Sean “Diddy” Combs solicitou ao juiz responsável por seu caso que o absolva ou conceda um novo julgamento — antes mesmo de ser sentenciado. Em um memorando de 62 páginas, apresentado na noite de quarta-feira (30), a defesa de Combs argumenta que ele foi injustamente visado pela Justiça federal dos Estados Unidos e que sua condenação foi “inconstitucional” e sem precedentes.Combs foi condenado por duas acusações de transporte para fins de prostituição no início deste mês, mas foi absolvido das acusações mais graves de conspiração para organização criminosa e tráfico sexual.Durante seu julgamento, promotores acusaram Combs de liderar uma organização criminosa formada por alguns de seus funcionários mais próximos, alegando que eles usavam ameaças, violência, trabalho forçado, suborno e outros crimes para forçar Casandra “Cassie” Ventura e outra mulher, “Jane”, a participar de atos sexuais sob efeito de drogas com acompanhantes masculinos chamados de “Freak Offs” ou “noites de hotel”. Seus advogados argumentaram que os atos sexuais eram consensuais e meramente preferências de um estilo de vida “swinger”, enquanto tentavam desacreditar as acusadoras do magnata do hip-hop, alegando que elas buscavam benefício financeiro de Combs. Ele se declarou inocente de todas as acusações. Trump considera dar perdão presidencial total para Diddy, diz site Defesa de Diddy tenta nova liberdade com fiança de US$ 50 milhões Em tribunal, Chris Brown se declara inocente de acusação de agressão O novo documento afirma que Combs é a única pessoa na América a ser condenada sob a Lei Mann em suas circunstâncias, com seus advogados argumentando que se ele tivesse sido acusado apenas das duas acusações de transporte para prostituição, seu julgamento teria sido completamente diferente, com menos evidências de violência apresentadas ao júri.“Esta condenação é única, mas não deveria existir”, escreveu Alexandra Shapiro, advogada de Combs, no memorando.“Desde que o governo prendeu Sean Combs em setembro passado, ele tem sido retratado como um monstro. Por meses, promotores o acusaram de comandar uma organização criminosa por 20 anos e de traficar múltiplas mulheres”, afirma o documento. “Mas seu julgamento de 2 meses mostrou que essas acusações não eram apoiadas por evidências credíveis, e o júri as rejeitou.”O documento continua: “O Sr. Combs agora está condenado apenas por duas acusações de prostituição sob a Lei Mann, que não exige prova de coerção, ameaças ou fraude. A promotoria disse ao júri que precisava condená-lo desde que o Sr. Combs tivesse organizado para que uma namorada de longa data ou um acompanhante masculino pago ou artista viajasse entre estados para se encontrarem e terem relações sexuais. E foi apenas por isso que o júri o condenou.”A defesa de Combs argumenta que é “indiscutível que ele não tinha motivo comercial e que todos os envolvidos eram adultos”, acrescentando que os “homens escolheram viajar e participar da atividade voluntariamente.”“Até onde sabemos, o Sr. Combs é a única pessoa já condenada por violar o estatuto por uma conduta semelhante a esta”, afirma o documento.Ambas as mulheres apontadas como vítimas pela promotoria — as ex-namoradas Ventura e a mulher que testemunhou sob o pseudônimo “Jane” – testemunharam que não queriam ter relações sexuais com outros homens, dizendo repetidamente ao júri que, embora participassem dos “Freak-Offs” sob efeito de drogas, os encontros sexuais eram facilitados por Combs e elas não sentiam que tinham escolha, já que ele controlava suas carreiras e finanças.Ventura testemunhou que tinha medo de dizer não aos pedidos de Combs para ter relações sexuais com outros homens porque ele era frequentemente violento com ela. O júri recebeu amplas evidências da violência de Combs contra Ventura, incluindo imagens de vigilância de hotel de 2016 de Ventura, que foram publicadas pela primeira vez pela CNN em maio de 2024.Apesar de seus testemunhos gráficos, o júri não condenou Combs por tráfico sexual de nenhuma das mulheres.“O veredicto confirma que as mulheres não eram vulneráveis ou exploradas ou traficadas ou sexualmente agredidas durante os freak-offs ou noites de hotel”, afirma o documento. “Não temos conhecimento de nenhum outro caso em que uma pessoa foi condenada sob” a Lei Mann, “mesmo que não tenha lucrado com a “prostituição”, não tenha feito sexo com as supostas prostitutas, e não tenha organizado o “transporte” com a intenção de cometer agressão sexual, tráfico sexual ou crime sexual envolvendo menor. De fato, sob a política de longa data do Departamento de Justiça, acusações da Lei Mann não são apresentadas em circunstâncias semelhantes.”“Sean Combs está na prisão com base em evidências de que ele pagou acompanhantes masculinos adultos e artistas que se envolveram em atividades sexuais consensuais com suas ex-namoradas, as quais ele filmou e depois assistiu com as namoradas”, afirma o documento posteriormente“Isso não é prostituição, e se for, sua condenação é inconstitucional.”A equipe de Combs argumenta que os vídeos “Freak-Off” – trechos dos quais foram vistos repetidamente pelo júri – não são prova de coerção ou prostituição, mas sim “pornografia amadora”.“Quando considerada em sua totalidade, a evidência apresentada pela promotoria deixa claro que a pornografia amadora do Sr. Combs, como muitos outros filmes adultos, era criativa, intrincada e altamente coreografada”, afirma o processo. “Os vídeos, consequentemente, têm conteúdo expressivo e são protegidos pela Primeira Emenda.”Durante o julgamento, ambas as mulheres testemunharam que Combs as ameaçava de divulgar os vídeos sexualmente explícitos que havia gravado delas, causando-lhes vergonha, constrangimento e medo.Outro pedido de solturaO pedido de Combs por um novo julgamento ou absolvição completa vem na mesma semana em que sua defesa apresentou outra moção implorando ao juiz para libertar o magnata do rap da prisão, desta vez com uma fiança de US$ 50 milhões (cerca de R$ 260 milhões) antes de sua sentença, citando argumentos similares da Lei Mann, além de alegar que ele não representa risco de fuga nem perigo para a comunidade. O juiz solicitou que os promotores respondam a esse processo até o final do dia de quinta-feira (31).Essa moção marcou a última tentativa de Combs de obter fiança, depois que o juiz já havia negado seus pedidos anteriores, citando seu padrão admitido de comportamento violento.Quando Combs solicitou ser libertado sob fiança após sua sentença, várias testemunhas — incluindo Ventura — escreveram cartas ao juiz, afirmando que temeriam por sua segurança se Combs não permanecesse na prisão.A sentença de Combs está atualmente marcada para 3 de outubro. Ele está detido no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn desde sua prisão em Manhattan em setembro de 2024.