Em sua 15ª edição a Black Friday já se consolidou como uma das datas mais importantes para o varejo brasileiro. Marcada para o próximo dia 28 de novembro, é no varejo digital, no entanto, que ela deve se destacar novamente, podendo bater um novo recorde, atingindo a marca de R$ 13,34 bilhões em vendas, 14,74% acima de 2024, segundo a Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom).Mas tamanha euforia vem acompanhada de um risco proporcional no lado do consumidor. Com o avanço das novas tecnologias, especialmente de inteligência artificial (IA), as fraudes também ficaram mais sofisticadas, indo de “deepfakes” de lojas e influenciadores a sites falsos e pressão algorítmica para compras por impulso, como alertam as empresas de cibersegurança.O resultado disso é que a Black Friday se firmou como motor de receita, mas também como pico anual de exposição cibernética do consumidor, além do endividamento. Por isso, o InfoMoney foi ouvir especialistas para saber o que os consumidores devem fazer para não cair em ciladas durante o período das promoções.Um levantamento do Reclame AQUI, por exemplo, mostrou que 63% dos consumidores não conseguem identificar golpes com IA e 20% admitem que já foram vítimas em edições anteriores. Isso indica que assim como a tecnologia para compra avançou a fraude também ficou mais esperta, exigindo que o consumidor também fique. “De um lado, temos a IA impulsionando experiências mais rápidas e personalizadas. De outro, a mesma tecnologia alimenta o golpe 3.0, com fraudes digitais sofisticadas que usam tecnologia para clonar sites, vozes e até criar empresas e influenciadores falsos”, disse o CEO do Reclame AQUI, Edu Neves.Leia Mais: Nem Air Fryer nem TV, a estrela da Black Friday em 2025 será Inteligência ArtificialDetector de Site ConfiávelPara ajudar os consumidores a navegarem com segurança durante o evento, o Reclame AQUI aposta em tecnologia a favor da confiança. O Detector de Site Confiável é uma ferramenta gratuita que ajuda os consumidores a construir confiança e seguir, ou não, com a compra.Basta o consumidor colar o link do site, suspeito ou desconhecido, na página do Detector e, em segundos, o sistema cruza informações técnicas e de reputação como por exemplo domínio, tempo de registro, país de origem e histórico da empresa no Reclame AQUI. Os critérios analisados darão insumos suficientes indicando se a loja ou site é seguro ou se merece desconfiança do consumidor.“É um check-up digital que qualquer pessoa pode fazer antes de digitar os dados do cartão. O Detector cruza sinais invisíveis para o usuário comum e entrega um diagnóstico rápido. Em uma era de golpes tão elaborados, essa verificação é essencial”, explica Neves.Especialistas em segurança apontam que a defesa do consumidor começa no básico, como fazer essa checagem de reputação e verificação do site antes de digitar dados. Em paralelo, os times de TI do varejo vêm reforçando a autenticação em múltiplos fatores, proteção de interfaces entre diferentes softwares (APIs), firewall em aplicações de web (WAF), monitoramento de bots e inteligência contra ameaças. Tudo isso para derrubar domínios fraudulentos e conter automações maliciosas em tempo real. Para o consumidor, o efeito prático é a redução da chance de dano caso seus dados.Não compre pela “metade do dobro”A compra por impulso ainda é o ponto cego das transações. E as redes sociais estão trabalhando ativamente neste quesito. “Mas o consumidor precisa estar atento e se perguntar se ele realmente precisa mesmo daquele produto. Se a resposta for “sim”, comece semanas antes a monitorar o histórico de preços do produto em mais de um varejista (físico e online) para fugir de descontos artificiais, comprando pela ‘metade do dobro’”, diz assessora chefe do Procon-SP, Carina Minc. Outra medida importante, segundo ela, é não clicar em links recebidos por mensagem, conferir erros de português e o domínio exato da loja. “Compare frete e prazo, porque um desconto alto, às vezes é anulado quando o envio encarece ou atrasa.”Carina reforça ainda que o consumidor precisa estar atento às garantias do pós-compra. Por isso, é importante guardar tudo (prints da oferta, do carrinho, do pagamento, e-mails e conversas), porque os maiores problemas acontecem depois da compra.No último ano, o Procon detectou maiores problemas na área de perfumaria e cosméticos. Mas também houve dificuldades com marketplaces, com atraso ou não entrega. “Nem todo problema é evitável, mas comunicação ativa do lojista preserva a confiança. E ao consumidor cabe cautela e planejamento.”Arrependimento garantido“Compre só em site confiável e desconfie de tudo que chega por WhatsApp e redes sociais”, reforça o advogado do Idec, Paulo Bezerra. Antes de fechar, ele recomenda a consulta à lista de sites não recomendados do Procon e plataformas de reputação. Se cair em golpe, Bezerra diz que é fundamental registrar boletim de ocorrência por estelionato e reclamar nos órgãos de defesa do consumidor. “Isso aciona investigação e amplia a chance de recuperação. Guarde todas as provas, como prints dos anúncios (inclusive se forem criados por IA), extratos de pagamento e protocolos de atendimento.”O advogado alerta ainda que se comprar online e se arrepender o Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante direito de arrependimento em até 7 dias, a partir do recebimento, sem ônus para o comprador. “Isso é um antídoto importante numa temporada em que as ofertas começam mais cedo e a pressão para decidir ‘agora’ é regra.”PagamentoSe a oferta parecer legítima, prefira cartão de crédito ou cartão virtual, indicam os especialistas. Isso porque o cartão tem mais instrumentos de contestação e estorno do que o Pix e o boleto, que podem até ser práticos e garantir mais desconto, mas menos reversíveis. “Se algo der errado, o tempo para acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED) no banco é curtíssimo”, disse Minc. Além disso, evite transferências a pessoas físicas em compras online e priorize plataformas com histórico positivo e políticas claras de entrega e reembolso.Checklist rápido (leia antes de comprar)Reputação: pesquise a loja, leia reclamações recentes e o índice de solução.Verificação de site: cheque o domínio (diferenças sutis entregam clones), use ferramentas como o detector de site confiável do Reclame AQUI.Preço real: compare e confira no carrinho se o desconto bate com a vitrine; não esqueça frete e prazo.Dados e login: cadastre-se com múltiplos fatores de autenticação (MFA) quando disponível; nada de links de SMS/DM, digite o endereço no navegador.Provas: salve prints da oferta, do checkout e do pagamento; guarde NF e código de rastreio.Plano B: saiba como acionar o SAC e onde reclamar se atrasar e lembre-se sempre que é direito do consumidor o arrependimento em 7 dias para compras online.Cabe no orçamento? Faça lista, evite estourar limite e pense nos boletos de janeiro (IPVA, IPTU, matrícula).Promoções no shoppingMas não é só nas lojas online que o consumidor precisa ter cuidado. Ele precisa estar atento também no varejo físico, segundo a advogada Flávia Ferrara, sócia do Arystóbulo Freitas, porque a digitalização também chegou ao varejo tradicional e mudou a forma como são feitas as promoções de fim de ano. “O velho cupom em urna no shopping agora deu lugar ao cadastro por app, mais prático e barato para os centros de compras, com sorteios de número da sorte vinculado à Loteria Federal. Mas abre espaço para fraudes, que exploram brechas no sistema e o consumidor precisa ficar atento”, disse a advogada.Por isso ela recomendaLer o regulamento (ele deve estar registrado no Ministério da Fazenda);Desconfiar de contatos que pedem dados ou PIX, checando se o número oficial consta do regulamento;Lembrar que, em sorteios, o nome do ganhador só sai após validação formal, conforme a LGPD.Maturidade digitalA Black Friday 2025 será um novo teste de maturidade digital, tanto para varejistas, na defesa contra golpes, como para consumidores, na capacidade de dizer não ao impulso. Pesquisar, verificar e planejar viraram mais do que boas práticas: são a blindagem necessária para transformar desconto em economia real, e não em dor de cabeça.The post Black Friday: saiba como comprar com segurança e fugir de golpes e endividamento appeared first on InfoMoney.