JPMorgan: dólar fraco e China podem trazer capital estrangeiro de volta ao Brasil

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Os fluxos de capital estrangeiro para o Brasil devem se encaminhar para um movimento positivo nos próximos meses, depois de um período marcado por saídas relevantes. A afirmação é do JPMorgan em relatório enviado ao mercado na quinta-feira (14).Dados do banco mostram que, até 12 de agosto, houve retirada líquida de R$ 771 milhões no acumulado do mês, após resgates de R$ 6,4 bilhões em julho, mês em que os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. No acumulado do ano, há entrada de R$ 14 bilhões, excluindo operações relacionadas à Vale (VALE3), valor que ainda não compensa a saída de R$ 32 bilhões registrada ano passado, segundo os estrategistas.Para os analistas da instituição, a volatilidade dos fluxos estrangeiros tem sido influenciada principalmente pela guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Os fluxos estrangeiros para o Brasil têm ocorrido em grandes volumes: ou entra muito dinheiro ou sai muito dinheiro. E o fator que mais tem definido a direção dos fluxos tem sido, principalmente, as notícias sobre tarifas”, afirmou o relatório.O estudo aponta que, de forma intuitiva, cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) podem estimular novas entradas. Entretanto, o histórico mostra que, nos últimos anos, a política monetária americana não tem sido o principal determinante. Uma exceção ocorreu em 2024, quando o primeiro corte de juros do Fed levou a entradas de R$ 10 bilhões.Os especialistas do JPMorgan dizem que as tarifas também têm influenciado a cotação do dólar. Durante o ciclo de cortes de juros do Fed em 2024, a moeda americana chegou a se desvalorizar 1,5% nos dias anteriores a 24 de setembro, movimento que se estendeu por alguns dias e atraiu mais de R$ 10 bilhões para a bolsa brasileira, mesmo com o início do aperto da taxa Selic pelo Banco Central do Brasil. Depois disso, o dólar voltou a se fortalecer mais de 7%, alavancado também pela vitória eleitoral de Donald Trump, o que levou a saídas de recursos.Leia tambémBBAS3: lucro, dividendo e ROE menores, mas bem precificados? Ação vira e sobe após 2TAnalistas se dividem sobre impacto do 2º trimestre para projeções futuras dos ativosBanco do Brasil, Itaú, Santander, Bradesco: qual paga mais dividendo por ação no ano?Dois deles entregaram lucros de dois dígitos e animaram o mercado e outros dois frustraram expectativas; o que esperar dos proventos?Para este ano, a equipe de estratégia cambial do banco projeta que o dólar deverá seguir em queda, sustentado por juros menores, desaceleração econômica e aumento do déficit fiscal nos Estados Unidos. Um dólar mais fraco, aliado a uma recuperação das bolsas chinesas, é visto pelos analistas como positivo para a entrada de capital no Brasil.No plano interno, o relatório indica que o início do ciclo de cortes de juros no Brasil até o fim do ano tende a reforçar a atratividade do mercado local. O JPMorgan prevê redução de 425 pontos-base na Selic, bem acima dos cerca de 250 pontos-base estimados pelo mercado. Segundo o banco, historicamente as projeções de agentes financeiros subestimam o tamanho dos cortes no país.Fundos de investimento e multimercadosO levantamento também traz dados sobre os fluxos nos fundos de investimento brasileiros. Em julho, a indústria teve entrada líquida de R$ 17 bilhões, liderada por fundos de renda fixa, acumulando R$ 25,9 bilhões no ano. Fundos de ações registraram saídas pelo 13º mês consecutivo, com resgates de R$ 5 bilhões no mês e de R$ 53 bilhões no acumulado do ano. A participação de ações no total de ativos dos fundos está em 7,8%, avanço de 0,10 ponto percentual em relação a maio, mas distante da média histórica de 11,2%.Fundos multimercados também apresentaram saídas de R$ 1 bilhão em julho, embora em ritmo menor que nos meses anteriores. No ano, o saldo negativo é de R$ 76 bilhões. Já os fundos de renda fixa registraram entradas de R$ 102 bilhões no acumulado do ano, mantendo sequência de três meses de captação.Na B3 (B3SA3), a participação estrangeira permanece em 60% nos últimos 12 meses, segundo dados copilados pelo banco. Investidores institucionais representam 24,6% do volume negociado, abaixo do registrado um ano antes, enquanto pessoas físicas respondem por 14%.The post JPMorgan: dólar fraco e China podem trazer capital estrangeiro de volta ao Brasil appeared first on InfoMoney.