O que os números da Heineken indicam para a Ambev (ABEV3) no 2T25?

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Os resultados da Heineken divulgados nesta segunda-feira (28) trazem pistas importantes sobre o desempenho da Ambev (ABEV3) no segundo trimestre (2T25), cujo o balanço está previsto para esta quinta-feira (31), antes da abertura dos mercados.A cervejaria holandesa registrou queda de volumes na casa de um dígito baixo no Brasil, indicando uma recuperação em relação ao 1T25, quando o recuo foi de um dígito médio. A empresa também destacou um ajuste pontual nos estoques do varejo, além de um ambiente de consumo mais fraco, o que ajudou a explicar a queda de receita líquida em ritmo superior ao dos volumes — reflexo de um trimestre com pouca tração em preços e efeitos de mix.Leia tambémSmall caps, dividendo, ESG: os ETFs que ganharam com folga do Ibovespa no 1º semestreEstudo mostra que os 10 principais ETFs tiveram ganhos superiores a 25% nos seis primeiros meses do anoHeineken lucra menos que o esperado no 1º semestre e volume de vendas decepcionaA receita líquida ajustada da Heineken cresceu 2,1% em termos orgânicos na mesma comparação, superando expectativas de aumento de 1,6%Para o Itaú BBA, essa leitura reforça a projeção de queda de 2,5% nos volumes da Ambev no 2T25, patamar considerado otimista dentro da faixa esperada pelo mercado, entre -2% e -4%. O banco avalia que os dados de produção do IBGE, que apontaram alta de 3,3% nas bebidas alcoólicas em abril e maio, possivelmente superestimam a dinâmica real de sell-in no setor, justamente por conta da redução de estoques citada pela Heineken.Além disso, analistas do Itaú BBA destacam que o ambiente competitivo no primeiro semestre foi marcado por uma defasagem nos reajustes de preços entre os principais players. A Ambev teria antecipado aumentos, o que pode ter afetado sua participação de mercado no trimestre. Saiba mais:Confira o calendário de resultados do 2º trimestre de 2025 da Bolsa brasileiraTemporada de balanços do 2T ganha destaque: veja ações e setores para ficar de olhoPor outro lado, a notícia de que a Heineken promoveu um reajuste de cerca de 6% em julho no Brasil é vista como positiva para a Ambev, pois deve contribuir para reequilibrar a dinâmica competitiva a partir do 3T25, justamente quando a fabricante busca compensar o avanço projetado de 5,5% a 8,5% nos custos de produção ao longo do ano.O BBA também chama atenção para o ramp-up da fábrica da Heineken em Passos (MG), que deve adicionar 5 milhões de hectolitros à capacidade da empresa nos próximos trimestres, um fator adicional de pressão num ano em que o consumo da indústria pode perder fôlego diante da inflação de alimentos. Nesse cenário, o desempenho de preços será o principal ponto de atenção no segundo semestre.O Itaú BBA mantém preço-alvo de R$ 15,00 para Ambev ao fim de 2025, o que representa um potencial de valorização de 11,1% frente à cotação atual de R$ 13,50.O Bradesco BBI, por sua vez, avaliou que o desempenho da Heineken no Brasil no segundo trimestre de 2025 veio um pouco mais fraco do que o esperado, especialmente em volumes. Ainda assim, a leitura geral para a Ambev continua negativa. A casa destaca que um dos principais desafios é isolar o desempenho do 2T25 daquele observado no primeiro semestre como um todo.Entre os destaques do relatório, o BBI observa que os volumes de venda de cerveja da Heineken voltaram a crescer no segundo trimestre, após ajustes de estoque no trimestre anterior. Segundo a administração da companhia, houve ganho significativo de volume e de participação de valor.No segmento mainstream, justamente onde a Ambev é mais forte, o crescimento da marca Amstel teria acelerado de um dígito no 1T para a casa dos 15% no 1S25. A equipe do BBI considera que parte disso pode estar relacionada a bases de comparação mais fáceis, mas também sugere que o principal avanço da Heineken no segundo trimestre veio nesse segmento.No segmento premium, a tendência de premiumização continua favorecendo a Heineken, mas o crescimento de volumes da marca principal (Heineken) foi razoável, indicando uma possível estagnação da sua vantagem competitiva nesse nicho.O BBI também chama atenção para a mudança de discurso da Heineken sobre o setor cervejeiro no Brasil. Após prever crescimento no primeiro trimestre, a companhia passou a descrever o setor como estagnado e desacelerando. Se esse movimento se confirmar e a Ambev estiver perdendo participação após reajustes de preços, o banco vê risco de os volumes da companhia ficarem abaixo da atual projeção de queda anual de 1,7% no 2T25. Para os analistas, esse cenário reforça as perspectivas desafiadoras para o segundo semestre.Sobre preços, o BBI apontou que o desempenho da Heineken foi fraco no primeiro semestre, com queda na receita orgânica devido à retração de volumes. A companhia anunciou um aumento de cerca de 6% nos preços a partir de julho, o que pode ajudar o cenário de precificação à frente, mas também sinaliza uma mudança de estratégia: a empresa estaria aguardando o repasse de preços da Ambev antes de reagir, enquanto busca ganhar participação no curto prazo.Outro ponto observado pelo BBI é o aumento da capacidade produtiva da Heineken, com previsão de início das operações da nova fábrica em Passos (MG) no terceiro trimestre. Embora o ramp-up deva ser gradual, esse fator contribui para limitar o espaço para novos aumentos de preço no setor.Diante desse conjunto de fatores, o Bradesco BBI mantém recomendação neutra para Ambev e preço-alvo de R$ 12, que negocia a 14,5 vezes o lucro estimado para 2025, com espaço aparentemente limitado para revisões positivas nas projeções.The post O que os números da Heineken indicam para a Ambev (ABEV3) no 2T25? appeared first on InfoMoney.