O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (29) que há sinais de disposição do governo dos Estados Unidos para negociar a sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida está prevista para entrar em vigor na próxima sexta-feira (1º), mas, segundo Haddad, o prazo não deve ser visto como definitivo. “O Brasil nunca abandonou a mesa de negociação. Acredito que esta semana haja algum sinal de interesse em conversar”, disse o ministro, durante evento sobre mobilidade verde no Palácio do Planalto. Segundo ele, empresários americanos relataram uma maior abertura ao diálogo por parte de autoridades do país.Haddad afirmou que o governo brasileiro já enviou duas cartas formais aos EUA desde maio e que aguarda uma resposta. Ele destacou os esforços do vice-presidente Geraldo Alckmin, que teve, na segunda-feira (28), a terceira e mais longa conversa com seu homólogo americano. “Estamos fazendo nossa parte para manter o canal aberto e o diálogo respeitoso.” Apesar da proximidade da data para o início da vigência da tarifa, ele evitou tratar o prazo como uma barreira rígida. “Não é uma data fatídica. Pode ser alterada por eles. Pode entrar em vigor e, ainda assim, rapidamente concluirmos uma negociação”, afirmou.O ministro também declarou que o governo prepara um plano de contingência para mitigar os efeitos da sobretaxa, caso ela seja de fato aplicada. As medidas consideradas incluem ações semelhantes às adotadas durante a pandemia, como proteção ao emprego e suporte a empresas. No entanto, Haddad destacou que a decisão final sobre o plano caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós não criamos esse evento externo, mas estamos preparados para proteger nossas empresas e trabalhadores, e, ao mesmo tempo, manter o Brasil permanentemente na mesa de negociação”, disse.Questionado sobre o tom da relação com os Estados Unidos, ele afirmou que o Brasil não adotará uma postura submissa, mas também não pretende endurecer o diálogo. “O Bolsonaro tinha um estilo muito subserviente. Isso não está à altura do Brasil. É preciso liturgia e respeito para que a conversa aconteça da maneira correta”, declarou.O tarifaço foi anunciado por Trump em uma carta enviada a Lula em 9 de julho, justificando a medida por razões políticas e comerciais. Posteriormente, o presidente americano disse que a sobretaxa seria aplicada a países com os quais o relacionamento “não tem sido bom”. Embora o Brasil não tenha sido citado diretamente, está entre os afetados. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp No domingo (27), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas entrarão em vigor “sem prorrogações”. Ainda assim, Haddad disse acreditar que o cenário pode mudar. “Está ficando mais claro para eles quais são os pontos de vista do Brasil em relação a alguns temas, que antes não eram de fácil compreensão.” O chefe da Fazenda também confirmou a possibilidade de uma conversa direta entre Lula e Trump, precedida por tratativas técnicas entre os dois governos. “É nosso papel, como ministros, azeitar os canais para que a conversa entre presidentes seja digna, respeitosa e represente os interesses dos dois povos”, concluiu. Leia também Acordo entre EUA e UE mostra que negociação com Brasil não é prioridade para Trump 'Espero que o presidente dos Estados Unidos reflita a importância do Brasil', diz Lula Publicada por Felipe Dantas*Reportagem produzida com auxílio de IA