 milhões em repasses do INSS à Conafer Ex-procurador do INSS recebeu R$ 6,5 mi por empresas de fachada, diz PF Ex-presidente do INSS recebia propina de R$ 250 mil por mês, diz PF Já o núcleo político e de apoio, formado por parlamentares, incluindo o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) e André Luiz Martins Dias, seu assessor, responsáveis por garantir a manutenção do acordo de cooperação técnica junto ao INSS e “proteger o grupo de investigações externas”, diz a PF.O deputado Pettersen é denominado “Herói E” nas planilhas apreendidas pela PF e a investigação diz que ele recebia valores mensais fixos, repassados por meio das empresas controladas por Cícero Marcelino e seu assessor.“A finalidade dos pagamentos era assegurar proteção política à entidade associativa, mediante atuação para impedir fiscalizações e garantir a manutenção do convênio com o órgão previdenciário”, diz o inquérito.Cúpula do INSSNa quinta-feira (13), a PF fez mais uma fase da operação “Sem Desconto” contra as fraudes no INSS. Conforme revelou a CNN, essa etapa mirou o núcleo político da rede.O ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto foi preso preventivamente. Indicação política, ele foi afastado do cargo e pediu demissão em abril, na primeira fase da ação da PF.Além dele, a PF prendeu dois ex-integrantes da antiga cúpula de Stefanutto: André Felix Fidelis e Virgílio Oliveira Filho. E cumpriu mandados de buscas contra dois deputados e um ex-ministro da Previdência.Fidelis era diretor de Benefícios, responsável pelos pagamentos investigados; Oliveira Filho era procurador-geral do INSS.A PF, no inquérito sob sigilo, destaca atuação das três autoridades da autarquia – junto a outros dois – que estariam supostamente envolvidas no esquema.A PF também cumpriu medidas contra o ex-ministro José Carlos Oliveira, que ocupou o Ministério da Previdência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi alvo de busca e apreensão e passou a usar tornozeleira eletrônica.O deputado federal Euclydes Pettersen e o deputado estadual do Maranhão Edson Araújo (PSB) também foram alvo de mandados de busca e apreensão.“Núcleo financeiro”Na fase anterior da operação, a PF mirou o “núcleo financeiro” e prendeu Camilo Antunes, chamado de “Careca do INSS”. O empresário Maurício Camisotti também teve a prisão decretada e cumprida.O advogado Nelson Wilians foi alvo de buscas em endereços de Brasília e São Paulo.O que dizem os citadosConafer: “Nós reafirmamos, com veemência, o princípio basilar do Estado de Direito: a presunção de inocência. Todos os citados nela têm o direito processual e moral de ter sua defesa assegurada e sua honra preservada enquanto não houver decisão judicial condenatória definitiva. A CONAFER confia nas instituições e, ao mesmo tempo, exige que sejam respeitados os direitos fundamentais dos investigados”.Euclydes Pettersen: “Reitero que nunca tive qualquer vínculo com o INSS, seus dirigentes ou decisões administrativas. Sobre a Conafer, reafirmo o que já disse em plenário: não tenho relação ilícita com a entidade e nunca participei de sua gestão”.Alessandro Stefanutto: “Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação”.A CNN tenta contato com as demais defesas. O espaço está aberto.Operação da PF contra fraude do INSS apreende carros, dinheiro e armas | LIVE CNN