A ofensiva judicial do governo Trump contra o novo mapa eleitoral da Califórnia escalou rapidamente, e não é exagero dizer que pode se tornar uma das disputas mais importantes do ciclo eleitoral antes das eleições de Meio de Mandato de 2026. O Departamento de Justiça decidiu entrar no processo movido pelo Partido Republicano da Califórnia para impedir que entre em vigor o plano de redistritamento aprovado pelo governador democrata Gavin Newsom. E aqui entra o ponto central: não é só briga política, é matemática eleitoral. E, pelos dados, a disputa é enorme.Na semana passada, os eleitores californianos aprovaram, por meio de votação direta, a Proposition 50, uma medida que revoga temporariamente a comissão independente responsável por desenhar os distritos e devolve essa função à legislatura estadual, hoje controlada pelos democratas.A aprovação foi esmagadora:• 64% dos votos a favor• 7.010.687 votos SIM• 3.844.484 votos NÃOCom isso, Newsom ganhou carta branca para redesenhar o mapa eleitoral do estado já para 2026.Segundo fontes legislativas da Califórnia, a meta é clara: converter até 5 cadeiras federais atualmente ocupadas por republicanos em distritos favoráveis aos democratas. É uma reação direta ao que o Partido Democrata chama de “onda de gerrymandering republicano” em estados como Texas, Florida e Carolina do Norte. Só que o governo federal não engoliu a justificativa.O Departamento de Justiça, comandado pela procuradora-geral Pam Bondi, decidiu entrar no caso ao lado dos republicanos californianos. Em suas palavras, o plano de Newsom não é reforma – é “uma tomada de poder escancarada”.O DOJ argumenta que o novo mapa:• fere direitos civis;• pode ter sido desenhado com intenção racial indevida;• e cria “manipulação estrutural do voto” para favorecer um único partido;Ou seja, o governo acusa a Califórnia de usar o argumento moral da democracia para cometer o mesmo tipo de manipulação eleitoral que critica nos outros.O porta-voz de Newsom rebateu, sem cerimônias: “Esses perdedores perderam nas urnas e em breve perderão também nos tribunais.”A narrativa democrata é que o novo mapa corrige distorções antigas e amplia representatividade em áreas de forte crescimento demográfico – especialmente no sul da Califórnia, onde a população latina aumentou.Aqui estão os fatos que tornam essa batalha ainda mais explosiva:• A Proposition 50 autoriza que a legislatura democrata desenhe o mapa até 2030, sem a comissão independente;• Grupos jurídicos já apontam possibilidade de racial gerrymandering, pois vários distritos foram redesenhados com forte concentração étnica;• O DOJ afirma que há “indícios substanciais” de que a raça foi usada como fator predominante – algo proibido pela Suprema Corte;•Se o novo mapa entrar em vigor, os democratas podem virar entre 3 e 5 cadeiras no Congresso;•Em um cenário de equilíbrio na Câmara, 5 cadeiras podem definir maioria nacional;•Republicanos já conseguiram aprovar mapas favoráveis no Texas, garantindo até 5 assentos extras para o partido em 2026;•Ou seja: os dois lados sabem exatamente o que estão fazendo;O caso deve avançar rapidamente na Justiça Federal, e especialistas já falam em Suprema Corte, principalmente porque envolve:• disputa entre poder federal e estadual;•acusação de violação das Emendas 14 e 15;•possível impacto em eleições nacionais;Se a Suprema Corte tomar o caso, o julgamento pode se tornar o maior processo eleitoral dos EUA desde 2020.Ou seja, a Califórnia acusa o Texas de manipular mapas. O Texas acusa a Califórnia de manipular mapas. Essa história tem menos a ver com moralidade e mais com poder — puro e simples. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp O que muda aqui é que a Califórnia tentou legitimar sua manobra através do voto popular. Deu certo nas urnas, mas isso não torna automaticamente o plano constitucional, e é aí que o DOJ viu espaço para agir.A grande pergunta é: se a Califórnia vencer, quantos outros estados vão copiar o modelo? E se perder, quantos estados republicanos terão seus próprios mapas questionados?A batalha não é apenas sobre distritos, e sim sobre controle da Câmara em 2026 e, por consequência, sobre o futuro político do país. E a guerra já começou. Leia também Coreia do Sul e EUA concluem acordo para construção de submarinos de propulsão nuclear Extrativistas marcham na COP30 por reconhecimento na proteção florestal