Argentina: Itaú BBA recomenda elevar exposição no país e cita ações atrativas

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A retomada do interesse por ativos argentinos volta ao radar de investidores internacionais em meio ao processo de ajustes econômicos do país. O movimento acontece depois de um período prolongado de retração nos fluxos de capital, consequência de desequilíbrios fiscais, inflação elevada e instabilidade política. Apesar das dificuldades ainda presentes, a avaliação de especialistas do Itaú BBA é que determinados papéis listados na Bolsa de Valores de Buenos Aires podem oferecer oportunidades de valorização, recomendando exposição a ações do país.No fim de julho, o Morgan Stanley também atualizou seu portfólio para a América Latina e aumentou a exposição à Argentina para overweight (acima da média do mercado), com foco no setor financeiro e a inclusão do banco Galicia. Na mesma linha do BBA, O Morgan diz que a reestruturação econômica e o avanço das reformas no país criam oportunidades de valorização, mesmo diante dos riscos macroeconômicos ainda presentes.É nesse contexto que um grupo de analistas do Itaú BBA recomenda aumentar a exposição ao mercado acionário argentino. O banco entende que a combinação de preços depreciados e expectativa de avanço gradual das reformas abre espaço para ganhos no médio prazo. Entre as companhias consideradas mais atraentes, a lista inclui Grupo Financiero Galicia, Vista, BYMA, Banco Macro, YPF e Loma Negra.Leia tambémIbovespa Ao Vivo: Bolsa cai mais de 1% com bancos e perde os 135 mil pontosBolsas dos EUA operam mistas à espera de discurso de PowellSegundo o relatório, a relação entre risco e retorno se mostra favorável mesmo diante de juros reais elevados, que devem restringir a atividade de curto prazo. O documento afirma que parte dessa recomendação parte da suposição de continuidade da disciplina fiscal após as eleições programadas para este ano.Os analistas lembram que as principais ações argentinas sofreram correções que variam de 23% a 45% desde os picos de janeiro, movimento que aumentou a diferença dos spreads soberanos, que representam a diferença de rendimento (prêmio de risco) entre os títulos de dívida emitidos por um país e os títulos considerados de menor risco no mercado internacional, e ampliou o espaço para recomposição de preços.A leitura é de que, em países como a Argentina, onde os ativos costumam reagir de forma intensa a mudanças de política, a falta de clareza tende a afastar investidores no curto prazo, mas momentos de maior incerteza costumam abrir espaço para fortes retornos no futuro.O banco vê como fator-chave as eleições na província de Buenos Aires, em setembro, e as nacionais, em outubro. Para o Itaú BBA, o resultado das urnas será decisiva para confirmar se a atual estratégia de política fiscal e monetária será mantida.Política de juros no centro da análiseO Tesouro argentino realizou emissões recordes de dívida em pesos, conhecidas como Letras de Capitalização (Lecap), equivalentes a cerca de US$ 33 bilhões entre julho e agosto, com taxa média de 3,45% ao mês, segundo dados copilados pelo BBA.Parte desse montante refinanciou dívidas mais curtas, chamadas Letras de Financiamento (Lefi), enquanto o restante injetou liquidez na economia e pressionou o peso argentino, que se desvalorizou mais de 11% no período. Para controlar a inflação, o Banco Central da República Argentina aumentou os depósitos compulsórios dos bancos, reforçando a política monetária restritiva.Segundo o Itaú BBA, essa combinação de liquidez escassa e juros elevados aumenta o custo de financiamento e limita a expansão das empresas no curto prazo, favorecendo a renda fixa. A expectativa, porém, é que a confiança dos investidores na condução fiscal após as eleições permita reabertura do mercado de crédito, menor demanda por dólares e queda nas taxas domésticas.Há, ainda, disputa entre Executivo e Legislativo em torno de um pacote social equivalente a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O governo vetou a proposta por falta de recursos, e a decisão agora depende do Congresso, que pode tentar derrubar o veto. Esse impasse, diz o banco, é visto como um teste para a disciplina fiscal do país e uma prévia do debate sobre o orçamento de 2026. Governadores de províncias relevantes, reunidos em um bloco chamado Grito Federal, defendem maior equilíbrio na distribuição de recursos e investimentos em infraestrutura, o que adiciona novas camadas à discussão.Do ponto de vista do investidor, a análise do BBA é de que os setores financeiro, de energia e de materiais de construção carregam maior potencial de valorização. O Grupo Financiero Galicia e o Banco Macro são citados pela expectativa de expansão da intermediação financeira em um contexto de estabilização.A Vista e a YPF, no setor de petróleo e gás, por outro lado, aparecem como beneficiárias diretas da política de incentivo à produção de energia. Já a Loma Negra, produtora de cimento, é considerada candidata a capturar ganhos em caso de retomada gradual da atividade da construção civil.The post Argentina: Itaú BBA recomenda elevar exposição no país e cita ações atrativas appeared first on InfoMoney.