Quem tinha a palavra final nos Beatles, segundo George Martin

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No início da carreira, a parte criativa dos Beatles funcionava em torno da dupla John Lennon e Paul McCartney. Com o tempo, George Harrison mostrou-se um compositor talentoso e tanto Lennon quanto McCartney passaram a trabalhar sozinhos — ainda que os créditos compartilhados entre os dois tenham sido mantidos.O produtor George Martin, tido por muitos como “o quinto Beatle”, conta que muitas vezes era necessário ouvir uma opinião específica na banda com intuito de validar alguma opinião ou contribuição. E não era a de nenhum dos integrantes citados.Em entrevista à Mojo (via Far Out Magazine), o produtor revelou que o grande responsável por encerrar conflitos e dar o direcionamento final a ser seguido era ninguém menos do que Ringo Starr, o baterista tantas vezes subestimado. George disse:“Ringo foi um catalisador, como a cola que os unia. Ringo sempre tinha uma opinião sobre alguma coisa, e sua palavra sempre era aceita.”Ringo Starr – Foto: Marshall Fallwell JrSegundo Martin, os outros três Beatles viam Ringo como uma força neutra nas decisões. Além disso, o baterista geralmente terminava de gravar suas partes antes de todo mundo e tinha algum tempo livre.Portanto, acabava assumindo o papel de uma espécie de crítico, assim como o próprio produtor, que continuou:“Se John estivesse fazendo algo sobre o qual ele não tinha certeza, ele dizia: ‘o que você acha disso, Ringo?’. E se Ringo dissesse ‘é uma porcaria’, então John abandonava aquilo sem pensar duas vezes. Ele (Ringo Starr) não tinha nada muito importante para fazer depois que sua bateria estava pronta, então virava meio que um crítico também.”Outros méritos de Ringo StarrPara além desse papel mediador, Ringo Starr oferecia outras contribuições aos Beatles. O músico tinha uma visão ampla da bateria: não se tratava apenas de tocá-la, mas de saber como fazê-la soar.George Martin comenta:“Ringo, além de ser um baterista incrível, costumava pensar nos sons que a bateria faz, costumava afinar a bateria e criar sons quase de tímpanos; sua bateria em ‘A Day in the Life’ é única.”O negligenciado George HarrisonEm outro momento da entrevista, o produtor reconhece que negligenciou George Harrison enquanto força criativa dos Beatles — algo também feito por John Lennon e Paul McCartney. Após reconhecer que a banda não daria certo na ausência de qualquer um dos quatro integrantes, Martin disse o seguinte sobre o guitarrista:“Obviamente, George e Ringo não foram os principais criadores, embora o pobre George — a quem negligenciei, confesso — tenha surgido como um talento de compositor realmente incrível. George era muito mais do que apenas o guitarrista; ele realmente contribuiu tremendamente para o pensamento por trás das músicas e para a influência da música, as coisas indianas que foram trazidas desde ‘Norwegian Wood’; esse era George.”George Harrison – Foto: reprodução / YouTubeA convivência dos BeatlesA relação entre os Fab Four foi deteriorando com o tempo. Se Ringo representava uma opinião isenta até determinado momento, durante a produção de “Let It Be” (1970) isso já não acontecia. Todo o processo de criação do disco foi gravado e deu origem a dois documentários, o mais recente lançado em 2021, com o título de “The Beatles: Get Back” e direção de Peter Jackson.Nos vídeos, é possível ver que Lennon e McCartney já não se entendiam, enquanto George Harrison e Ringo Starr também estavam incomodados. O baterista chegou a sair da banda, mas retornou poucos dias depois, com boa recepção por parte dos colegas, que deixaram flores em seu kit. O documentário também terminou por “inocentar” Yoko Ono, que esteve presente durante as atividades, mas fez muito pouco no sentido de causar intrigas e desentendimentos, acusação que sofreu por décadas.Quer receber novidades sobre música direto em seu WhatsApp? Clique aqui!Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.O post Quem tinha a palavra final nos Beatles, segundo George Martin apareceu primeiro em Igor Miranda.