A agenda econômica do Brasil nesta sexta-feira (1º) começa com a divulgação da produção industrial referente a junho, às 9h, seguida pelo índice de gerentes de compras (PMI) da indústria de julho, às 10h. Esses indicadores oferecem dados importantes sobre o desempenho da atividade industrial e a percepção dos empresários do setor.No campo corporativo, investidores repercutem os resultados da mineradora Vale (VALE3), que lucrou 24% menos no segund trimestre e anunciou o pagamento de cerca de R$ 1,90 por ação em juros sobre capital próprio. Nos Estados Unidos, a atenção do mercado se voltará para o relatório de empregos de julho, previsto para às 9h30, com expectativa de um aumento de 110.000 vagas, enquanto a taxa de desemprego provavelmente subiu de 4,1% para 4,2%. Às 10h45, será divulgado o PMI industrial final do mês. Às 11h saem os gastos com construção de junho, o índice ISM (Institute for Supply Management) da indústria de julho e a confiança do consumidor do mesmo mês.Os investidores também avaliam o novo cenário comercial dos EUA após o presidente Trump impor, na quinta-feira, pesadas tarifas a dezenas de países, incluindo parceiros importantes como Taiwan e Índia. O decreto presidencial autorizou formalmente o aumento da alíquota sobre o Canadá para 35%, com vigência a partir desta sexta. A maioria das outras tarifas “recíprocas” varia entre 15% e 40%, embora a taxa base permaneça em 10%, e será implementada no prazo de sete dias.O que vai mexer com o mercado nesta sextaAgendaNa manhã desta sexta, das 10h às 11h, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reúne-se com André Roncaglia, diretor executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI). O encontro será fechado à imprensa e está em conformidade com as regras do período de silêncio do Copom.Às 10h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, no Palácio do Planalto, da cerimônia de entrega simultânea de unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. Às 15h, Lula se reúne com o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Marco Aurélio Marcola, e com o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete Pessoal, Oswaldo Malatesta.Brasil9h – Produção industrial (junho)10h – PMI de indústria (julho) EUA9h30 – Criação de vagas (julho)9h30 – Taxa de desemprego (julho)10h45 – PMI de indústria (final) (julho) –11h – Gastos com construção (junho)11h – ISM de indústria (julho)11h – Confiança do consumidor (julho) INTERNACIONALTarifas em vigorO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs a dezenas de parceiros comerciais tarifas elevadas antes do prazo final para acordos comerciais na sexta-feira, incluindo uma tarifa de 35% sobre muitos produtos do Canadá, 50% para o Brasil, 25% para a Índia, 20% para Taiwan e 39% para a Suíça.Trump divulgou um decreto listando taxas de importação mais altas, de 10% a 41%, a partir de sete dias, para 69 parceiros comerciais, à medida que se aproximava o prazo final de meia-noite. O decreto diz que os produtos de todos os outros países não listados em um anexo estariam sujeitos a uma tarifa de 10% dos EUA.Contra tarifasSenadores democratas dos EUA anunciaram na quinta-feira (31) que vão apresentar uma “legislação privilegiada” para forçar o Senado a votar contra as tarifas impostas por Donald Trump às importações brasileiras. A medida usará a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (Ieepa), invocada por Trump via ordem executiva. Segundo os senadores, a tarifa de 50% encarecerá produtos básicos nos EUA e prejudicará as economias dos dois países. Eles afirmam que a decisão pode aproximar o Brasil da China. A nota ainda sugere que as tarifas são retaliação às ações do Brasil contra Jair Bolsonaro.PressãoTrump enviou cartas a executivos de 17 grandes farmacêuticas pedindo ações imediatas para reduzir o preço de medicamentos prescritos. As empresas incluem Eli Lilly, Sanofi, Johnson & Johnson, Regeneron e AstraZeneca. Trump quer que os preços mais baixos praticados no exterior sejam estendidos ao Medicaid e que o excesso de lucro internacional seja revertido aos americanos. As cartas foram publicadas na Truth Social, e as companhias têm até 29 de setembro para responder. A Casa Branca prometeu usar todos os meios legais contra o que chamam de abusos de preços.AcordoOs Estados Unidos informaram ao Conselho de Segurança da ONU que o presidente Donald Trump quer um acordo para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia até 8 de agosto. Segundo o diplomata sênior John Kelley, Trump instou ambos os países a negociarem um cessar-fogo e uma paz duradoura. O governo norte-americano afirmou estar disposto a adotar medidas adicionais para garantir esse objetivo. A declaração foi feita na quinta-feira, durante reunião com os 