Durante muito tempo, atletas e técnicos confiavam apenas na observação: postura, sinais de fadiga, desempenho. Hoje, a ciência oferece uma lente mais precisa: enxergar o corpo por dentro. Essa lente tem nome: biomarcadores.Eles são pequenas pistas biológicas presentes no sangue, na saliva ou na urina que revelam o que acontece nos bastidores da performance. Alterações em marcadores como enzimas do músculo (CK), ureia, o hormônio do estresse (cortisol) e uma proteína da inflamação (PCR) podem indicar sobrecarga, inflamação, fadiga ou risco de lesão, antes mesmo de surgir a dor. É a prevenção acontecendo em tempo real. Leia mais Condromalácia patelar causa dor no joelho, não é grave e tem tratamento 5 tipos de agachamento para fortalecer as coxas e melhorar a corrida Joelho travado? Dor pode ser sinal precoce de artrose Pesquisas publicadas no Journal of Strength and Conditioning Research e na Sports Medicine mostram que monitorar esses indicadores permite ajustar treinos, controlar a recuperação e reduzir significativamente as lesões musculares. É uma virada de paradigma: em vez de reagir à dor, agimos antes que ela apareça.Força, flexibilidade e mobilidade: o tripé da prevençãoO segredo está no tripé da prevenção: quando falamos em saúde muscular, manter o equilíbrio entre força, flexibilidade e mobilidade é fundamental. Por isso, a avaliação física individualizada detecta assimetrias e padrões de movimento que geram sobrecarga e, com esses dados, é possível programar treinos com mais eficácia.O treinamento deve ser personalizado, adaptando volume, intensidade e descanso conforme a resposta biológica de cada corpo.Da elite ao amador: tecnologia que já chegou às quadras e ruasEm equipes de alto rendimento, esse acompanhamento já é rotina. Clubes europeus de futebol e seleções olímpicas monitoram semanalmente biomarcadores para ajustar o treino de cada atleta. Se um jogador apresenta elevação de CK ou queda nos níveis de testosterona, por exemplo, o treino é reduzido ou modificado para evitar lesões musculares, entre outras.Mas a boa notícia é que essa tecnologia já está chegando ao esporte amador. Hoje, clínicas especializadas e programas de reabilitação esportiva utilizam exames de laboratório combinados a softwares de análise para criar planos de treino mais seguros e eficientes.O futuro da prevenção já chegou e fala a linguagem dos dados.Com o apoio dos biomarcadores, o corpo deixa de ser um mistério e passa a ser um sistema inteligente, capaz de avisar quando precisa de pausa, recuperação ou ajuste. Ouvir esses sinais é mais do que ciência: é respeitar o próprio corpo, a própria natureza humana.*Artigo escrito pelo fisioterapeuta João Douglas Gil (CREFITO 3-13198), Head Nacional da Fisioterapia da Brazil HealthTestes genéticos podem ser úteis na preparação esportiva de atletas