Como a crise entre Brasil e EUA levou à sanção Magnitsky contra Alexandre de Moraes

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O governo dos Estados Unidos aplicou nesta quarta-feira (30) sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky, dispositivo usado por Washington para punir estrangeiros acusados de graves violações de direitos humanos ou corrupção.A medida, anunciada pelo Departamento do Tesouro, ocorre no ponto mais alto de uma escalada de tensão política e comercial entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que também ameaça impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir desta sexta (1º), decisão que o presidente americano condicionou ao encerramento do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.Segundo o comunicado oficial, Moraes teria conduzido uma “campanha opressiva de censura” e autorizado “prisões arbitrárias” contra brasileiros e norte-americanos, incluindo Bolsonaro. “Alexandre de Moraes assumiu para si o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal”, afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent.A sanção inclui bloqueio de bens e ativos de Moraes nos EUA, além da proibição de que empresas e cidadãos norte-americanos realizem transações com ele. A decisão amplia medidas já adotadas em 18 de julho, quando Washington revogou o visto de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares.A escalada até a sançãoA ofensiva contra Moraes ganhou força após articulação de aliados de Bolsonaro nos EUA, especialmente do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que trabalhou junto a membros do governo Trump para tentar enquadrar o ministro na Lei Magnitsky. Segundo o jornal Washington Post, uma minuta com o plano circulou nas últimas semanas no Departamento do Tesouro.O próprio Trump já havia chamado o julgamento de Bolsonaro de “vergonha internacional” e classificado as investigações como “caça às bruxas”, repetindo o termo que usa para se referir a seus próprios processos nos EUA.Paralelamente, tramita na Câmara dos EUA um projeto apelidado de “Sem Censores em Nosso Território”, que restringe a entrada de estrangeiros acusados de censurar cidadãos americanos. Embora não cite Moraes diretamente, parlamentares republicanos afirmaram que a proposta foi motivada por decisões do STF contra plataformas digitais americanas no Brasil.Em resposta, Moraes declarou que o Brasil “deixou de ser colônia em 1822” e reafirmou a independência do Judiciário brasileiro.Conexão com o tarifaçoA sanção contra Moraes ocorre enquanto avança a disputa tarifária entre os dois países. Trump ameaçou sobretaxar produtos brasileiros em 50% e já impôs medidas iniciais que reduziram drasticamente exportações de carne bovina aos EUA, setor que pode perder até US$ 5,8 bilhões, segundo a CNA.Para o governo Lula, as medidas contra Moraes e o tarifaço fazem parte de uma pressão coordenada da Casa Branca para beneficiar Bolsonaro e desgastar o Judiciário brasileiro.The post Como a crise entre Brasil e EUA levou à sanção Magnitsky contra Alexandre de Moraes appeared first on InfoMoney.