Dois dias sem notificações, tirar fotos ou assistir a vídeos nas redes sociais. Parece simples — até você tentar. Com o celular nas mãos, o brasileiro dorme, acorda, trabalha, come, namora e até resolve questões financeiras. A dependência é tanta que a simples ideia de desligá-lo por dois dias parece radical. Mas talvez seja justamente isso que precisamos: uma pausa, mesmo que breve, no uso da tela. E foi o que o TechTudo me propôs: passar um fim de semana sem o celular. A ideia era ficar totalmente off, sem aplicativos, mensagens, chamadas e internet. ➡️ Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews📲 5 celulares Android tão poderosos que deixam o iPhone 'no chinelo'Fazer um detox digital há tempos figura na minha lista de metas pessoais — mas, a cada tentativa, surgia uma nova desculpa para adiar. Com o experimento proposto pelo TechTudo, encarei finalmente o desafio de passar um período longe do celular. Ao longo desta matéria, compartilho como foi a preparação, o que senti durante o processo e se vale ou não a pena ficar 48 horas offline. Confira.Saiba-mais taboolaFiquei sem celular por um fim de semana — e isso foi o que aconteceuMariana Saguias/TechTudo📝 Celular parecido com iPhone: onde encontrar? Tire dúvidas no Fórum do TechTudoFiquei sem celular por um fim de semana — e isso foi o que aconteceuNo índice abaixo, veja tudo que vou abordar neste relato sobre meu detox digital de 48 horas. Uso do celular no BrasilOs benefícios do detox digital, segundo a ciênciaComo me preparei para ficar 48h desconectadoO que mais me incomodou — e o que me surpreendeuAfinal, vale a pena ficar 48 horas off?Uso do celular no BrasilA relação dos brasileiros com o celular se intensifica na mesma proporção em que a tecnologia avança — e cresce também a necessidade de estar presente online. Uma pesquisa realizada pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, apontou que há 272 milhões de smartphones ativos no país, o que equivale a 1,3 por habitante. Nesse mesmo levantamento, a FGV revelou que, para cada TV vendida no Brasil, são comercializados 2,2 celulares. Ou seja, o número de celulares é maior do que o número de habitantes. De igual modo, um estudo do Cetic.br — o TIC Domicílios 2024 — aponta que 60% dos brasileiros acessam a Internet exclusivamente pelo celular. Desse grupo, a maior parcela é composta por mulheres (66%). Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br, “quase todos (no Brasil) se conectam de seus domicílios a partir de um smartphone”.60% dos brasileiros acessam a Internet exclusivamente pelo celularMariana Saguias/TechTudoMas o que a população faz com um celular conectado à Internet? Segundo dados compilados pela plataforma de monitoramento AppMagic, em 2025, os brasileiros utilizaram o smartphone para realizar pesquisas no ChatGPT. Além disso, o uso das redes sociais também se faz presente, com Instagram e TikTok entre as mais acessadas.Outro dado interessante desse levantamento do AppMagic é que muitos brasileiros também usam o celular para fazer compras — sendo Temu e Mercado Livre os mais procurados — e para resolver questões burocráticas, por meio do aplicativo oficial do Governo Federal, o meu gov.br.Os benefícios do detox digital, segundo a ciênciaO uso excessivo de dispositivos digitais — em especial o celular — tem despertado preocupação entre especialistas em saúde mental. Para frear essa dependência, a ciência recomenda o detox digital: uma pausa planejada e consciente no uso de smartphones e de tudo que envolve o ambiente virtual. A prática visa a promover o bem-estar físico e emocional dos usuários.Segundo especialistas, permanecer desconectado por um período ajuda a reduzir os níveis de estresse e ansiedade, estimula a criatividade, melhora a qualidade do sono e fortalece os vínculos sociais. No entanto, esse detox deve ser feito com planejamento. Em entrevista ao TechTudo, a neuropsicóloga Joyce Botte explica:"Cortar o uso de forma radical pode causar sofrimento. O ideal é criar estratégias de uso consciente, com horários e finalidades específicas para cada atividade online".Diversos estudos científicos atestam a eficácia do detox digital. Um deles, conduzido pelas pesquisadoras nas áreas de saúde e tecnologia digital