Bitcoin e Ethereum não estão prontos para computadores quânticos, diz pesquisador

Wait 5 sec.

A computação quântica pode, um dia, quebrar as bases criptográficas que protegem trilhões de dólares em ativos digitais — e, segundo um novo relatório da Mysten Labs, algumas blockchains estão menos preparadas do que outras para esse cenário.O relatório, divulgado na quarta-feira, argumenta que redes que utilizam o esquema de assinatura EdDSA — como a Solana, Sui e Near — estão estruturalmente mais bem posicionadas para resistir a ameaças quânticas.Já blockchains mais antigas como o Bitcoin e Ethereum, que dependem do sistema ECDSA, enfrentam obstáculos criptográficos e logísticos mais complexos para implementar defesas pós-quânticas.À medida que mais empresas e governos estabelecem tesourarias em Bitcoin, Kostas Chalkias, cofundador e criptógrafo-chefe da Mysten Labs, afirmou que cresce a pressão para atender aos padrões de segurança pós-quântica.“Os governos estão bem cientes dos riscos representados pela computação quântica. Órgãos do mundo todo já emitiram diretrizes determinando que algoritmos clássicos como ECDSA e RSA devem ser descontinuados até 2030 ou 2035”, disse Chalkias ao Decrypt.Leia também: Para proteger Bitcoin da “ameaça quântica”, proposta quer congelar moedas de Satoshi“Isso significa que, se sua blockchain oferece suporte a ativos soberanos, tesourarias nacionais em criptomoedas, ETFs ou CBDCs, será necessário adotar padrões criptográficos pós-quânticos — se sua comunidade se importa com credibilidade de longo prazo e adoção em massa”, acrescentou.O algoritmo de assinatura digital EdDSA (Edwards-curve Digital Signature Algorithm) é um esquema mais recente, rápido e fácil de implementar, que evita armadilhas comuns do ECDSA, como segurança comprometida por geração fraca de números aleatórios, reutilização de nonce e vazamentos por canais laterais.Tanto o Bitcoin quanto o Ethereum utilizam atualmente o ECDSA para garantir a segurança das transações e, eventualmente, precisarão migrar para algoritmos resistentes à computação quântica.De olho na ameaça quânticaChalkias alertou que a computação quântica representa uma ameaça existencial à criptografia e advertiu que, à medida que os computadores quânticos evoluírem, poderão quebrar os pressupostos criptográficos por trás da maioria das blockchains existentes.A ameaça vem da capacidade das máquinas quânticas de resolver problemas complexos utilizando o Algoritmo de Shor. Esse método pode fatorar rapidamente números grandes, tornando possível quebrar sistemas criptográficos amplamente utilizados, como RSA e ECDSA.Combinada ao algoritmo de Shor, essa capacidade poderia permitir que atacantes usassem computadores quânticos para reverter a engenharia de chaves privadas a partir de dados públicos da blockchain. Mesmo possuir a chave privada, segundo Chalkias, pode não ser suficiente em um mundo pós-quântico.“Mesmo que alguém ainda tenha sua chave privada de Bitcoin ou Ethereum, talvez não consiga gerar uma prova de propriedade segura pós-quântica. Isso depende de como essa chave foi originalmente gerada e de quanto de seus dados associados foi exposto ao longo do tempo”, explicou.Hora de se prepararEmbora os computadores quânticos ainda não sejam poderosos o suficiente para isso, o professor de ciência da computação da Universidade Estadual de San José, Ahmed Banafa, afirma que o momento de se preparar é agora.“Para adotar esse novo método, o Bitcoin precisará realizar um hard fork”, disse Banafa ao Decrypt. “Isso significa ter que mudar endereços de carteira, migrar fundos e lidar com todas as complicações que isso traz.”Banafa reconheceu que a probabilidade de esse hard fork acontecer é pequena, citando a disputa na comunidade do Ethereum sobre reverter ou não a blockchain após um hack que levou à criação da Ethereum Classic, em 2015.“É semelhante ao que aconteceu quando o Ethereum se dividiu entre Ethereum e Ethereum Classic”, disse ele. “Poderíamos ver uma divisão parecida no Bitcoin, com algumas pessoas insistindo em uma abordagem diferente e se recusando a seguir as atualizações propostas.”Outro ponto levantado por Banafa foi o número elevado de carteiras de Bitcoin e Ethereum que foram criadas desde o lançamento dessas blockchains.“O verdadeiro desafio será a implementação — se os usuários não atualizarem ou protegerem suas contas, poderão representar um risco à rede”, afirmou. “E se perderem fundos por causa disso, podem acabar culpando a rede.”De acordo com a Mysten Labs, se o Bitcoin tivesse utilizado EdDSA desde o início, até mesmo as carteiras pertencentes a Satoshi Nakamoto poderiam ser tornadas seguras contra ataques quânticos.Banafa observou, no entanto, que o fator retrospectivo pesa nesse debate. Em 2009, quando o Bitcoin foi lançado, a computação quântica não estava no radar.“Lá em 2019, as pessoas achavam que o SHA-256 era forte o suficiente — levaria anos para ser quebrado”, disse. “Ninguém esperava que a computação quântica se tornasse tão poderosa como está agora.”* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!O post Bitcoin e Ethereum não estão prontos para computadores quânticos, diz pesquisador apareceu primeiro em Portal do Bitcoin.