Mirelis rompe com “Faraó do Bitcoin” e o aponta como único líder da GAS Consultoria

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A GAS Consultoria tinha como rosto público Glaidson Acácio dos Santos, que se tornou tão célebre a ponto de ser apelidado de “Faraó do Bitcoin”. Nos bastidores, porém, quem entendia tecnicamente como gerir carteiras de criptomoedas era sua então esposa Mirelis Yoseline Dias Zerpa. Mas a dupla agora se desfez: o casal se separou e as estratégias de defesa caminham para um antagonismo em vez de cooperação na ação penal na qual são corréus.“Mirelis foi vítima de uma relação abusiva durante anos e está separada de fato do Senhor Glaidson há muito tempo, inclusive antes do início do processo penal. As relações afetivas entre ambos estão rompidas e não há qualquer vínculo pessoal entre eles atualmente”, informa Ciro Chagas, advogado de Mirelis, em entrevista ao Portal do Bitcoin. Desde que foi extraditada dos Estados Unidos para o Brasil, Mirelis está presa na cidade do Rio de Janeiro, no Complexo Penitenciário de Bangu. Ela é acusada pelo Ministério Público Federal de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro na operação da GAS Consultoria, que foi considerada uma pirâmide financeira pelas autoridades.Logo ao chegar ao Brasil, Mirelis teve uma audiência de custódia, procedimento no qual a pessoa presa é colocada diante de um juiz, que avalia a necessidade de manter ou não a prisão. A Justiça Federal do Rio de Janeiro decidiu por manter a prisão.Agora, os advogados da gestora técnica da GAS entraram com um pedido de Habeas Corpus na 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Alegam que a acusada tem todos os atributos para poder responder o processo em liberdade. Leia também: Esposa do Faraó do Bitcoin troca pirâmide financeira por artes, autoajuda e Inteligência Artificial“A Mirelis sempre esteve assistida por advogados desde o início da ação penal, jamais se furtou a comparecer a qualquer ato do processo e, em todas as ocasiões, demonstrou sua disposição em colaborar com a Justiça. Isso evidencia a plena possibilidade de que ela responda ao processo em liberdade, sem qualquer prejuízo à marcha processual”, afirma Chagas. Sobre a extradição de Mirelis, a defesa alega que foi um ato irregular, já que ela é cidadã da Venezuela e não tem cidadania brasileira ou visto de residência. “Mirelis não é cidadã brasileira e não possui visto de residência. Sua extradição ao Brasil foi arbitrária, uma vez que se trata de uma cidadã estrangeira, e o processo desrespeitou garantias fundamentais previstas em tratados internacionais e na própria legislação brasileira. A defesa está avaliando a responsabilização internacional do Estado brasileiro por essa condução irregular”.Rompimento total de Glaidson e MirelisA defesa de Mirelis irá apresentar à Justiça a tese de que ela não tinha autoridade de comando dentro da operação e que deveria ser considerada como mais uma funcionária sob às ordens de Glaidson, que seria o único responsável pelas decisões da empresa. “A própria narrativa da acusação e os elementos colhidos demonstram que a paciente atuava tecnicamente no suporte ao desenvolvimento das carteiras, sem exercer qualquer tipo de comando organizacional”, afirma Chagas.O advogado ainda aponta que em depoimento para a CPI das Pirâmides Financeiras, Glaidson afirmou ser o único responsável pelas decisões e pelo controle efetivo das operações da GAS.O ex-casal parece agora ter atingido um ponto de rompimento total. Em fevereiro do ano passado, Ciro Chagas, que já era advogado de Mirelis, chegou a assumir a defesa de Glaidson junto com André Hespanhol, indicando que ambos poderiam traçar uma estratégia de defesa em conjunto.Porém, agora Chagas afirma que defende apenas Mirelis e que as defesas dos corréus não tem mais nenhuma relação. Além da linha na qual argumenta que Mirelis não tinha nenhum poder de comando, Chagas também irá expor a tese de que não houve crime cometido, Ele afirma que Mirelis teria capacidade de gerar rendimentos aos clientes por meio de operações no mercado de criptomoedas.