Paige Coyne e Sarah J. Woodruff, revelou que, com pelo menos 30 minutos de redução diária na exposição às telas e redes sociais, é possível melhorar a qualidade do sono, aumentar a satisfação com outras atividades e reduzir consideravelmente os níveis de ansiedade.Homem usando celular na cama; detox digital é recomendado pela ciênciacottonbro studioComo me preparei para ficar 48h desconectadoComo eu já havia planejado esse detox por conta própria, o experimento elaborado pelo TechTudo me ajudou a finalmente colocá-lo em prática. A preparação, em si, não foi difícil. Avisei com antecedência (no sábado) às pessoas próximas que ficaria off por dois dias. Sugeri que, caso precisassem entrar em contato, me ligassem normalmente — mas não pelo WhatsApp. Também desativei as notificações de todas as redes sociais para evitar estímulos.No aspecto financeiro, para não usar o Pix ou o pagamento por aproximação (NFC), resgatei cartões de crédito e débito que estavam há tempos esquecidos no fundo da carteira. Mesmo assim — e eu nem sei explicar o motivo —, saquei uma pequena quantia em espécie em um caixa eletrônico.O grande ponto dessa preparação foi estabelecer comigo mesmo uma estratégia para não burlar o detox. Como na segunda-feira eu voltaria a usar o notebook para trabalhar, seria fácil ceder à tentação e acessar as redes sociais pela web. Por isso, decidi estender o teste — mesmo que esse não fosse o foco principal — também ao computador. Além do detox do celular, aproveitei para ficar 48 horas off das redes sociais.Detox incluiu ficar longe das redes sociaisMariana Saguias/TechtudoO que mais me incomodou — e o que me surpreendeuAinda nas primeiras horas do teste, o tédio repentino foi difícil de enfrentar. O que fazer para substituir o celular? Como era domingo e não havia trabalho, preencher o tempo ocioso sem o smartphone em mãos foi um desafio. No dia seguinte, já na segunda-feira, a rotina me ajudou a esquecer um pouco mais do aparelho. No entanto, me senti bastante “primitivo” ao utilizar cartões no transporte público e no comércio. O que mais me incomodou nessas 48h foi não ter acesso às redes sociais. Embora eu não seja muito ativo nas postagens, gosto de acompanhar os assuntos que estão em alta, para além daqueles que recebem destaque em portais como o g1, por exemplo. Nesse contexto, além da sensação estranha de abstinência por não poder rolar o feed, senti também o FOMO (sigla em inglês para “medo de perder algo”).Por outro lado, esse tempo foi bom para a criatividade. Sem ocupar a mente com estímulos constantes, considero que trabalhei melhor. Além disso, aproveitei o dia de folga (domingo) para me dedicar a algo mais lúdico. Há muito tempo eu queria fazer algo “mão na massa”, como montar um quebra-cabeça ou rabiscar qualquer coisa achando que poderia virar um bom desenho. Longe do celular e desconectado, pude finalmente realizar essa vontade.Mas o melhor dessa experiência foi conseguir ter uma boa noite de sono. Sem ter com o que procrastinar, nem nada que despertasse minha curiosidade na madrugada, senti que dormi melhor. Porém, devo confessar que, principalmente na primeira noite, senti um certo vazio por não dar aquela última olhada no feed antes de pegar no sono.Sintomas de FOMO estiveram presentes durante o experimentoReprodução/iStockphotoAfinal, vale a pena ficar 48 horas off?Como primeira experiência, vale a pena ficar 48 horas off. Se o plano não é fazer um desapego total, definir um período de dois ou três dias sem o celular já surte efeito nesse curto espaço de tempo. Mas, se a ideia é um detox mais profundo, para reduzir a dependência do aparelho, vale estabelecer períodos maiores e ir aumentando gradativamente. Comece com dois dias, depois passe para uma semana, quinze dias, um mês — e assim por diante.Por mais que o celular seja fundamental no cotidiano, ser totalmente dependente dele é um risco. Portanto, se, assim como eu, você está buscando dar um tempo nesse vínculo, experimente ficar sem o aparelho por 48 horas. Para mim, valeu demais. Com informações de Cetic, FGV, ABINEE e TechTudo📽️ 24 horas com o Galaxy Z Flip 7: como é usar o dobrável da Samsung na vida real24 horas com o Galaxy Z Flip 7: como é usar o dobrável da Samsung na vida real