Exceções do tamanho de um avião: Embraer se livra de tarifaço e defende tarifa zero

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) o decreto prevendo 50% de tarifa sobre a importação de todos produtos brasileiros… Com exceção a 694 itens. De longe, um setor teve o maior número de itens excluídos: são 565 artigos de aviação civil incluídos na lista. Quem mais se beneficia disso é a Embraer, é claro, mas a empresa ainda defende o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial.A produtora brasileira de aeronaves seria uma das principais afetadas pelo aumento no imposto, já que os Estados Unidos são destino da maior parte das vendas da companhia. Agora, as exportações da fabricante brasileira permanecem com uma tarifa de 10%.Leia também: Dólar hoje fecha com alta a R$ 5,58, após juros mantidos pelo Fed e sanções a MoraesLeia também: Trump pressiona Brasil com sanções e tarifaço, mas efeito imediato ainda é limitadoVeículos aéreos representaram 5,9% das exportações totais do Brasil para os Estados Unidos em 2024. Os americanos foram responsáveis por comprar 63,2% dos US$ 3,8 bilhões de aeronaves exportadas no último ano. Basta dizer que cerca de 60% das vendas da Embraer são destinadas aos Estados Unidos para entender como a empresa reflete o impacto na balança comercial.O documento assinado por Trump destaca quais exceções incluem apenas artigos de motores, peças e componentes de aeronaves civis. A lista com mais de 500 itens vai de tubos, canos e mangueiras de polímeros de etileno até turbinas e as aeronaves em si.Nas últimas semanas, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, esteve com autoridades do alto escalão do governo americano para argumentar sobre a aplicação de tarifas prometidas por Trump no início de julho. A empresa calculava que um aumento de 40% sobre as tarifas de 10% já anunciadas anteriormente por Trump significaria um custo adicional de US$ 9 milhões por aeronave exportada.Em comunicado, a empresa disse que a exclusão dos seus itens de exportação da lista “confirma o impacto positivo e a importância estratégica” das suas atividades para as economias de Brasil e EUA. “Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global”, disse a nota.A carteira de pedidos de jatos comerciais mais recente da Embraer anota 336 pedidos firmes, dos quais 181 vêm de operadoras dos EUA basicamente obrigadas a comprar aeronaves da linha E1 para rotas regionais curtas.Celulose, proteína animal, café e suco de laranjaOutro setor que se beneficiou parcialmente das exceções feitas pelo governo americano foi o de madeira e derivados, cuja participação dos Estados Unidos nas exportações do Brasil representou 43,2% em 2024. Foram excluídos da lista itens como a celulose de fibra curta à base de eucalipto, responsável pela maior proporção dessas exportações.Quem comemora é a Suzano, que viu 16,6% das receitas em 2024 chegando da América do Norte, quase tudo dos Estados Unidos, e produz exatamente a celulose de fibra curta à base de eucalipto. Estima-se que cerca de 80% desse produto consumido nos EUA tenha origem brasileira.Em nota, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) afirmou que “registra a decisão de incluir a celulose na lista de exceções do decreto tarifário norte-americano”, bem como a inclusão do ferro-gusa, produzido no Brasil em parte com carvão vegetal na substituição de insumos de origem fóssil.A associação, no entanto, diz se preocupar com os painéis de madeira e produtos de madeira serrada que entraram no rol de exportações tarifadas, além de papéis de embalagem e sacos industriais. “Indiretamente, nossa dinâmica indústria de embalagens de papel também é impactada pelas novas tarifas incidentes, por exemplo, sobre frutas e proteínas animais que são embalados por nossos papéis”.Carnes, frutas e café foram três insumos relevantes para as exportações brasileiras aos Estados Unidos que não escaparam ao tarifaço. A exceção foi o suco de laranja — seja a polpa congelada ou o suco concentrado. Especialistas avaliavam que o encarecimento das exportações brasileiras poderiam levar a uma inflação para o consumidor americano.“A julgar pelo que foi anunciado hoje, na margem foi superpositivo frente ao que tínhamos ontem”, disse o CEO da Empiricus, Felipe Miranda. “Só o que ficou de relevante mesmo foi café e carne. O resto foi tudo isento. Então foi muito melhor do que se esperava”, afirma.Segundo o decreto publicado pelo presidente americano, as novas tarifas sobre os produtos brasileiros fora da lista de exceções passa a valer em 7 dias a partir da sua publicação, na quarta-feira, 7 de agosto. Carregamentos embarcados em deslocamento antes dessa data podem desembarcar nos EUA até 5 de outubro sob a taxação anterior.The post Exceções do tamanho de um avião: Embraer se livra de tarifaço e defende tarifa zero appeared first on InfoMoney.