O pior cenário para o Brasil em meio à disputa tarifária com os Estados Unidos é o de retaliação econômica ou uma escalada nas sanções. Essa é a avaliação do economista-chefe da XP, Caio Megale. Para ele, se o Brasil não reagir e os impostos forem implementados como o presidente Donald Trump anunciou, a tendência é que alguns setores da economia sofram, mas o prejuízo será maior para os consumidores americanos.Trump reiterou no último domingo (27) que não deve prorrogar o prazo para que as novas alíquotas de importação entrem em vigor nos EUA, em 1º de agosto. Aos produtos de origem brasileira foi imposta uma taxa de 50%. Ao programa InfoMoney Entrevista, Megale disse que há alguns cenários possíveis no conflito econômico envolvendo os dois países.“O primeiro cenário é aquele em que são implementadas as tarifas da maneira como Trump colocou, e o Brasil não reage de forma substancial no campo econômico. Significa não aumentar tarifas de importação, quebrar patentes”, disse. “Naturalmente, alguns setores da economia vão sofrer, como suco de laranja, café, aviões, alguns bens de capital. Este cenário prejudica mais quem coloca as tarifas do que quem as recebe.”Ele avalia que se o governo brasileiro não reagir, é provável que haja um impacto no Produto Interno Bruto (PIB), mas a inflação pode cair devido à produção que não poderá ser exportada e ficará no mercado interno.Leia também: Haddad diz que Alckmin teve conversa com Lutnick e Brasil prosperará em negociação com EUALeia também: A cinco dias do tarifaço, veja quais países já fecharam acordo com TrumpOs efeitos da disputa envolvendo a política e o comércio internacional, para Megale, são mais imediatos para a economia brasileira do que os temas internos. O maior alinhamento do país junto aos BRICS e à China mais particularmente, avalia, podem ter efeito do ponto de vista da reação dos Estados Unidos.“Olhando para dentro, o Brasil tem números relativamente bons: cresce em torno de 3% nos últimos quatro anos, terá uma desaceleração neste ano, mas ainda acima de 2%. A infração está começando a ceder por causa do câmbio e da política monetária bastante firme do Banco Central”, aponta.O problema fica do lado fiscal. Ainda que a arrecadação de impostos esteja crescendo — ele destaca um aumento de 5% acima da inflação no primeiro semestre de 2025 –, é necessário pensar em reformas para reduzir os gastos. “É como se nós tivéssemos uma família que nunca ganhou tanto dinheiro, salários altíssimos para o padrão histórico, e mesmo assim, estamos fechando a conta no vermelho.”A expectativa, no entanto, não é de que essas reformas aconteçam em breve, já que a tendência em anos eleitorais não assinala para esse tipo de proposta. “Agora, à medida que nós nos aproximamos das eleições e o debate apareça, acho que o mercado, a economia brasileira, a sociedade brasileira vai estar de olho na probabilidade dessas reformas. Isso vai ganhar mais força”, disse.The post Megale: Retaliação ou escalada de disputa tarifária são piores cenários para o Brasil appeared first on InfoMoney.