Rashid lança “Conversas Que Nunca Tivemos”; veja letra

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O cantor Rashid lançou a faixa “Conversas Que Nunca Tivemos”, single onde el transforma em música tudo o que ficou entalado na garganta do rapper com a partida de seu pai, no final do último ano. O single materializa todos os sentimentos conturbados que ficam entre a saudade e a frustração por tudo o que não foi dito.Ressoando como um reflexo universal das lacunas deixadas quando se perde alguém, na canção ele transforma a fragilidade em poesia potente e crua, rimando sobre rejeição, saudade, raiva e amor – sentimentos que coexistem no turbilhão do luto. “Cê tava inconsciente mas posso jurar, te vi se mexer quando cheguei no seu ouvido e disse ‘eu te perdoo’”, diz o músico em um dos versos.Letra de Conversas Que Nunca Tivemos – RashidAíEu tenho tanto pra botar pra foraO peito aperta, a alma chora e a vida na penhoraRecepção já altas horas, eu e uma senhora, uma demoraO doutor vem me entrega a bomba e vai embora quando tudo estouraAgora é história, você em coma e me perguntam se eu quero te verSó me lembro de responder: “eu vou”Cê tava inconsciente, mas posso jurar, te vi se mexerQuando cheguei no seu ouvido е disse: “eu te pеrdoo”Quando eu precisei cê não tava comigoPorra, só eu sei a falta que fez tá do seu ladoEm Minas, eu passei anos sonhando em morar contigoE quando chegou a vez, simplesmente fui rejeitadoNa época, eu senti raiva, confesso, muita raivaA mesma que expresso hoje enquanto você se vaiE o tempo que tudo sabe me mostrou que o que eu levavaNum era raiva, era só vontade de ter um paiEnquanto escrevo chove, enquanto chove eu choroEnquanto choro, xingo, depois que xingo, eu oroQuestiono Hórus e o Orum, sina densa que cansaDifícil aceitar que o que era presença agora é lembrançaEra natal e nós no hospitalTipo assistindo um filme sabendo o finalSem engolir o fim que seu papel levouComo eu vou explicar pro Cairo que o Papai Noel pode até vim, quem num vem é o vovôConversas que nunca tivemosE se eu disser que não tá doendo eu tô mentindoSerá que é muito tarde pra contar que me arrependo?E se eu disser que entendo a distância eu tô fingindoE digo mais, tudo que eu disser sem você pra ouvirÉ equivalente ao que eu não disse com você aquiPai, conversas que nunca tivemosOu pior, conversas que nunca teremosÉ louco que entre todos meus amigos fui dos poucos que teve com o paiAinda mais até os 30 e poucos e tem outros que ainda garotosSofreram com o oco de um escrotoQue se trombam hoje dão o troco em soco (Né não?)Eu sei que cê também tava longe do seuE há questões enraizadas demais no nosso euE há bastões que a gente passa pra frente involuntariamenteE quando nota é tarde, um inocente já sofreuÉ um labirinto, Teseu! A vida e seus nósLembro, cê me deu um livro que peguei pra ler anos após (faz tempo)Aí vem a surpresa num choque agudoNo livro tinha uma carta sua pedindo desculpa por tudoDe escudo, meu ego de escaravelho cabreiroFingindo ser graúdo, eu tomo conta do meu sombreiroMas miúdo, comprava o mesmo xampu do seu banheiroEntão quando eu lavava meu cabelo eu sentia o seu cheiroContudo, houve um deserto, autoestima de insetoDe certo, que alguém ouça numa caixa de mil wattsMeu lamento ao saber que se quiser sua voz por pertoAgora, é só através de um áudio antigo do whatsPai, eu demorei pra dizer que te amoJá adulto, tava engasgado e quando eu disse fácil num foiEspero que um dia aí do outro lado me perdoeE se puder passa num sonho meu qualquer pra dizer “oi”Conversas que nunca tivemosE se eu disser que não tá doendo eu tô mentindoSerá que é muito tarde pra contar que me arrependo?E se eu disser que entendo a distância eu tô fingindoE digo mais, tudo que eu disser sem você pra ouvirÉ equivalente ao que eu não disse com você aquiPai, conversas que nunca tivemosOu pior, conversas que nunca teremos