Mulheres palestina deslocadas enfrentaram intimidações e ataques ao tentarem receber ajuda de um centro de distribuição apoiado pelos EUA em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.Antes do incidente, a GHF (Fundação Humanitária de Gaza) declarou através do Facebook na quinta-feira (24) que lançaria um evento de distribuição de ajuda exclusivamente para mulheres.É a primeira iniciativa desse tipo desde o início do conflito entre Israel e o Hamas. No entanto, as palestinas no local foram atingidas por spray de pimenta, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral ao chegarem.“Eu só quero comida. Como posso tomar meus remédios sem comer? Isso é injusto. Não temos dinheiro para comprar nada porque não temos renda, não temos nem uma moeda”, disse Um Mohammed, uma palestina deslocada. Médicos de Gaza desmaiam de fome enquanto atendem feridos em hospitais Chefe da ONU pede ação em Gaza: "Palavras não alimentam crianças famintas" Milhares de pessoas protestam em Londres contra fome em Gaza “Cheguei aqui às 6h sem nem tomar café da manhã, na esperança de conseguir algo para meus filhos. Meu marido está preso há um ano e meio. Tenho sustentado sete pessoas e meus filhos sofrem de desnutrição“, relatou Abeer Dabboos, outra palestina deslocada.“Eu esperava conseguir pelo menos um quilo de lentilhas ou farinha. Estava extremamente lotado, e eles nos jogaram spray de pimenta. Isso é humilhação. É uma vergonha”, completou Dabboos.“Quando chegamos, eles jogaram gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra nós. Estávamos sufocados. Os organizadores nos empurraram para fora e nos mandaram embora. Eles interromperam a distribuição de ajuda e atiraram em nós. Tivemos que fugir”, afirmou a palestina Nada Al-Mujaida.Quase uma em cada três pessoas na Faixa de Gaza passa dias sem comer, afirmou o PMA (Programa Mundial de Alimentos) em um comunicado, acrescentando que “a desnutrição está aumentando, com 90.000 mulheres e crianças precisando urgentemente de tratamento”.Alertas internacionais sobre o agravamento da fome na Faixa de Gaza se multiplicam | LIVE CNNEntenda o conflito na Faixa de GazaIsrael realiza intensos ataques na Faixa de Gaza desde outubro de 2023, após o Hamas ter lançado um ataque terrorista contra o país.Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, o Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 58 mil palestinos foram mortos e mais de 138 mil ficaram feridos. Isso inclui mais de 7.200 mortos desde o fim do cessar-fogo em 18 de março deste ano.O Ministério não distingue entre civis e combatentes do Hamas em sua contagem, mas afirma que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Israel afirma que pelo menos 20 mil são combatentes.A ONU (Organização das Nações Unidas) informou em 11 de julho deste ano que 798 pessoas foram mortas tentando obter alimentos desde o final de maio, quando a GHF (Fundação Humanitária de Gaza), sediada nos EUA, começou a distribuir alimentos. Dessas mortes, 615 foram registradas perto de locais da GHF e 183 nas rotas de comboios de ajuda humanitária, principalmente da ONU.O Escritório Central de Estatísticas da Palestina disse em 10 de julho que a população de Gaza havia caído de 2.226.544 em 2023 para 2.129.724. Estima-se que cerca de 100 mil palestinos tenham deixado Gaza desde o início da guerra.Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, segundo fontes oficiais israelenses, quase 1.650 israelenses e estrangeiros foram mortos em decorrência do conflito.Isso inclui 1.200 mortos em 7 de outubro e 446 soldados mortos em Gaza ou ao longo da fronteira com Israel desde o início da operação terrestre em outubro de 2023. Destes, 37 soldados foram mortos e 197 feridos desde o recrudescimento das hostilidades em março. Estima-se que 50 israelenses e estrangeiros permaneçam reféns em Gaza, incluindo 28 reféns que foram declarados mortos e cujos corpos estão sendo retidos.Desde 18 de março deste ano, as Forças Armadas israelenses emitiram 54 ordens de deslocamento, abrangendo cerca de 81% da Faixa de Gaza.O PMA (Programa Mundial de Alimentos) da ONU afirmou que isso significou que mais de 700 mil pessoas foram forçadas a se deslocar durante esse período.Em 9 de julho, 86% da Faixa de Gaza estava dentro de zonas militarizadas israelenses ou sob ordens de deslocamento. Muitas pessoas buscaram refúgio em locais de deslocamento superlotados, abrigos improvisados, prédios e ruas danificados.