15 membros do conselho.ECONOMIAPreocupadosA decisão dos EUA de aplicar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros preocupa 89% dos brasileiros, segundo o Datafolha. O receio é compartilhado por eleitores de Lula e Bolsonaro. Para 77%, a medida pode afetar também a situação financeira pessoal. A maioria defende que o governo negocie com os EUA para reverter a sobretaxa.Agências reguladorasO governo federal liberou R$ 20,7 bilhões do orçamento, aliviando cortes que afetavam o funcionamento de agências reguladoras. A Aneel teve R$ 30,7 milhões desbloqueados e a ANP, R$27,7 milhões. A ANM também recebeu reforço de R$ 22,8 milhões. As agências vinham reduzindo operações por falta de recursos, afetando fiscalização e serviços. Com o alívio, a ANP anunciou a retomada do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis em agosto.Investidores estrangeirosInvestidores estrangeiros movimentaram R$ 1,4 trilhão em ações no mercado à vista da B3 no primeiro semestre de 2025, equivalente a 62% do total negociado, segundo a Datawise+. Os papéis mais negociados foram Vale (VALE3), Petrobras PN (PETR4), Itaú (ITUB4), B3 (B3SA3) e Banco do Brasil (BBAS3). Também se destacaram Bradesco (BBDC4), Ambev (ABEV3), Petrobras ON (PETR3), JBS (JBSS3) e Weg (WEGE3). Os meses de maior fluxo foram fevereiro, abril e maio.POLÍTICAQueixaO governo brasileiro estuda acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço de Trump, paralelamente às negociações com os EUA. A avaliação é que, mesmo com a paralisia do Órgão de Apelação, a ação pode gerar pressão, já que os EUA têm interesses em jogo na entidade. Entre os argumentos do Brasil estão violações às regras de transparência, de nação mais favorecida e de tarifas máximas acordadas. A OMC é o órgão internacional responsável por mediar disputas comerciais entre seus membros e garantir o cumprimento das normas globais de comércio. Apesar da lentidão e inoperância da última instância, o governo Lula indica que seguirá com a queixa.JantarO presidente Lula convidou todos os ministros do STF para um jantar na quinta-feira (31), no Palácio da Alvorada, após sanções dos EUA contra Alexandre de Moraes. A iniciativa surgiu após reunião com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, para tratar da crise com o governo Trump. O convite deve reunir a maioria dos ministros, apesar de alguns estarem fora de Brasília. Uma das pautas é a possibilidade de contestar nos EUA a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes. A expectativa é que o encontro fortaleça a unidade do Judiciário brasileiro.Medidas cabíveisO presidente Lula afirmou a ministros do STF e do governo que as sanções dos EUA contra Alexandre de Moraes são um ataque à soberania do Brasil. Durante reunião no Palácio do Planalto, Lula determinou à Advocacia-Geral da União (AGU) que elabore pareceres sobre as medidas legais cabíveis. A AGU já iniciou estudos e deve apresentar um diagnóstico jurídico em nova audiência com o governo e a Corte. Lula ressaltou que o Brasil está aberto ao diálogo econômico, mas não aceita interferência no Judiciário. Espera-se manifestação oficial do STF na reabertura dos trabalhos.PersistenteO deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) anunciou que vai protocolar mais um pedido de impeachment contra Moraes após as sanções dos EUA via Lei Magnitsky. Nikolas acusa Moraes de ativismo judicial, violação de direitos humanos, censura e perseguição ideológica, especialmente contra Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo. O parlamentar critica o inquérito sobre a tentativa de golpe de 2022, chamando-o de parcial e abusivo. Este será o segundo pedido recente; Flávio Bolsonaro também enviou um ao Senado. Moraes já acumula 48 pedidos de impeachment, o maior número entre os ministros. Providências O ministro Alexandre de Moraes ordenou à Advocacia-Geral da União que tome as providências para extraditar a deputada Carla Zambelli, presa na Itália. Zambelli, com cidadania italiana, foi condenada a dez anos por invasão ao sistema do CNJ. Moraes solicitou acompanhamento do processo de extradição pela AGU. Ele já havia enviado documentos ao Ministério da Justiça para o pedido formal.Por precauçãoO senador Marcos do Val (Podemos-ES) protocolou no STF um habeas corpus preventivo para garantir salvo-conduto contra prisão ao retornar dos EUA. Ele está proibido de sair do país por decisão judicial, mas viajou para Orlando com a família. A defesa teme ordem de prisão sigilosa a ser cumprida na volta. Marcos do Val é investigado em dois inquéritos no STF e enfrenta restrições impostas por Alexandre de Moraes.(Com Estadão e Reuters)The post Emprego nos EUA, indústria no Brasil, reação ao balanço da Vale, tarifas e mais appeared first on InfoMoney.