A COP30 começou nesta segunda-feira (10) em Belém, no Pará. Delegações de mais de 160 países irão discutir as metas e medidas para combater o aquecimento global.Com o ritmo das mudanças climáticas se acelerando, eventos climáticos extremos e outros impactos estão causando danos cada vez maiores às populações e ao meio ambiente em todo o mundo. Aqui estão alguns dos desenvolvimentos deste ano na ciência climática:Mais quente, mais rápidoAs temperaturas globais não estão apenas subindo, estão subindo mais rápido do que antes, com novos recordes registrados para 2023 e 2024 e em alguns momentos de 2025. Essa descoberta fez parte de um estudo importante realizado em junho que atualizou os dados de referência usados nos relatórios científicos elaborados a cada poucos anos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).A nova pesquisa mostra que a temperatura média global está subindo a uma taxa de 0,27 grau Celsius por década – ou quase 50% mais rápido do que nas décadas de 1990 e 2000, quando a taxa de aquecimento era de cerca de 0,2°C por década.O nível do mar também está subindo mais rapidamente agora – cerca de 4,5 milímetros por ano na última década, em comparação com 1,85 mm por ano medidos ao longo das décadas desde 1900.O mundo está agora a caminho de ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5 °C por volta de 2030, após o qual os cientistas alertam que provavelmente desencadearemos impactos catastróficos e irreversíveis. O mundo já aqueceu entre 1,3 °C e 1,4 °C desde a era pré-industrial, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial.Pontos de inflexãoOs corais de águas quentes estão sofrendo uma mortandade quase irreversível devido às sucessivas ondas de calor marinhas – marcando o que seria o primeiro chamado ponto de inflexão climática, quando um sistema ambiental começa a mudar para um estado diferente.Em outubro, pesquisadores também alertaram que a floresta amazônica pode começar a morrer e se transformar em um ecossistema diferente, como a savana, se o desmatamento acelerado continuar à medida que o aquecimento global ultrapassar 1,5 °C, o que está ocorrendo antes do que se estimava anteriormente.Disseram que o derretimento da camada de gelo da Groenlândia pode contribuir para um colapso precoce da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC), corrente oceânica responsável pela manutenção de invernos amenos na Europa.Na Antártida, onde as camadas de gelo também estão ameaçadas, os cientistas estão preocupados com o declínio do gelo marinho ao redor do continente mais meridional.Assim como ocorre no Ártico, a perda de gelo expõe a água escura, que pode absorver mais radiação solar, amplificando a tendência geral de aquecimento. Isso também coloca em risco o crescimento do fitoplâncton, que consome grande parte do CO2 do planeta.COP30: Presidência propõe 30 metas em carta | CNN NOVO DIATerra em chamasAlém das ondas de calor e da seca, os incêndios florestais ainda representam uma ameaça, tornando-se frequentes e severos.O relatório State of Wildfires deste ano, elaborado por um grupo de agências meteorológicas e universidades, contabilizou cerca de 3,7 milhões de quilômetros quadrados (1,4 milhão de milhas quadradas) queimados entre março de 2024 e fevereiro de 2025 – uma área aproximadamente do tamanho da Índia e da Noruega juntas.Isso representou uma quantidade ligeiramente menor do que a média anual de incêndios florestais das últimas duas décadas. No entanto, os incêndios produziram emissões de CO2 mais elevadas do que antes, devido à queima de florestas com maior densidade de carbono.Calor mortalPesquisadores trabalham em maneiras de avaliar os riscos e impactos à saúde relacionados ao calor, visto que agências de saúde e meteorologia da ONU estimam que cerca de metade da população mundial já esteja sofrendo com as consequências.As agências também estimam uma queda de 2 a 3% na produtividade dos trabalhadores para cada grau acima de 20°C, enquanto outro estudo publicado na revista Lancet em outubro estima perdas globais de mais de US$ 1 trilhão devido à perda de produtividade apenas no ano passado.Não existe uma definição internacional consistente para morte relacionada ao calor, mas os avanços tecnológicos estão ajudando os cientistas a preencher lacunas de dados e comparar as condições em diferentes locais.Por exemplo, na Europa, uma equipe do Imperial College do Reino Unido utilizou tendências de mortalidade para estimar mais de 24.400 mortes neste verão relacionadas à exposição ao calor, afetando cerca de 30% da população europeia. Eles atribuíram até 70% dessas mortes ao calor intensificado pelas mudanças climáticas, com base nas mesmas tendências de mortalidade aplicadas a um modelo da Europa sem o aquecimento global.Para o verão europeu recorde de calor do ano passado, outra equipe usou modelagem computacional para examinar as estatísticas de mortalidade juntamente com dados de temperatura e parâmetros de saúde, estimando mais de 62.700 mortes relacionadas ao calor em 32 países, ou cerca de 70% da população do continente.A ciência sob ataqueO governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, que nega as mudanças climáticas, espera cortar drasticamente o financiamento de agências que coletam e monitoram dados climáticos e meteorológicos, o que preocupa a comunidade científica, que afirma que a liderança dos EUA será difícil de substituir.A proposta orçamentária de Trump para 2026, ainda a ser aprovada pelo Congresso, prevê a redução pela metade do orçamento anual da Nasa para Ciências da Terra, para cerca de US$ 1 bilhão, e o corte de mais de um quarto nos gastos da NOAA, para US$ 4,5 bilhões, além da eliminação de seu braço de pesquisa climática, entre outros cortes.Em outros lugares, porém, o investimento público em ciência está aumentando, com orçamentos recordes para pesquisa científica na China, no Reino Unido, no Japão e na União Europeia. A UE também abriu, no mês passado, seu sistema de monitoramento de dados meteorológicos em tempo real para acesso público.ONU alerta para aquecimento global enquanto nações se preparam para COP30