Os desafios e soluções para o financiamento habitacional no Brasil foi um dos temas abordados durante o “CNN Talks – Construindo o futuro”, realizado nesta sexta-feira (15), em São Paulo. Esse tema foi abordado por Rodrigo Luna, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis de São Paulo (Secovi-SP), que participou do painel “Investir para Transformar: Parcerias que redesenham o Urbano”.Segundo Luna, “é preciso ter muita atenção e cuidado com a caderneta de poupança, que é o instrumento que carregou a classe média nos últimos 60 anos”. Ele se refere ao anúncio feito em julho pelo Banco Central sobre o desenvolvimento de um novo modelo de financiamento imobiliário com recursos da aplicação mais utilizada pelos brasileiros.Esse novo modelo de crédito imobiliário elimina a obrigatoriedade atual sobre a poupança, liberando o uso mais flexível dos recursos, desde que um volume equivalente seja destinado a financiamentos. Seria uma mudança gradual, com previsão de resultados já em dois anos.O modelo prevê ainda reformular os contratos indexados ao IPCA para tornar o crédito mais previsível e acessível. Com isso, a tendência seria gerar crédito mais barato de tornar o mercado habitacional mais dinâmico, com a ampliação do acesso à casa própria.Luna também criticou a atual política monetária do Brasil, que, segundo ele, é muito austera. “Taxa de juros de 15% ao ano não cabe no bolsa das famílias”, afirmou. “Com a Selic nesse nível, precisamos ter muito cuidado com os papéis imobiliários que dão crédito à classe média”, diz Luna.Previsibilidade e transparência Para Luna, as regulamentações criadas pela prefeitura e pelo governo de São Paulo estão ajudando a trazer moradores para o centro paulistano e incentivando a iniciativa privada a desenvolver novos projetos. “É preciso agora dar atenção à sua evolução”, afirmou.O presidente Secovi-SP enfatizou a importância de dar continuidade ao aprimoramento da legislação, por maior segurança jurídica. “Um projeto imobiliário leva de 7 a 8 anos para ficar pronto; o mutuário, muitas vezes, compromete 20 a 30 anos em uma dívida para comprar uma casa”.A parceria entre os setores público e privado é imprescindível. Ele chama a atenção para o fato de que hoje, no estado de São Paulo, há mais de 100.000 unidades habitacionais em construção. Atribui esse desempenho ao fato de Estado, município e sociedade civil estarem trabalhando de mãos dadas. “Há um diálogo franco, aberto, uma troca absolutamente saudável”, afirma.