Ex-ministro de Bolsonaro recebia propina da Conafer, diz PF

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A PF (Polícia Federal) aponta que o ex-ministro do Trabalho e Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PL), José Carlos Oliveira, recebeu propina da (Conafer) Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais, acusada de fraude em aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).Segundo o relatório produzido pela corporação, o ex-ministro teria auxiliado a entidade a operar um esquema de descontos ilegais contra pensionistas e aposentados quando dirigia a pasta. Os investigadores indicam ainda Oliveira participou do mesmo esquema após deixar o ministério e assumir a presidência do INSS, entre novembro de 2021 e março de 2022.“José Carlos ocupou os mais altos cargos da administração pública em matéria previdenciária no Brasil, o que permitiu à organização criminosa manter e expandir o esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Trata-se de um agente público que, na perspectiva da representação policial, foi estratégico para o esquema, haja vista que sua atuação foi decisiva para o funcionamento e blindagem da fraude da Conafer”, diz a decisão assinada pelo ministro do STF, André Mendonça. Leia Mais: Ex-procurador do INSS recebeu R$ 6,5 mi por empresas de fachada, diz PF Ex-presidente do INSS recebia propina de R$ 250 mil por mês, diz PF PF mirou “núcleo político” em nova fase de operação contra fraudes no INSS O ministro afirma ainda, em sua decisão, que mensagens localizadas pela PF “geram fortes indícios de que o esquema criminoso envolvendo o investigado José Carlos de Oliveira estava em pleno funcionamento também no período em que ele era ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social”.Em uma dessas conversas, afirma o documento, o ex-ministro de Bolsonaro aparece agradecendo o recebimento de propina a Cícero Marcelino, apontado como operador financeiros da Conafer.“Também se aponta haver mensagens de Whatsapp de agradecimento de JOSÉ CARLOS OLIVEIRA a CÍCERO, após receber valores indevidos (fls. 233); e Planilha de fevereiro de 2023, que registra pagamento de R$ 100 mil a “São Paulo Yasser”, afirmou o Mendonça na decisão.Ainda de acordo com a PF, mesmo enquanto ministro, Oliveira manteve proximidade com a organização e atuou como um dos “pilares institucionais que permitiram o funcionamento da fraude da Conafer”.Operação Sem Desconto prende ex-ministro de BolsonaroO ministro José Carlos Oliveira, também conhecido como Ahmed Mohamad, foi alvo de busca e apreensão durante a ação deflagrada nesta quinta-feira (13) pela PF no âmbito da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de fraudes bilionárias envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica e a busca e apreensão em todos os endereços ligados a ele.Antes de ocupar cargos de chefia no ministério e no INSS, foi técnico do seguro social, diretor de Benefícios do órgão e superintendente da autarquia na Região Sudeste.Sua trajetória no INSS começou em 1985, quando ingressou como agente administrativo, ainda no antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).Durante sua presidência, Oliveira foi o responsável por assinar e autorizar Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) entre o INSS e entidades associativas suspeitas de arrecadar milhões de reais em descontos ilegais de aposentados e pensionistas.Em depoimento à CPMI do INSS, em setembro deste ano, ele afirmou que os acordos eram assinados de forma “automática” e que o órgão “não tinha condições de fiscalizá-los”.Entre os contratos sob suspeita está o firmado com a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), uma das principais investigadas na operação. A entidade tinha apenas três associados, mas, após o aval de Oliveira, as filiações e arrecadações cresceram exponencialmente.A CNN tenta contato com a defesa do ex-ministro.