CLDF pagou R$ 3,5 milhões para empresa alvo da PF por desvio de emenda

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A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pagou R$ 3,5 milhões para a Millennium Eventos, empresa alvo de operação da Polícia Federal (PF) que investiga suposto desvio de emendas parlamentares.A Millennium foi contratada pela CLDF para fazer o planejamento operacional, apoio logístico, organização, execução, montagem de infraestrutura, fornecimento de bens e mão de obra, mobiliário e layouts para estandes do evento Câmara Mais Perto de Você.Em 2023, a empresa recebeu R$ 1,8 milhão. No ano seguinte, a CLDF pagou R$ 1 milhão para a organização. Em 2025, até o momento, o repasse chegou a R$ 572,6 mil. O contrato com a CLDF tem validade de 12 meses, mas pode ser prorrogado por até cinco anos. Ou seja, deve durar até 2028.A Millennium Eventos foi alvo da Operação Korban, da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrada nessa terça-feira (29/7). O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino autorizou os mandados de busca e apreensão contra a Associação Moriá, dirigentes da entidade, empresas subcontratadas e sócios. Parlamentares do DF enviaram emendas que somam R$ 53 milhões para a ONG, em dois anos.10 imagensFechar modal.1 de 10Gustavo Henrique Fonseca de Deus, presidente da Associação Moriá, e Alejandro Parrilla, dono da MillenniumReprodução/Redes Sociais2 de 10Gustavo Henrique Fonseca de Deus, presidente da Associação MoriáReprodução3 de 10Operação Korban apura suposto desvio de dinheiro público proveniente de emendas parlamentaresHugo Barreto/Metrópoles (@hugobarretophoto)4 de 10Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU) investigam Associação MoriáHugo Barreto/Metrópoles (@hugobarretophoto)5 de 10Associação Moriá, alvo de operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da UniãoArte/Metrópoles6 de 10Emendas: associação diz ter atendido 3,5 milhões de pessoas em cidade com 398 mil moradoresReprodução7 de 10Trecho do atestado técnico da Associação MoriáReprodução8 de 10Com base na informação falsa, o Ministério do Esporte firmou o Termo de Fomento nº 727/2024 com a Associação MoriáReprodução9 de 10Associação Moriá disse que Secretaria de Educação iria ceder todos os espaços físicos necessários para projeto gamer, que custará R$ 37,9 milhões. Pasta negou qualquer parceriaReprodução10 de 10Sede da Associação Moriá vazia, em Brasília Leia também Grande Angular Saiba quais parlamentares enviaram emendas para associação alvo da PF Fabio Serapião CGU viu fraude de R$ 13,2 mi em associação que recebeu emendas no DF A Millennium, de propriedade do empresário Alejandro Parrilla, recebeu quase R$ 1 milhão da Moriá. Outra empresa vinculada a ele, a LG Promoções e Eventos, assinou contratos de R$ 4,2 milhões com a ONG. A LG é da ex-companheira de Alejandro Parrilla, Ludmila Cardoso Jardim Gomes. Além das duas empresas, Alejandro e Ludmilla foram alvos de busca e apreensão, bloqueio de bens, quebra de sigilo de dados bancários e telemáticos autorizados pelo ministro do STF.O endereço da Associação Moriá no Setor de Rádio e TV Norte, informado nos documentos oficiais, pertence a um familiar de Alejandro Parrilla. A informação consta na matrícula do imóvel. A reportagem apurou que a Associação Moriá funcionava, na verdade, em um outro local também ligado ao empresário.As atividades da ONG eram desenvolvidas no Centro de Eventos Millennium Convention Center, que fica na Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade) e tem Alejandro Parrilla como um dos sócios.InvestigaçãoAuditores apontaram possível direcionamento indevido de subcontratações, conluio entre empresas envolvidas nas terceirizações do projetos gamers e contratação de firmas de fachada.Parlamentares do DF destinaram R$ 46 milhões em emendas parlamentares para a Associação Moriá desenvolver projeto que ensina jovens a jogarem games como LoL e Free Fire. Desse total, R$ 8 milhões foram efetivamente pagos. Após reportagens do Metrópoles revelarem irregularidades na Associação Moriá, os deputados e senador anunciaram a suspensão do repasse.A entidade é chefiada por um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista – todos considerados “laranjas” – e não funciona no endereço registrado em documentos oficiais. Com base na reportagem, o ministro do STF Flávio Dino cobrou esclarecimentos da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Congresso Nacional.O outro ladoEm nota, a CLDF informou que o contrato com a Millennium Eventos é oriundo de licitação e destinado à prestação de serviços para organização de eventos institucionais.“Entre os diversos serviços prestados estão montagem de infraestrutura, apoio logístico, fornecimento de bens, tais como mobiliário, e mão de obra, todos destinados a eventos institucionais”, disse.A coluna tentou contato com Alejandro e Ludmilla, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.