Brasil sai do Mapa da Fome da ONU após três anos, diz FAO

Wait 5 sec.

O Brasil voltou a sair do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela FAO, agência da ONU para Alimentação e Agricultura. Com menos de 2,5% da população em situação de subnutrição entre 2022 e 2024, o país deixa oficialmente a categoria de insegurança alimentar grave.O anúncio foi feito durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares, em Adis Abeba, na Etiópia, e marca a segunda vez que o Brasil deixa a lista desde que ela começou a ser publicada. A primeira exclusão havia ocorrido em 2014. No entanto, após a deterioração dos indicadores entre 2018 e 2020, principalmente após a pandemia de Covid-19, o país voltou ao mapa, reflexo de aumento da pobreza e redução do acesso a alimentos básicos.Leia tambémLula pede que Trump reflita sobre importância do Brasil e negocie tarifasO presidente afirmou que não é correto “de forma abrupta e individual” anunciar tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, como fez Trump em carta destinada a LulaLula sanciona nesta 2ª programa que permite devolução de tributosIniciativa do governo tem foco na atuação das micro e pequenas empresas no mercado internacionalProdução em alta, acesso desigualApesar de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o Brasil enfrenta contradições no combate à fome. O relatório da ONU aponta que o problema não está na oferta de alimentos, mas no acesso — milhões de brasileiros continuam sem condições financeiras para comprar comida suficiente ou nutritiva.A queda do desemprego nos últimos anos não foi acompanhada de uma redução expressiva nos preços dos alimentos, que seguem elevados. Em muitos casos, a renda disponível das famílias não é suficiente para manter uma dieta saudável.Especialistas divergem sobre o papel do modelo agroexportador brasileiro nesse cenário. De um lado, há críticas de que a produção agrícola privilegia commodities voltadas à exportação, como soja e milho, em detrimento da oferta interna de alimentos básicos. Do outro, defensores do modelo afirmam que o agronegócio garante o abastecimento nacional e que o problema da fome está na desigualdade de renda, não na escassez de oferta.Desertos alimentaresA FAO também alerta para o impacto das mudanças climáticas na segurança alimentar global, com o Brasil entre os países mais vulneráveis a extremos climáticos que afetam safras e cadeias logísticas. Secas, enchentes e instabilidades de temperatura têm provocado perdas na produção e encarecido o transporte e a estocagem de alimentos.Além disso, o país ainda convive com os chamados “desertos alimentares” — regiões urbanas e rurais onde a população não tem acesso regular a alimentos frescos e nutritivos, vivendo à base de produtos ultraprocessados ou enfrentando escassez de qualquer tipo de mantimento.Avanço importante, mas insuficienteO novo relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025” mostra uma reversão de tendência, mas reforça que a segurança alimentar plena ainda está distante. A saída do Mapa da Fome é uma conquista estatística importante, mas não encerra os desafios estruturais para garantir alimentação digna a todos.The post Brasil sai do Mapa da Fome da ONU após três anos, diz FAO appeared first on InfoMoney.