Em um momento em que a Selic está a 15% ao ano — o maior patamar das últimas duas décadas —, o IFIX, principal índice dos fundos imobiliários, registrou uma valorização de 10,35% no primeiro semestre, a maior alta desde 2019. Essa valorização, mesmo em meio a juros elevados, demonstra a resiliência do mercado, segundo especialistas. Quem se antecipa e monta posição antes do início do ciclo de queda dos juros tende a capturar os maiores retornos.“Estamos em um cenário clássico de estresse: juros altos, três frentes de discussão tributária e, ainda assim, o IFIX em alta. Isso mostra a força e a solidez dos FIIs”, afirma Marcos Baroni, head de Fundos Imobiliários da Suno Research, durante o painel “Qual o Futuro dos FIIs” na Expert XP 2025.Segundo ele, a valorização recente está ligada ao componente de rendimento, que impulsiona os resultados dos fundos, mesmo com o Tesouro IPCA oferecendo prêmios superiores a 7,5%.Leia tambémTarifaço de Trump sobre o Brasil “é absolutamente insano”, diz Al Gore na Expert XPEx-vice-presidente dos EUA classificou medida como irracional e disse que política comercial americana está nas mãos das petroleiras“Não poderia haver momento melhor para realizar a Expert XP 2025”, diz Thiago MaffraEvento reúne grandes nomes do mercado financeiro e especialistas para debater temas atuais em meio a cenário macroeconômico desafiadorO comportamento dos investidores em relação aos ciclos de juros também ajuda a explicar a valorização dos FIIs. Para Marx Gonçalves, head de fundos listados da XP, o mais relevante não é a taxa Selic atual, mas sim o movimento das taxas futuras. “No final do ano passado, tínhamos prefixados a 16%. Hoje, esse número já está na casa dos 14%. O fechamento da curva ajuda diretamente na precificação dos fundos”, explica.Segundo ele, os investidores que se antecipam aos cortes da Selic, entrando cerca de oito a doze meses antes do início do ciclo, tendem a colher ganhos expressivos.Leia Mais: XP revela os FIIs preferidos para o segundo semestre de 2025; veja as recomendaçõesRegulação e tributação em pautaAlém dos juros elevados, o mercado ainda lida com incertezas regulatórias e tributárias. Um dos pontos de atenção é a proposta de tributação de 5% sobre os rendimentos distribuídos por fundos imobiliários — tema que ainda não foi descartado, mas também não avançou.A proposta do governo federal é tributar os rendimentos distribuídos por Fundos Imobiliários (FIIs) e Fiagros a pessoas físicas a partir de 2026.Leia Mais: Nova tributação dos FIIs levanta debate sobre corrida por cotas isentas; entendaNo âmbito da reforma tributária, um veto relevante já foi superado, trazendo algum alívio. Em junho, o Congresso derrubou o veto sobre a tributação dos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagros), FIIs e fundos patrimoniais. Com essa decisão, esses fundos ficarão livres da incidência do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS).“Não há cenário mais desafiador. E, ainda assim, os fundos seguem entregando performance, com crescimento da base de cotistas”, pontua Baroni.Além disso, André Bacci, investidor que deixou de trabalhar aos 33 anos para viver da renda gerada pelos fundos imobiliários, destaca outro ponto importante: a responsabilidade dos cotistas de FIIs.A Lei nº 8.668 estabelece que a responsabilidade dos cotistas de fundos de investimento imobiliário (FII) é limitada ao valor das cotas subscritas, no que se refere aos seus investimentos. Neste ano, a Resolução CVM nº 175 introduziu a possibilidade de constituição de fundos com ou sem responsabilidade limitada.Complementarmente, o Ofício da CVM esclarece que, nos casos de patrimônio líquido negativo, os cotistas só poderão ser chamados a aportar recursos adicionais caso as obrigações contratuais ou legais não estejam diretamente vinculadas aos imóveis ou empreendimentos imobiliários que compõem a carteira do FII.The post IFIX em alta no cenário atual mostra força e solidez dos FIIs, dizem especialistas appeared first on InfoMoney.