Gestor da Kinea vê oportunidade em FIIs e aposta em retomada com corte de juros

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Mesmo com a taxa Selic em patamar elevado, o mercado de fundos imobiliários oferece boas oportunidades tanto em ativos de papéis quanto em tijolo, segundo avaliação de Carlos Martins, sócio e gestor da Kinea Investimentos.Em entrevista ao Money Times durante a Expert XP, o especialista destacou que a indústria segue sólida e que o atual cenário de juros pode ser bem aproveitado pelos investidores — especialmente aqueles atentos à qualidade e diversificação das carteiras.“Enquanto a Selic estiver alta, os fundos imobiliários de recebíveis vão continuar indo bem. Eles se beneficiam do CDI elevado e entregam bons dividendos, desde que tenham um portfólio de crédito saudável”, disse.Apesar disso, ele faz um alerta: é fundamental priorizar veículos robustos, com bom histórico e gestão experiente.“A minha recomendação é FIIs grandes, de casas e gestoras que tenham bastante diversificação nas carteiras. Além disso, é importante olhar o histórico.”Fundos de tijolo sofrem maisNo caso dos fundos de tijolo, o gestor da Kinea ressalta que o impacto dos juros altos é mais direto — e negativo. No entanto, a possível estabilidade ou mesmo o início de queda da Selic pode abrir caminho para uma recuperação do setor.“A expectativa é que a taxa básica agora fique de lado. O mercado já entrou num momento que acho que é interessante para o tijolo. Agora começa uma discussão de quando começam os cortes”, pontuou.LEIA MAIS: Super Quarta no radar – saiba o que esperar das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos e como investir a partir de agoraPara Carlos, em meio ao ambiente desafiador, os ativos reais têm mostrado desempenho positivo, com melhora na ocupação de lajes corporativas, shoppings e galpões.Um exemplo citado foi a locação integral de um prédio de 40 mil m² em São Paulo, ainda em construção pela própria Kinea. “Isso mostra que há demanda no mercado”.“À medida que a gente se aproxima desse momento de corte, os FIIs devem andar. Acho que é a oportunidade de comprar cotas baratas, que estão pagando um bom dividendo, isento de imposto, diversificado — e que podem se valorizar em um ano, um ano e meio, com a queda dos juros”, disse.Janela estratégica antes da possível tributaçãoAo comentar a proposta de taxação dos dividendos em 5% a partir de 2026, Martins reconheceu as incertezas, mas reforçou que a medida, se aprovada, deve atingir apenas novos produtos. Por isso, o gestor enxerga o momento atual como uma janela estratégica.“Até o fim do ano, o investidor ainda pode montar posição em produtos isentos, que devem continuar com esse benefício mesmo após eventuais mudanças na legislação.”O gestor também criticou a proposta de unificação da alíquota do imposto de renda sobre investimentos, em 17,5%, por entender que ela retira o incentivo ao investimento de longo prazo.“A gente precisa de poupança de longo prazo. Se você coloca tudo no mesmo lugar, com a mesma cobrança, tem pouco incentivo”, argumentou.Crescimento dos FIIs deve continuarPara além do cenário macroeconômico, Martins reforçou o potencial da indústria de fundos imobiliários no país. Segundo ele, mesmo com o susto provocado pelo momento adverso, o investidor brasileiro continua interessado na classe.“O brasileiro gosta de real estate. Só que, em vez de comprar um fundo, muitas vezes ele compra uma sala comercial ou um imóvel direto. O FII entrega o mesmo benefício com mais diversificação, liquidez e gestão profissional.”