“A defesa tem sustentado que não houve prática criminosa no modelo originalmente proposto, e que a paciente, técnica e operacionalmente, possuía conhecimento suficiente para gerar rendimentos reais por meio de arbitragens e movimentações legítimas no mercado de criptoativos”, afirma.O advogado aponta que há uma “ausência de prejuízo imediato em massa” e que a complexidade do mercado cripto exige uma “análise técnica criteriosa, que ainda não foi enfrentada com o devido cuidado nas instâncias judiciais”.Controle das carteirasSobre os bilhões em criptomoedas que ficaram sob posse da GAS, a defesa afirma que Mirelis não tem controle sobre os endereços de blockchain que possuem qualquer valor expressivo da GAS Consultoria. “A defesa não reconhece que a paciente mantenha qualquer acesso atual a carteiras com valores expressivos relacionados à empresa”, afirma o advogado.Em agosto de 2022, Chagas disse que Mirelis sacou R$ 1 bilhão e que teria gastado esse montante supostamente para pagar clientes. “Ativos foram sacados para manter o pagamento dos clientes. Mirelis tinha esperança de que o caso fosse resolvido rápido. Embora pareça uma quantidade relevante, as operações da empresa eram bem maiores. Ela alega que utilizou e já esgotou o saldo. Parou de mexer nos ativos, mas não sabe dizer que ficou algum saldo”, afirmou Chagas.Entre agosto de 2021, prisão de Glaidson, e outubro de 2023, foram detectadas quatro movimentações nas cold wallets que guardavam os bilhões em Bitcoin da GAS Consultoria. Como ocorreram em um período no qual as lideranças da GAS estavam presas, as suspeitas recaíram sobre Mirelis, que tinha o acesso técnico das carteiras durante toda a operação.Chagas ressalta que Mirelis está presa desde o começo de 2024 e que nesse período não teve acesso a nenhum aparelho com acesso à internet. “Apesar disso, alguns veículos noticiaram movimentações de carteiras no último ano, o que é absolutamente incompatível com a realidade, já que a paciente estava sob guarda do sistema penitenciário norte-americano, sem qualquer acesso a dispositivos eletrônicos com acesso à internet”, afirma.O advogado informa que ainda não há uma data certa para o julgamento, mas acredita que é possível que a sentença de primeira instância seja concluída ainda neste ano. Como conheceu o “Faraó do Bitcoin”O encontro entre Mirelis e Glaidson foi por volta de 2012 na Venezuela, quando ele era um jovem pastor em início de carreira e ela uma fiel da Igreja Universal do Reino de Deus, conforme relatou em vídeo publicado em julho de 2022. Ela afirma que logo que começou a namorar Glaidson, outros pastores disseram para que não seguisse com a relação por racismo. Segundo Mirelis, foi o preconceito que fez o casal sair da igreja.“O pastor me disse: ‘Não pode ser, Glaidson não. Você não pode casar com ele’. Eu perguntei o porquê e ele respondeu: ‘Primeiro ele é brasileiro e você venezuelana. Segundo, você não está vendo a cor dele? Ele é mais escuro que você, ele é negro. Você tem que buscar uma pessoa mais clara’. Isso foi muito chocante para mim”.Mirelis afirmou que o episódio gerou marcas profundas e disse no vídeo que a derrocada da GAS foi urdida por ninguém menos que Edir Macedo, o dono da Universal e o pastor mais poderoso do Brasil. “Pode me dar prisão perpétua, mas eu vou falar. Quem está por trás disso tudo é a Igreja Universal, é Edir Macedo. Porque ele tem raiva de um ex-pastor que prospera”, disse.Mirelis ainda elaborou a acusação no vídeo: “Eles querem que os pastores sempre estejam dependendo deles. Quando dizem que querem que o povo prospere, isso é mentira. Para eles é melhor que pessoa esteja sempre necessitada e por isso vão à igreja. Se querem isso [a prosperidade do povo] porque pegam dinheiro? Como a pessoa vai prosperar?”, questiona.O Bitcoin mostra muita força no 2º trimestre e é destaque entre os ativos de risco. Será que uma próxima máxima história de preço vem aí? Agora é hora de agir estrategicamente. Abra sua conta no MB e prepare sua carteira!O post Mirelis rompe com “Faraó do Bitcoin” e o aponta como único líder da GAS Consultoria apareceu primeiro em Portal do Bitcoin.