As ações da Localiza (RENT3) sobem forte na tarde desta sexta-feira (14), após a locadora de veículos ter divulgado, na véspera, seu balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25). A visão dos analistas é que os números foram sólidos e que a empresa trouxe claros sinais de redução de riscos. Às 16h, a alta dos papéis era de 5,19%, negociados a R$ 44,22. “A Localiza entregou um resultado operacional sólido no 3T25, registrando lucro líquido ajustado de R$ 871 milhões, superando nossas estimativas e o consenso em 10,5% e 5,3%, respectivamente”, diz o time do Safra, liderado por Luiz Peçanha. Segundo o banco, o desempenho foi sustentado tanto por avanços na frente de aluguel de carros, voltado a pessoas físicas, quanto na de gestão de frotas, focada em motoristas de aplicativos. Os dois segmentos contaram com ajustes de tarifas – no primeiro, a diária média saltou 5,7%, para R$ 150,1, e no segundo, 8,5%, para R$ 104. LEIA TAMBÉM: Tenha acesso às recomendações mais valorizadas do mercado sem pagar nada; veja como receber os relatórios semanais do BTG Pactual com o Money Times“Essa estratégia de preços reforça o compromisso da empresa em ampliar o spread de ROIC (retonro sobre o capital investido) por meio de uma gestão disciplinada de rentabilidade”, afirmam os analistas. Com isso, o Ebitda e as margens nas duas frentes também melhoraram. Na de aluguel, o Ebitda foi de R$ 1,74 bilhão, alta de 11,2% no ano, com a margem saltando 3,1 pontos percentuais, para 67,3%. Na gestão de frotas o salto do lucro operacional foi de 10,8%, para R$ 1,6 bilhão, e o ganho de margem foi de 3,2 pontos, para 73,1%. Na frente da venda de seminovos, a receita cresceu 14,6% no ano, para R$ 5,6 bilhões, puxado pelo aumento de 13% no preço médio da venda e pelo aumento de 2,2% no número de carros vendidos (75 mil unidades). O Bradesco BBI destaca que a Localiza mostrou também uma capacidade de manter margens altas e controlar custos mesmo em um cenário macro desafiador. “A redução de despesas com manutenção (-9% em base anual) e a estabilidade da depreciação dos carros indicam maior previsibilidade operacional, enquanto o impacto do IPI parece bem endereçado”, diz o time do banco. Para o BBI, os sinais indicam ainda que a Localiza entre em 2026 com fundamentos mais sólidos e menores riscos. BTG mais cauteloso trimestre da Localiza, mas ainda otimistaO time do BTG Pactual, chefiado por Lucas Marquiori, trouxe um tom um pouco mais cauteloso na interpretação do trimestre, mencionando que o período foi marcado por alguns ganhos contábeis não recorrentes. Somando tudo, esses itens teriam adicionado R$ 929 milhões ao balanço. Nos destaques, estão créditos tributários (que somaram R$ 131 milhões ao lucro) e um impulso à margem de seminovos após a companhia ter realizado um impairment no segundo trimestre, que diminuiu o preço da frota (R$ 533 milhões em aluguéis de carros e R$ 259 milhões na gestão de frotas). A redução do preço da frota fez com que os carros passassem a estar contabilmente “mais baratos” no balanço. Com isso, ao vender esses veículos, o lucro contábil por unidade aumenta — não por melhora operacional, mas porque o custo registrado ficou menor. “As tendências de depreciação, porém, estão mais estáveis após o impairment e há uma perspectiva forte para 2026. A compressão dos spreads entre preço de compra e de venda no rent a car caiu para R$ 9 mil, de R$ 10 mil, e de R$ 20 mil para R$ 14 mil na gestão de frotas”, afirma o BTG. O banco, de qualquer forma, enxerga que a Localiza se beneficiará dos cortes de juros e que, no momento, essa é a principal tese para a empresa. Os três times têm recomendação de compra para a RENT3. O Safra com preço-alvo em R$ 53,20, o BBI, em R$ 59, e o BTG em R$ 53.