Fosse nas próprias plataformas de comércio eletrônico ou nas redes sociais de influenciadores, quem esteve online na última terça-feira (11) deve ter se deparado com uma chuva de cupons de descontos.O dia 11/11 tem mais significado por trás do que uma data de horas iguais ou um esquenta para a Black Friday. E a influência para o movimento do e-commerce na data veio da China.“O que acontece hoje na China antecipa o que será consumido amanhã no Brasil. Essa afirmação não é exagero, é uma leitura real do movimento global de consumo”, avalia Theo Santana, consultor em negócios internacionais, especialista em mercado chinês e fundador da Destino China.“A China, que há duas décadas era conhecida apenas como a ‘fábrica do mundo’, se transformou também em um laboratório de tendências, onde novos hábitos de compra, formatos de venda e até experiências de consumo digital acabam influenciando mercados de países emergentes como o Brasil. Um exemplo emblemático disso é o Dia dos Solteiros”, pontua.Inicialmente uma data simbólica entre jovens universitários, o 11/11 passou a contemplar também um festival de compras em 2009, por iniciativa do Grupo Alibaba, para consolidar a data como a Black Friday chinesa. Leia Mais Recuo é sinal para normalizar comércio com EUA, diz presidente da Abiec Mudança em vale-refeição deve reduzir preços nos mercados, diz Abras Renner: Buscamos reduzir em 55% as emissões até 2030 O resultado? A efeméride se tornou o maior evento de compras online do mundo, superando o volume de vendas da Black Friday e da Cyber Monday. Só em 2024, segundo dados da Alibaba, as transações ultrapassaram US$ 156 bilhões em 24 horas.As marcas chinesas de comércio eletrônico trouxeram o costume para o Brasil, e o gosto pegou.Em novembro de 2024, o presidente do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, comentou que a empresa olha para as companhias chinesas aberta a aprender. Ele relatou que entrou com esforços “agressivos” na data pela primeira vez naquele ano.Agora, em 2025, o Mercado Livre bateu um recorde histórico no 11/11, que se consolidou como o maior dia de vendas da história da empresa. O volume de acessos ao marketplace cresceu 56% em relação ao Dia dos Solteiros de 2024.No gramado vizinho, a Amazon atuou no dia com o que chamou de “chuva de cupons”, que reverteu em uma alta de 70% no tráfego da plataforma em relação ao dia anterior.Questionada se a data caiu no gosto do consumidor daqui, Julia Pestana, líder de Eventos e Homepage para a Amazon.com.br, é enfática ao dizer que “o cliente brasileiro não fica cansado, ele ama promoção”.A percepção positiva também é compartilhada por Briza Bueno, diretora do AliExpress no Brasil.“O 11/11 já se tornou independente da Black Friday. Na prática, o consumidor já passou a planejar suas compras para novembro, usando o 11/11 como o momento de acessar produtos com melhor custo-benefício seja em itens de tecnologia, moda, casa ou marcas locais. E isso consolida a data no calendário do varejo brasileiro, lado a lado com a Black Friday, mas com um perfil de ofertas e dinâmica muito próprios”, afirma a executiva em entrevista à CNN Brasil.Mercado Livre criará novos centros de distribuição, diz diretor de RI | Morning Call“Em 2025, o 11/11 foi a nossa maior campanha do ano no Brasil. […] Podemos afirmar que, desde 2009, o 11/11 registra crescimento consistente e segue como uma das principais prioridades globais do grupo. No Brasil essa evolução também se traduz em mais investimento em descontos e oportunidades de compra”, pontua.Um levantamento da Getnet adiantado com exclusividade à CNN Brasil mostra que o 11/11 contribuiu para um crescimento de 8,81% no valor total de faturamento das transações no e-commerce em relação ao mesmo período do ano anterior.Entre os segmentos de destaque, as Lojas de Departamentos consolidaram-se como líderes em valor de faturamento digital, com crescimento de 16,35%.“O 11/11 se tornou, de 2023 para cá, uma das principais datas duplas para a Shein em termos de volume de vendas. […] Acreditamos que o 11/11 continuará crescendo e entre de vez para o calendário de compras no Brasil, não sendo apenas um modismo – mas uma oportunidade real para os consumidores economizarem e, para nós, uma chance de ajudarmos na democratização da moda”, afirma à CNN Brasil Rodrigo Eimori, head de Marketing da Shein no Brasil.Para Jamile Poinho, head de Eficiência Comercial & Growth da AGR Consultores, a data já se consolidou como uma predecessora da Black Friday.“O 11/11 chegou com força porque o brasileiro adora promoção. As plataformas como Shopee, Shein, Alibaba e outras vieram com estratégias muito fortes de cupom de desconto e ações promocionais, e o consumidor brasileiro respondeu muito bem a isso”, avalia.“Essas iniciativas acabam pegando o ‘esquenta’ da Black Friday, o que é bom para o comércio, porque dilui um pouco a demanda concentrada daquele período. […] Então, essa antecipação, esse movimento de novembro, ajuda o setor a distribuir melhor as vendas e aproveitar o mesmo dinheiro que o consumidor já estava disposto a gastar.”E-commerce do Brasil tem potencial de crescimento, diz relatório