Agredida com pelo menos 60 socos no rosto, a namorada do estudante e ex-jogador de basquete Igor Cabral, definiu como um “atentado contra a vida” a violência que sofreu no último sábado (26) em Natal.Em entrevista à TV Record, a vítima afirmou que já havia sido alvo de outras agressões no relacionamento e disse esperar que Cabral “pague por tudo o que fez”.“Ele já havia me empurrado antes, já havia cometido muita violência psicológica, isso era muito constante”, diz a vítima, que teve a identidade preservada. Igor Cabral está preso preventivamente por tentativa de feminicídio.Alegando estar sofrendo com ameaças, a família do rapaz disse, em nota publicada nesta quarta-feira (30), que não se responsabiliza pelos crimes cometidos pelo ex-atleta. Leia Mais Mulher que levou 60 socos do namorado terá que fazer reconstrução facial Surto, ciúme e ameaça: entenda caso de mulher espancada com 60 socos Família de homem que espancou mulher com 60 socos se pronuncia; veja Em nota, a defesa de Cabral afirma que ele está à disposição das autoridades, mas não fez mais comentários sobre o caso. À polícia, ele alegou um “surto claustrofóbico”.“Em rede social, ele já chegou a me expor e a falar exatamente o contrário do que era. Ele me culpava pelas coisas que ele fazia e me tratava de maneira muito rude na frente de todo mundo, isso nunca foi um segredo. Mas eu não pensava que isso poderia ser um atentado contra a minha vida”, acrescentou a vítima.A mulher e Igor Cabral namoravam há cerca de dois anos e a relação tinha “idas e vindas”. No último sábado, 19, eles estavam em churrasco na área de lazer do prédio onde a vítima mora, no bairro Ponta Negra, zona sul de Natal. Por conta de uma mensagem que chegou no celular dela, Cabral ficou com ciúmes e acusou a namorada de infidelidade.“Ele ficou irritado com essa mensagem, disse que eu estava traindo ele. Jogou meu celular na piscina e depois saí de perto justamente para evitar um conflito maior”.Segundo a vítima, o estudante subiu até o apartamento da namorada para pegar seus pertences. Ela subiu atrás, em outro elevador.“Quando chegou lá em cima, eu me encontrei com ele. E eu percebi que ele estava muito agressivo. Ele saiu do elevador, foi para o que eu estava e disse para eu sair para abrir a porta para que ele pegasse as coisas dele. E eu disse que eu não ia sair porque eu vi que ele estava muito agressivo e que, se ele não se acalmasse, eu não ia sair porque eu estava temendo que ele fizesse alguma coisa”.Ao perceber que a namorada se negava a abrir a porta, Cabral partiu para cima dela e desferiu, pelo menos, 60 socos contra a vítima. A mulher ficou com o rosto ensanguentado e terá que fazer uma cirurgia de reparação da face por conta das lesões sofridas.Ela diz que permaneceu no elevador por uma questão de segurança, com a justificativa de que não há câmeras no corredor do prédio. E, segundo seu relato, o namorado a ameaçou de morte antes de cometer as agressões.“No corredor não tem câmera, aí eu não fui. E ele ficou insistindo para que eu saísse, mas eu não saí porque achei que pudesse acontecer alguma coisa mais violenta. Ele se irritou porque eu não saí, disse que eu ia morrer e começou a me bater”, afirmou.Após as agressões, Igor Cabral foi contido pelos moradores do prédio, que chamaram a Polícia Militar. Ele foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva depois de audiência de custódia. Ainda segundo a vítima, a juíza não suportou ver o vídeo do crime na íntegra.“A juíza que fez a audiência de custódia não conseguiu ver o vídeo todo que está sendo vinculado nas redes sociais. Ela não teve estômago para ver o vídeo todo. E deixou ele preso.”‘Espero que ele pague por tudo o que ele fez’Segundo a vítima, ela havia começado em um emprego novo há uma semana, mas por conta das agressões, sua vida está “parada”. Ela diz que o momento é de se recuperar, e afirma que pretende “seguir a vida bem longe” de Igor Cabral. “Eu espero que ele pague por tudo o que ele fez e que nenhuma mulher passe nas mãos dele e de nenhum outro homem por isso que eu passei”.Entenda o casoO caso do ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, preso preventivamente após agredir brutalmente a namorada Juliana Garcia dos Santos com mais de 60 socos em um elevador de condomínio em Natal (RN), tem gerado diversos desdobramentos após o crime.A agressão, registrada por câmeras de segurança no último sábado (26), levou Juliana a ser socorrida com ferimentos graves e um “enorme” edema facial, que inviabiliza uma cirurgia imediata, após a redução do inchaço.Em sua defesa inicial, Igor alegou ter sofrido uma “crise de claustrofobia” durante o incidente. Ele alegou que este surto ocorreu quando estava no elevador com Juliana, e ela lhe xingou e rasgou sua camisa.A agressão foi flagrada pelas câmeras de segurança do elevador. Nas imagens é possível ver que o agressor, Igor Eduardo Pereira Cabral, golpeou a namorada com os punhos, causando lesões visíveis.CiúmesA Polícia Civil do Rio Grande do Norte investiga o caso como tentativa de feminicídio. A delegada responsável pela investigação apontou o ciúme como motivação para a agressão, que ocorreu após uma discussão sobre mensagens no celular de Juliana.A vítima, temendo uma agressão em local sem câmeras no corredor, optou por permanecer no elevador, onde foi atacada. Além disso, foi revelado que Juliana já havia sido agredida anteriormente com empurrões e sofria violência psicológica grave, com Igor inclusive “incentivando-a a tomar essa atitude (suicídio)” em outras ocasiões.Em meio à recuperação, Juliana Garcia se manifestou publicamente nas redes sociais, expressando agradecimento pelo “apoio recebido” e confirmando a autenticidade de uma “vaquinha” online organizada por amigas para custear seu tratamento. Ela destacou a delicadeza do momento: “É um momento muito delicado e eu preciso focar na minha recuperação”.AmeaçasA família de Igor Cabral, por sua vez, divulgou uma nota pública afirmando estar “consternada com o ocorrido”. Eles reforçaram “que não possuem qualquer relação com o crime” e pediram para “não serem alvo de perseguições ou ameaças”, declarando serem “cidadãos comuns, trabalhadores, que foram igualmente surpreendidos com os fatos”.A defesa dos familiares também alegou que um endereço divulgado como sendo de Igor é, na verdade, um local de trabalho de parentes, o que tem causado “transtornos, ameaças e constrangimentos” a pessoas sem envolvimento com o ocorrido.