Uma obra de releitura da bandeira do Brasil, do artista visual Matheus Ribs, foi retirada do Festival Sesc de Inverno no sábado (26/7), em Petrópolis, município do Rio de Janeiro. A arte estava instalada no Parque de Exposições de Itaipava.Segundo o artista, agentes da Guarda Municipal foram até o local do evento para retirar a obra, sob alegação de que ela “descaracterizava o patrimônio nacional”. O artista classificou o episódio como “censura”.“Um dia após a montagem, a obra foi removida do espaço expositivo e retirada dos materiais de divulgação sem o meu consentimento, mesmo eu estando hospedado nas proximidades do evento e disponível para qualquer diálogo. A decisão de retirá-la não foi fruto de debate artístico, técnico ou institucional: foi um ato de violência policial e de censura direta à liberdade de expressão, que evidencia o uso autoritário da força estatal contra a liberdade artística”, afirmou Matheus, em uma nota divulgada nas redes sociais. Leia também Brasil Líder do PL protesta após operação da PF contra Bolsonaro: “É censura” Brasil Casa da Morte, em Petrópolis, vai virar memorial da ditadura militar O Festival de Inverno tem como objetivo apresentar uma programação cultural ampla, com apresentações de dança, música, circo e também artes visuais. O evento conta com a parceria das prefeituras fluminenses e também de sindicatos.O Metrópoles procurou a Prefeitura de Petrópolis, responsável pela Guarda Municipal, e o Sesc do Rio de Janeiro sobre o caso, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.A obra é intitulada “KilomboAldeya” e, segundo o artista, ela é um convite para o público imaginar outros projetos de Brasil, destacando as origens indígenas e também afro-brasileiras.“Ainda que tentem removê-la do espaço físico, sua força permanece. Porque KilomboAldeya, como Zumbi dos Palmares, não é apenas uma presença material: é uma ideia. E ideias não se apagam. Elas se multiplicam, resistem e seguem criando brechas no apagamento”, pontuou Matheus.Petrópolis é uma das principais cidades históricas do Brasil, com a construção ligada ao imperador Dom Pedro I. O local era um refúgio para a família imperial, com ligação à busca de novas minas de ouro durante o Brasil Colônia.