Regulação de IA deve promover segurança e liberdade, diz head Latam da Dell

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Em todos os lugares do mundo, a Dell busca contribuir com os processos de regulamentação da inteligência artificial, afirmou o presidente da operação latino-americana da empresa, Luis Gonçalves, em entrevista à CNN.“Essa é uma preocupação também para garantirmos que tenha um marco regulatório que seja satisfatório para a indústria, para os clientes, para a sociedade, para todo o entorno, porque a gente também não quer estar exposto a situações onde você pode acabar associando uma determinada tecnologia, uma má reputação, por falta de regulamentação, por falta de aprendizado no uso”, ponderou em conversa na sexta-feira (25), durante o evento Expert XP.Porém, ressalta que a regulamentação deve trazer, além de segurança, liberdade para o desenvolvimento da tecnologia. Leia Mais: Meta contrata cocriador do ChatGPT para liderar seu novo laboratório de IA Modelos de IA têm viés ideológico? A resposta não é tão simples Quase 40% de crianças brasileiras usam IA em busca de companhia, diz estudo “Precisa ser uma regulamentação que tenha alguns graus de liberdade para permitir a experimentação, para permitir a evolução”, pontuou o executivo.“É uma preocupação legítima que precisa ser conduzida pela indústria, pela sociedade, pelos governos locais, estaduais e federais, para que realmente a gente tenha uma segurança jurídica de como operar.”A seguir, confira os principais pontos da entrevista exclusiva de Luis Gonçalves à CNN.Dell fala sobre IA, regulação e mercado brasileiroComo que a Dell tem visto essa oportunidade de trabalhar com IA no Brasil? A oportunidade está dada, ela vai crescer, ela vai passar por uma curva de aprendizado. Dizer que as empresas ainda estão fazendo errado seria uma certa presunção de sabermos qual que é o modelo certo estabelecido, ou seja, está todo mundo testando, na medida que cada um testa, uns tem êxito, outros não.O importante é realmente ter o apetite para se aventurar um pouco e conhecer a respeito disso, porque será inevitável saber o que é isso muito em breve, quanto mais tempo você demora a entrar nessa curva de aprendizado, talvez seja até tarde.Não é um conhecimento hoje absolutamente estabelecido e público, portanto estão todos aprendendo até a hora que se confirmar um conhecimento já padronizado, estandarizado com aprendizados que possam ser compartilhados entre as empresas para que elas possam adotar.Mas, se eu puder deixar uma recomendação, não deixe para depois, comece o quanto antes, não tenha medo de errar, fatore quais são os riscos e os prejuízos associados a esse fracasso inicial, mas tem que começar.Em quais processos poderia aplicar essa tecnologia da Dell?Quando nós nos propusemos a começar a adotar IA dentro da Dell, surgiram centenas de casos de uso.O filtro principal é o seguinte, quais são, daquelas oportunidades emergentes, as que causariam o maior impacto e trariam o maior resultado para a empresa? Foca nisso, porque provavelmente será uma das atividades em que tem magnitude o suficiente para transformar o seu negócio, ou transformar o seu custo, ou aumentar a sua receita, ou melhorar a experiência do cliente, agora tentar fazer tudo pode ter o risco de você acabar se dispersando e não chegar a resultado nenhum.Sobre o ambiente aqui do Brasil, a Dell tem acompanhado a discussão da regulamentação da IA?Em todos os lugares, porque essa é uma preocupação também para garantirmos que tenha um marco regulatório que seja satisfatório para a indústria, para os clientes, para a sociedade, para todo o entorno, porque a gente também não quer estar exposto a situações onde você pode acabar associando uma determinada tecnologia, uma má reputação, por falta de regulamentação, por falta de aprendizado no uso.Mas também precisa ser uma regulamentação que tenha alguns graus de liberdade para permitir a experimentação, para permitir a evolução.A gente vê com bons olhos que os governos estejam preocupados, estejam endereçando isso, para que também não cheguem atrasados e talvez já depois de alguma experiência ruim.