Yuval Vagdani, soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) alvo da Justiça brasileira em janeiro deste ano, afirmou que agência de inteligência israelense, Mossad, o ajudou a fugir do território brasileiro. A revelação aconteceu na última sexta-feira (25/7), durante entrevista ao portal israelense N12 News.Acusado de cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza, Vagdani se tornou alvo da Justiça brasileira em janeiro deste ano, após denúncia da Fundação Hind Rajab (HRF) revelada pelo Metrópoles. O militar, contudo, deixou o Brasil após ser informado pelo governo israelense.“Acordei de manhã com dois telefonemas não atendidos e uma ligação do Ministério das Relações Exteriores”, disse Vagdani à mídia israelense. “Coloquei no viva-voz e me disseram: ‘Escute, você tem que sair do Brasil o mais rápido possível, eles vão iniciar um processo judicial contra você. Você tem que deixar o Brasil nas próximas horas’. Antes de tudo eu disse: ‘Quem é você? Quem é você? O que é você? O que você quer de mim? Talvez você tenha ligado para o número errado’. Ele então respondeu: ‘Você tem que entender que, agora, eu sou um agente do Mossad falando com você'”.Durante a fuga, Vagdani chegou a ser entrevistado pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto de Salvador. Para à N12 News, o militar das FDI disse que enganou os agentes, dizendo que não falava ou entendia inglês, até ser liberado.Da Bahia, o soldado viajou para a Argentina, onde recebeu ajuda da embaixada israelense em Buenos Aires para retornar a Israel.Crimes de guerra em GazaApós identificar a presença de Vagdani no território brasileiro, a HRF acionou a Justiça local e pediu investigação contra o militar de Israel. Ele é acusado de participar da destruição de um bairro completo na região conhecida como corredor Netzarim, na Faixa de Gaza.Segundo a organização, que atua internacionalmente denunciando crimes cometidos contra palestinos, a ação teria acontecido fora de situação de combate e teve a “intenção deliberada de causar prejuízos indiscriminados à população civil”.Nos autos judiciais do caso, aos quais o Metrópoles teve acesso, a HRF anexou uma série de provas para sustentar a acusação. Elas foram recolhidas com base em um trabalho de investigação feita com inteligência de fontes abertas.Nas imagens, é possível ver Vagdani celebrando nas redes sociais as ações israelenses no enclave palestino, que já provocaram a morte de 45 mil pessoas na região. Em uma das publicações, o soldado israelense clamou que Israel continuasse “destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus alicerces”, em referência a Gaza.Além da investigação, a HRF queria que a Justiça expedisse mandado de prisão provisória do homem, por risco de fuga ou destruição de provas. No entanto, o pedido não foi deferido pela Justiça a tempo.