Com Bolsonaro em casa, aliados testam força em protestos pelo País no domingo que têm Moraes na mira

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O bolsonarismo vai às ruas no próximo domingo, 3, em protesto contra o que chama de “censura” e em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desta vez, a mobilização será pulverizada, com atos simultâneos em capitais e cidades de todo o País.Bolsonaristas avaliam que o momento é oportuno para a manifestação por causa da aplicação da Lei Magnitsky a Alexandre de Moraes, o que, segundo eles, reforça a narrativa de que o ministro promove censura e perseguição política no Brasil.Bolsonaro ficará de fora das manifestações, pois está proibido de sair de casa aos finais de semana por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) — o magistrado, inclusive, deve ser o principal alvo das passeatas. O ministro foi alvo da Lei Magnitsky, aplicada por ordem do presidente americano Donald Trump, o que deve restrigir sua capacidade de movimentação financeira.Para compensar a ausência do ex-presidente nas ruas, familiares dele devem participar em diferentes cidades. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) estará em Belém, reforçando os atos na região Norte, enquanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) marcará presença no ato em Copacabana, no Rio de Janeiro.“A convocação é para todas as cidades. Pode ser uma caminhada, uma carreata, uma motociata, ir até a praça da cidade — o importante é sair às ruas de verde e amarelo. É esse o chamado que estamos fazendo para todas as cidades brasileiras, diferente das manifestações anteriores, que foram concentradas no Rio ou em São Paulo. Nosso foco é defender a liberdade, (protestar) contra os absurdos de Alexandre de Moraes, apoiado pela Suprema Corte de Censura”, diz o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores.Parlamentares do PL devem participar em massa em seus respectivos redutos eleitorais. O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), por exemplo, estará em Goiânia; o deputado Zucco (PL-RS) em Porto Alegre; o senador Magno Malta (PL-ES) reforçará os atos em Vitória (ES); e o senador Rogério Marinho (PL-RN) em Natal (RN).Por conta da dispersão dos atos, bolsonaristas esperam públicos menores em capitais como Rio e São Paulo. Eles ressaltam que o objetivo dos protestos é “marcar posição” contra a perseguição a Bolsonaro e os supostos excessos do Judiciário.“Eu não estou preocupado com número, não. Nós estamos preocupados em marcar posição, estar em tudo quanto é cidade”, afirma Malafaia.Os protestos deste domingo, sob o mote “Reaja Brasil”, ocorrem em meio ao avanço da investigação que apura se Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado. Há duas semanas, o ex-presidente foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal, acusado de tentar atrapalhar o julgamento do caso.O filho “03” do ex-presidente, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se autoexilou nos Estados Unidos para articular sanções do governo Donald Trump contra Moraes e outros ministros do Supremo. Eduardo reivindica crédito pela inclusão de Moraes na lista da Lei Magnitsky, publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), e afirma ter falado sobre o tarifaço com autoridades americanas.Segundo bolsonaristas ouvidos pelo Estadão, Moraes deve ser o principal alvo dos protestos, que terão como pauta o fim da censura e a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.“Eu lhe convido para estarmos juntos mostrando a nossa indignação com o que está acontecendo no Brasil. Basta de autoritarismo, de censura. Basta de arbitrariedades. Nós queremos justiça. E a justiça começa pela anistia”, disse Rogério Marinho, em vídeo publicado nas redes sociais.“A intenção desta nova manifestação é demonstrar apoio à pauta da anistia, bem como a insatisfação em relação à conduta dos três poderes em Brasília. Estão marcadas manifestações em várias grandes cidades do País, portanto o foco é expor justamente a capilaridade de tal insatisfação Brasil afora. Talvez haja menos concentração nos locais, mas certamente haverá mais gente no geral”, afirmou o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP), que atua na organização do ato em São Paulo.Na avaliação de líderes do centrão, porém, o projeto perdeu tração no Congresso, sobretudo após a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes, como mostrou a Coluna do Estadão.A Avenida Paulista deve ser uma das principais concentrações de manifestantes. Parlamentares de outros Estados confirmaram a presença no ato da capital, entre eles, os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Representantes locais também são esperados, entre eles o deputado federal pastor Marco Feliciano (PL-SP), o deputado estadual Lucas Bove (PL) e o vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo (PL). O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), ainda não confirmou sua participação, assim como o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ao Estadão, Malafaia disse que Tarcísio “deveria aparecer” na manifestação e que sua ausência “vai pegar mal”. A presença de outros governadores também é incerta.Em nota, a Polícia Militar de São Paulo disse que “houve uma solicitação para uma manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro para o dia 3, onde o planejamento ainda está sendo avaliado e ocorrerá de acordo com a intenção de comparecimento dos apoiadores do movimento”.