É uma preocupação legítima que precisa ser conduzida pela indústria, pela sociedade, pelos governos locais, estaduais e federais, para que realmente a gente tenha uma segurança jurídica de como operar.Quais são as visões da Dell sobre a regulação?Precisa ser uma IA que seja, antes de tudo, eticamente adequada, que seja compatível com os parâmetros ou as necessidades de atenção ao ambiente do ponto de vista regulatório, mas também do ponto de vista de sustentabilidade e que isso realmente seja acessível e legítimo a todos. É um benefício que pode realmente levar uma nação a um outro patamar de desenvolvimento.As limitações ao setor podem se acomodar ao longo do tempo, então, ainda que possam ser consideradas adequadas ou excessivas no presente momento, ao longo do tempo elas vão se adequando e elas chegam no ponto certo.Então, não existe uma preocupação tão eminente contra a decisão boa ou má de amanhã, mas sim a crença de que na medida que a tecnologia ganha uso massivo, ela se acomoda melhor.A beleza da tecnologia é que hoje ela é acessível a todos, ao idoso, ao jovem, ao pobre, ao rico, às empresas, aos indivíduos. Hoje todos têm um Pix, que é uma coisa sensacional, é fenomenal, ou seja, o Banco Central conseguiu estabelecer uma coisa que é um fenômeno e um êxito hoje visto até no mundo, porque deu acessibilidade e a capacidade de fluxo do capital entre todos os níveis da sociedade de maneira muito mais ágil.Você falou do Pix, por curiosidade mesmo, a Dell desenvolve algum trabalho com tecnologia financeira?Sim, bastante. Hoje eu diria que muitos dos que estão aqui [na Expert XP] são clientes Dell e usam as nossas ferramentas, porque a Dell, entre outras coisas, se especializou muito no fornecimento de infraestrutura que provê não só a capacidade computacional, mas também as soluções e tecnologias que atendem esses mercados que são os mais demandantes.Quando pega o setor financeiro brasileiro, que é um dos mais desenvolvidos no mundo, você não pode parar. Você tem que ter uma capacidade de processamento muito alta, você precisa ter resiliência operacional e física também. Então são características que estão embutidas no DNA do que a gente desenvolve.Então, aqui nesse saguão, eu consigo identificar muitos clientes da Dell, que hoje se tornou um provedor capacitado a atender o setor financeiro público e privado.E olhando a América Latina também, o Brasil está mais avançado?O setor financeiro, sem dúvida nenhuma, dada a magnitude populacional do Brasil, e também pelas experiências que aqui no Brasil já existem, como o Pix e outras normas operacionais estabelecidas pelo Banco Central, fazem o sistema brasileiro hoje ser enxergado não só na América Latina, mas no mundo inteiro como um dos mais desenvolvidos.O quanto a IA evoluiu nos últimos anos?Essa é uma indústria que não tem tédio. Em 2020, falávamos da IA como uma tecnologia emergente, e no ano passado a companhia entregou US$ 10 bilhões em servidores capacitados pra IA.Hoje, a Dell é a companhia que mais embarca PCs AI enabled e é a líder do mundo hoje no embarque de PCs que já estão sendo comprados por empresas e consumidores com IA.Em 2020, nós nos aventurávamos a discutir um PC AI enabled, hoje já é uma certeza. É uma demanda que provavelmente se sobreporá às demandas regulares que temos hoje. Em 2, 3, 4 anos, só vai ter PC AI enabled.E olhando para o Brasil, qual a importância para a operação da Dell?Suma importância, não só por ser a maior economia, mas a maior população da América Latina e um dos países que é o mais desenvolvido tecnologicamente também.O Brasil realmente é uma âncora importante na nossa presença regional. Em Hortolâdia, temos uma fábrica que serve só o Brasil e é mais avançada, em sentido de infraestrutura, de Indústria 4.0, do que fábricas de países desenvolvidos.O Brasil também ainda tem muito para desenvolver, então a gente olha a região toda mas em especial o Brasil como uma enorme oportunidade para o crescimento.